Novo milionário, Diniz é destaque na Veja
Por Renata Betti e Larissa Tsuboi, da Veja:
A Receita dos Milionários
A subida da maré econômica tira milhões de brasileiros da pobreza e, no nível superior da pirâmide social, está produzindo um novo milionário a cada dez minutos.
Passado o breve soluço da crise internacional, o Brasil voltou a avançar com força renovada. O país iniciou 2010 em ritmo chinês. Diversos setores da economia crescem numa velocidade superior a 10% ao ano. A produção das indústrias, por exemplo, teve uma alta de 20% no primeiro trimestre. Nesse mesmo período, o comércio registrou uma expansão de 13% no volume de vendas. Mesmo consumindo mais, os brasileiros encontraram folga para poupar. Sinal disso é que o valor total de recursos captados pelos planos de previdência privada ganhou 28% nos três primeiros meses do ano. O desemprego recua aos menores níveis históricos, e a renda dos trabalhadores passa por uma recuperação paulatina mas constante. Se fosse possível medir a temperatura atual da economia, esse termômetro exibiria em seu visor o número de 12%. Foi nesse ritmo que o PIB (produto interno bruto, o total de mercadorias e serviços produzidos) avançou nos três primeiros meses do ano, de acordo com estimativas dos economistas do Itaú Unibanco. No ano como um todo, o crescimento do PIB deverá ficar ao redor de 7%, o que seria a maior taxa desde 1986, quando houve o Plano Cruzado. Esses números extraordinários representam uma primeira maneira de retratar o momento promissor, algo não visto em mais de uma geração. Outro indicativo da saúde do Brasil pode ser visto no interesse inédito despertado pelo país lá fora (veja a reportagem). Um modo mais palpável de sentir esse mesmo fenômeno é observar diretamente como os empreendedores brasileiros têm tirado proveito dessa fase de prosperidade.
Classe C quer tratamento A
Em 1992, o paraibano Arione Diniz, 49 anos, inaugurou em São Luís, no Maranhão, a primeira loja das Óticas Diniz. Sua rede é hoje a maior do país, com 450 filiais. Seu segredo? Dar tratamento de classe A aos consumidores de classe C. Seu faturamento atingiu 285 milhões de reais em 2009.
Na crise, surgem as melhores oportunidades de negócios, afirma o dito. A prática, no entanto, mostra que é na maré alta que as empresas singram novos mares e conquistam territórios. Para a fábrica de sorvetes Frutos do Cerrado, de Goiás, o boom econômico representou multiplicar por 20, na última década, a sua produção, hoje avaliada em 70.000 picolés por dia. Já a empresa de cosméticos mineira Kapeh conseguiu dobrar o número de lojas que vendem seus produtos no último ano. A Tramontini Implementos Agrícolas, do Rio Grande do Sul, multiplicou por 6 o seu faturamento desde 2006. A rede Óticas Diniz, nascida há dezoito anos em São Luís, no Maranhão, alcançou 450 lojas em todos os estados e se tornou a maior rede de vendas de óculos do país. Os exemplos acima, assim como as demais histórias de sucesso recente que ilustram esta reportagem, dão uma mostra real de como a riqueza se espalha pelo país, em diferentes setores e regiões. De cada um desses casos é possível extrair uma lição de empreendedorismo e de como tirar proveito da retomada econômica para impulsionar os lucros.
Graças à estabilidade e ao retorno do crescimento, colocar um projeto de pé, batalhar para fazê-lo deslanchar e transformá-lo em um negócio rentável voltou a ser um sonho realizável. E como. Estima-se que, no último ano, aproximadamente 50.000 brasileiros tenham ingressado no clube dos milionários. Milionárias, de acordo com o critério utilizado por instituições financeiras para identificar possíveis clientes de alta renda, são aquelas pessoas que possuem um patrimônio equivalente a 1 milhão de dólares, ou 1,8 milhão de reais, com recursos livres para investir (não se incluiu, portanto, o valor da residência própria). A cada dez minutos, em média, brota um novo milionário no país.
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