A grandiosidade da festa de São Marçal chama, anualmente, a atenção de turistas e da imprensa nacional. Este ano, atraiu também o interesse da imprensa internacional.
O fotógrafo chinês Wang Weiguang, de Pequim, integrante da Associação Chinesa de Fotografia, mora no Brasil há aproximadamente 15 anos e teve conhecimento da festa de São Marçal por meio de amigos. Ontem, ele registrou os principais momentos do encontro, para enviar o material a revistas e jornais chineses. “Essa festa é muito bela, e é muito interessante mostrar isso para o mundo”, declarou o fotógrafo.
Não foi a primeira vez que a festa chamou a atenção de fotógrafos renomados. Em 2006, por exemplo, a fotógrafa paulista Roberta Lückmann fez registros do evento para uma exposição sobre folguedos, montada por ela e o carioca Walter Firmo. Também naquele ano, Walter fotografou a festa para um material didático de um dos cursos que ele realiza em todo o Brasil.
De forma amadora, o turista Ricardo Santiago, de São Paulo, também estava fazendo seus registros. Ele está em São Luís há aproximadamente uma semana para prestigiar os festejos juninos. “Estava até pensando em ir embora hoje (ontem), mas quando me contaram dessa festa resolvi ficar um pouco mais”, afirmou.
A Festa de São Marçal surgiu há 83 anos, da rivalidade entre os grupos de bumba-meu-boi que se encontravam no João Paulo para demonstrar sua força e disputar batalhas, que muitas vezes terminavam em mortes. O primeiro encontro de bois no João Paulo aconteceu dia 29 de junho de 1928 e na ocasião reuniu os bois do Sítio do Apicum e o do Lugar dos Índios, do povoado de São José dos Índios, em Ribamar. Contudo, em alguns relatos, o Boi da Maioba também é incluído na festa.
O encontro aconteceu no lugar onde hoje é a Praça Ivar Saldanha (mesmo espaço em que se monta o palanque do festejo). O local não foi escolhido aleatoriamente e sim por causa do preconceito que os grupos de bumba-meu-boi sofriam, até o início da década de 70.
Já nos anos 80, o encontro de bois de matraca para celebrar São Marçal ganhou novos contornos. Em 1985, a festança passou a ter o formato que tem atualmente.
A Festa de São Marçal reúne um grande número de grupos de bumba-meu-boi. Neste ano, foram envolvidos 200 homens da Polícia Militar, 50 da guarda municipal, 20 do Corpo de Bombeiros, 100 do Exército e 20 agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT). Dez mil porções de caldo de feijão e 50 mil sacos plásticos com água foram distribuídos pelo Exército Brasileiro.
Multidão exalta São Marçal no João Paulo
Wilson Lima
Da equipe de O Estado
Nem mesmo o forte calor no início da manhã de ontem e a chuva intermitente do início da tarde tiraram o brilho e a empolgação de milhares de pandeireiros, matraqueiros, caboclos de fita, rajados e de outros brincantes durante o desfile de bois em reverência a São Marçal. A festa chegou ontem em sua 83ª edição. Conforme dados da Polícia Militar, a projeção era de que pelo menos 200 mil pessoas passassem pela Avenida São Marçal, no João Paulo, para prestigiar a festa.
As primeiras brincadeiras folclóricas desfilaram ainda de madrugada. Cerca de 15 grupos de bumba-meu-boi de orquestra e da baixada passaram pela Avenida São Marçal para abrir a festa. Os bois de matraca começaram suas apresentações por volta das 6h. A organização do evento afirmou que pelo menos 40 bois de matraca estavam confirmados para desfilar na Avenida São Marçal até o fim do dia. Esse foi o ano com o maior número de apresentações, conforme o Grupo Ação Voluntária do João Paulo, responsável pela organização do evento. No ano passado, 32 grupos de matraca participaram do evento.
Até o final da manhã de ontem, 17 grupos de matraca haviam passado pela avenida, que foi enfeitada somente para a realização do festejo. Na lista dos bois que desfilaram pela manhã, estavam o Boi da Vila Palmeira, Boi da Maiobinha, Boi de Santana, Boi Estrela Dalva, Boi Vila Nova, Boi Brilho da Noite, Boi Mirim do Bairro de Fátima, Sonho de Criança, Boi São João dos Índios, Boi de Maracanã, Boi do Maiobão, Bumba boi do Barreto, Boi de Juçatuba, Boi do Miritiua, Uguaíba, Boi do João Paulo e Sítio do Apicum. Pindoba e Maioba desfilaram no João Paulo apenas no período da tarde.
Um dos momentos mais marcantes ocorridos durante a manhã foi a apresentação do Boi Sonho de Criança. Apesar de não ser considerada uma das principais brincadeiras do período junino, o boi chamou a atenção porque reuniu os netos de Humberto de Maracanã, Manoelito e de Coxinho, Adaílson, dois dos maiores cantadores de bumba-meu-boi de todos os tempos. “Eles representam a nova geração do bumba-meu-boi e mostram que essa festa nunca irá morrer”, declarou o padre Haroldo Cordeiro, monge beneditino conhecido como padre “boieiro”, que celebra missas ao ritmo do bumba-meu-boi.
Resistência - A festa também mostrou a resistência de homens, mulheres, crianças e idosos. Isso porque muitas das brincadeiras que estavam participando do São Marçal haviam se apresentando nos diversos arraiais de São Luís durante a madrugada.
