sábado, 11 de setembro de 2010

Vale contrata a construção de 12 supergraneleiros


Cezar Scanssette
Editor de Portos

A Vale anunciou ontem a assinatura do contrato com The Export-Import Bank of China e o Bank of China Limited para o financiamento da construção de 12 navios Chinamax, também chamados de Valemax, de 400 mil toneladas de porte bruto (DWT, da sigla em inglês), no estaleiro chinês Rongsheng Shipbuilding and Heavy Industries.

As instituições financeiras fornecerão uma linha de crédito de até US$ 1,229 bilhão, o equivalente a 80% do montante necessário para a construção dos navios. A linha de crédito tem um prazo total para pagamento de 13 anos e a Vale receberá os recursos ao longo dos próximos três anos de acordo com o cronograma de construção dos navios.

Segundo a assessoria de imprensa da mineradora, esse contrato faz parte de um amplo pacote de financiamento para o programa de investimentos da Vale, envolvendo instituições financeiras oficiais de vários países. “Dessa forma, constitui-se em importante instrumento de apoio às nossas iniciativas de crescimento em condições adequadas, de baixo custo e longo prazo, para o financiamento dos nossos projetos, reforçando nossa capacidade de geração de valor ao acionista”, diz a nota.

O Chinamax tem 365 metros de comprimento por 66 de boca (largura), com calado de 23 metros (quilha) e capacidade de carga de 400 mil toneladas. A nova classe de embarcações supera o maior graneleiro do mundo atualmente, o Berge Stahl, que possui 343 metros de comprimento, 65 de largura e calado de 23 metros, capacidade de carga de 355 mil toneladas e peso bruto de 364.767 toneladas.

Ainda a despeito dos navios Chinamax, de acordo com informativo da Wärtsilä, companhia instalada no Brasil há 20 anos e que atua no ramo de energia e indústria naval, a empresa foi contratada para fornecer 12 motores principais e 16 auxiliares para os 12 navios da Vale em construção no estaleiro Rongsheng. O primeiro dos 12 navios tem entrega prevista para o início de 2011, sendo o restante previsto para ser entregue até o fim de 2012.

Confirmações – Há vários meses é noticiada a aquisição dos supergraneleiros pela Vale, embora a mineradora oficialmente tenha mantido discrição sobre o assunto até então. Uma das confirmações do negócio veio à público no dia 11 de agosto deste ano, pelo Centro de Simulação Aquaviária (CSA) do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), no Rio de Janeiro (RJ). A entidade está em processo de certificação (capacitação) do Porto de Tubarão (ES) e do Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM), em São Luís (MA), para receber os navios.

Segundo o informativo do Sindmar, o primeiro supergraneleiro deve chegar ao Brasil em março de 2011 e, de acordo com a versão eletrônica da revista Fator Brasil, serão 16 navios no total encomendados a estaleiros da Coréia do Sul e da China. Nesse último caso, são 12 cargueiros encomendados.
Em dezembro de 2009, a mineradora divulgou um plano de investimento na área de logística que incluía a aquisição de pelo menos 20 novos navios para implantar uma linha exclusiva de transporte para a Ásia, a um custo de US$ 1,7 bilhão, incluindo no pacote o lote de 12 Chinamax.

De acordo com prognósticos da mineradora, para o sistema logístico da região Norte, o investimento estimado é de R$ 9,8 bilhões, com o incremento da movimentação de cargas da ordem de 100 milhões de toneladas/ano no TPPM, que tem no minério de ferro o seu principal produto. Atualmente, a movimentação de cargas no terminal situa-se na faixa de 80 milhões de toneladas/ano.

A estratégia da mineradora é concentrar operações na Ásia para aumentar a sua competitividade, em especial, no mercado chinês, onde a Vale concorre com as mineradoras australianas BHP Billiton e Rio Tinto.

Estrutura – Voltando ao caso dos navios Chinamax, o calado de 23 metros implicará no aprofundamento do Porto de Tubarão para 25 metros. Para se ter idéia do que isso representa, cabe lembrar que o Porto de Santos, maior da América Latina, tem calado de 12 metros, devendo chegar a 17 apenas com as obras do Programa Nacional de Dragagens (PND), em execução.

Já Ponta da Madeira (São Luís) é um porto natural, com profundidade de 30 metros na maré alta e por isso não será necessária a dragagem. Outro detalhe sobre o porto é que a Vale está em processo de construção de um novo atracadouro, o Píer IV, de profundidade mínima de 25 metros (maré baixa) e capacidade para receber navios de 150 mil toneladas até a 400 mil.

Números

12 Navios novos foram encomendados pela Vale ao estaleiro chinês

1,2 Bilhão de dólares, no total, será investido na estratégia logística

Um comentário:

Robert in Port Townsend disse...

Greetings from Port Townsend.

Interesting article.

For further information on the Valemax, see my blog:
http://www.oil-electric.com/2010/12/from-whales-to-rails.html