"A perda de um escritor do porte de José Saramago abre um espaço na literatura de língua portuguesa. Autor de estilo difícil e provocador, trabalhava seus personagens sempre com características psicológicas.
Quando foi escolhido Nobel, achei que tinham preterido Jorge Amado, maior do que ele.Mas Saramago tornou-se um personagem mitológico, um centauro que dividia a literatura com a política, sempre em posições críticas sobre a sociedade atual.
Tínhamos uma convivência estreita e carinhosa. Mas ele me conquistou definitivamente quando visitou o Maranhão, em 1989, e deslumbrou-se com a arquitetura colonial portuguesa de São Luís. Ao olhar as ruínas de Alcântara, disse que aquele era o lugar ideal para se passar os últimos dias da vida. Tive a honra de ser escolhido para saudá-lo quando, em 1997, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.
Saramago morreu no ápice de sua produção literária. Prova disso é o seu último livro intitulado "Caim", onde repete a temática exuberante e uma jovialidade que enganava a idade cronológica. Deixa marca indelével."
José Sarney
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