José Sérgio Gabrielli
Rio - A Petrobras elevou ontem em quase 30% seus investimentos para o período de cinco anos até 2014, passando para US$ 224 bilhões. Este montante coloca a necessidade de capitalização da companhia na banda mais alta das previsões. O plano é US$ 50 bilhões maior do que o anterior, de US$ 174,4 bilhões (2009-2013), e ficou no teto da estimativa anterior da empresa, que previa investimentos de US$ 200 bilhões a US$ 220 bilhões para o período de 2010 a 2014.
A área de Abastecimento (Refino, Transporte e Comercialização - RTC) receberá investimentos de US$ 73,6 bilhões, ante US$ 43,4 bilhões no plano anterior, visando cumprir também os projetos de novas refinarias da companhia, entre elas a Premium I, a ser construída no município de Bacabeira, no Maranhão, e a Premium II, no Ceará, que foram todos mantidos.
O plano de investimentos da Petrobras até 2014 inclui quase 700 projetos, de acordo com o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli. "Temos desafios de se financiar, de se gerir esse conjunto gigantesco do projeto. São 686 projetos", afirmou, durante detalhamento do plano no Rio. "Vamos ter de fortalecer e garantir a cadeia de suprimento, além de treinar e manter pessoal de alta qualidade. É um plano desafiador, grande, mas acreditamos sermos capazes de implementá-los", acrescentou Gabrielli.
A estatal informou que foi mantida a estratégia de expandir a capacidade de refino como forma de buscar o equilíbrio com o crescimento da produção de petróleo da empresa, adequando o parque de refino para atender aos níveis de qualidade de produtos requeridos pelo mercado.
A empresa confirmou que, além da ampliação de unidades existentes, os recursos serão destinados à entrada em operação da Refinaria Abreu e Lima (PE); às obras da Refinaria Premium I, em Bacabeira (MA), e à primeira fase do Complexo Petroquímico do Rio de janeiro (Comperj), que ganhou mais uma refinaria com capacidade de produzir 165 mil barris de petróleo por dia (bpd) para produção principalmente de diesel.
"Com esses investimentos, a carga fresca processada no Brasil em 2014 será de 2,3 milhões bpd", informou a Petrobras em nota.
Mesmo com o crescimento do refino, a estatal prevê exportar quase 1 milhão de barris por dia de petróleo até 2014. A meta para a produção de petróleo em 2014 é de 3,9 milhões de barris de óleo equivalente por dia e em 2020, de 5,4 milhões de boe/d.
Para o período pós 2014, estão previstas a segunda etapa do Comperj, com capacidade de 165 mil bpd para a produção de produtos petroquímicos básicos, e as Refinarias Premium II que irão contribuir para o alcance da projeção de 3,2 milhões de carga fresca processada em 2020.
Capitalização - A Petrobras havia estimado que se o valor total do plano ficasse mais próximo de US$ 220 bilhões, a operação de capitalização da empresa buscaria o ponto mais alto do intervalo de US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões para o volume de recursos a ser buscado junto aos acionistas não controladores. O anúncio do plano ocorreu um dia antes de acionistas da companhia se reunirem em assembléia para aprovar um grande aumento de capital.
Como comparação, a área de Exploração e Produção passou de 59% dos recursos totais no plano anterior para 53% agora. Abastecimento, que inclui refino, subiu de 25% para 30% do total.
Mais de 80% dos recursos anunciados ontem serão destinados para as áreas de exploração e produção (54% do total), além de Refino, Transporte e Comercialização (30%). A maior parte do capital previsto (95%) deve ser aplicada no mercado doméstico.
O plano de negócios anterior (2009-2013) previa investimentos de US$ 186,6 bilhões. Houve um acréscimo de US$ 31 bilhões no segmento de novos projetos (com foco no segmento de exploração e produção), além de ajustes em função de reajustes de custos e de alteração na participação societária.
Refinaria Premium I é estratégica
Com as definições do novo plano de negócios da Petrobras para o período 2010-2014, foi confirmado o projeto da Refinaria Premium I, a maior e mais moderna da América Latina, que será construída numa área de 20 km² no município de Bacabeira, a 66 quilômetros de São Luís. A refinaria refinará tanto o óleo pesado extraído da Bacia de Campos quanto o petróleo leve a ser produzido no pré-sal.
A refinaria Premium I deverá processar 50% de óleo do pré-sal e 50% de óleo pesado. Em termos de capacidade, o desenho da refinaria do Maranhão continua o mesmo: a unidade será projetada para refinar 600 mil barris de petróleo por dia. Esse volume é quase o dobro da refinaria de Paulínia (Replan, em São Paulo), hoje a maior unidade de refino da Petrobras em operação, com capacidade de processar 390 mil barris por dia.
A implantação da refinaria do Maranhão se dará em duas fases, cada uma de 300 mil barris ao dia. O planejamento original prevê o primeiro módulo para 2013 e o segundo para 2015.
Fluxo e capitalização - Os prazos da implantação da refinaria dependem de outros fatores, entre os quais estão o fluxo de caixa da companhia e a capitalização da empresa, atualmente em discussão no Congresso. Existe a preocupação de não aumentar a dívida da empresa de forma a comprometer o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco. Estes fatores estão sendo considerados e, quando forem definidos, permitirão ter maior clareza sobre o prazo para a entrada em operação do primeiro módulo da refinaria, de 300 mil barris ao dia.
Planejada para produzir diesel, GLP, QAV (combustível de aviação) e coque, a refinaria do Maranhão está sendo pensada para atender aos mercados interno e externo. A idéia é de que a unidade permita abastecer a região Centro-Oeste, hoje suprida por São Paulo. Atualmente, a Petrobras está em fase de contratação da empresa vencedora da licitação para as obras de terraplanagem da área da Refinaria Premium I, que deverão começar em julho, para aproveitar a época de seca do segundo semestre.
Leia aqui a íntegra do plano de investimentos da Petrobras.
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