A aposentada Maria de Sousa Araújo, de 75 anos, é uma das integrantes do Boi de Maracanã há 22 anos. Atualmente a ex-mutuca, que virou cabocla de fita, enfrenta no período junino aproximadamente 12 horas de apresentações. Ontem, ela não manifestava sinais de cansaço durante a celebração dos bois de matraca. “A gente acha forças de onde vier”, brincou a aposentada.
O estudante Jordílson Silva, de 12 anos, rajado do Boi Sonho de Criança, disse que o sacrifício era uma verdadeira prova de amor à cultura popular maranhense. “A gente até sente um pouco o cansaço, mas a felicidade de estar aqui supera isso tudo”, declarou.
A também estudante Mariana Santos, de 24 anos, do Boi de Maracanã, enfrentou pelo menos 14 horas de apresentações antes do desfile de bois no João Paulo. “Durante a madrugada, você ainda sente um pouco de cansaço, mas depois esquece e se contagia com a recepção do público”, finalizou.
Para a realização da festa, o trânsito na Avenida São Marçal foi bloqueado em dois pontos. Por causa disso, os motoristas foram obrigados a desviar a rota rumo ao João Paulo pela Rua 5 de Janeiro, na Jordoa, e pela Avenida dos Franceses.
Multidão exalta São Marçal no João Paulo
Wilson Lima
Da equipe de O Estado
Nem mesmo o forte calor no início da manhã de ontem e a chuva intermitente do início da tarde tiraram o brilho e a empolgação de milhares de pandeireiros, matraqueiros, caboclos de fita, rajados e de outros brincantes durante o desfile de bois em reverência a São Marçal. A festa chegou ontem em sua 83ª edição. Conforme dados da Polícia Militar, a projeção era de que pelo menos 200 mil pessoas passassem pela Avenida São Marçal, no João Paulo, para prestigiar a festa.
As primeiras brincadeiras folclóricas desfilaram ainda de madrugada. Cerca de 15 grupos de bumba-meu-boi de orquestra e da baixada passaram pela Avenida São Marçal para abrir a festa. Os bois de matraca começaram suas apresentações por volta das 6h. A organização do evento afirmou que pelo menos 40 bois de matraca estavam confirmados para desfilar na Avenida São Marçal até o fim do dia. Esse foi o ano com o maior número de apresentações, conforme o Grupo Ação Voluntária do João Paulo, responsável pela organização do evento. No ano passado, 32 grupos de matraca participaram do evento.
Até o final da manhã de ontem, 17 grupos de matraca haviam passado pela avenida, que foi enfeitada somente para a realização do festejo. Na lista dos bois que desfilaram pela manhã, estavam o Boi da Vila Palmeira, Boi da Maiobinha, Boi de Santana, Boi Estrela Dalva, Boi Vila Nova, Boi Brilho da Noite, Boi Mirim do Bairro de Fátima, Sonho de Criança, Boi São João dos Índios, Boi de Maracanã, Boi do Maiobão, Bumba boi do Barreto, Boi de Juçatuba, Boi do Miritiua, Uguaíba, Boi do João Paulo e Sítio do Apicum. Pindoba e Maioba desfilaram no João Paulo apenas no período da tarde.
Um dos momentos mais marcantes ocorridos durante a manhã foi a apresentação do Boi Sonho de Criança. Apesar de não ser considerada uma das principais brincadeiras do período junino, o boi chamou a atenção porque reuniu os netos de Humberto de Maracanã, Manoelito e de Coxinho, Adaílson, dois dos maiores cantadores de bumba-meu-boi de todos os tempos. “Eles representam a nova geração do bumba-meu-boi e mostram que essa festa nunca irá morrer”, declarou o padre Haroldo Cordeiro, monge beneditino conhecido como padre “boieiro”, que celebra missas ao ritmo do bumba-meu-boi.
Resistência - A festa também mostrou a resistência de homens, mulheres, crianças e idosos. Isso porque muitas das brincadeiras que estavam participando do São Marçal haviam se apresentando nos diversos arraiais de São Luís durante a madrugada.
A aposentada Maria de Sousa Araújo, de 75 anos, é uma das integrantes do Boi de Maracanã há 22 anos. Atualmente a ex-mutuca, que virou cabocla de fita, enfrenta no período junino aproximadamente 12 horas de apresentações. Ontem, ela não manifestava sinais de cansaço durante a celebração dos bois de matraca. “A gente acha forças de onde vier”, brincou a aposentada.
O estudante Jordílson Silva, de 12 anos, rajado do Boi Sonho de Criança, disse que o sacrifício era uma verdadeira prova de amor à cultura popular maranhense. “A gente até sente um pouco o cansaço, mas a felicidade de estar aqui supera isso tudo”, declarou.
A também estudante Mariana Santos, de 24 anos, do Boi de Maracanã, enfrentou pelo menos 14 horas de apresentações antes do desfile de bois no João Paulo. “Durante a madrugada, você ainda sente um pouco de cansaço, mas depois esquece e se contagia com a recepção do público”, finalizou.
Para a realização da festa, o trânsito na Avenida São Marçal foi bloqueado em dois pontos. Por causa disso, os motoristas foram obrigados a desviar a rota rumo ao João Paulo pela Rua 5 de Janeiro, na Jordoa, e pela Avenida dos Franceses.
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