domingo, 7 de fevereiro de 2010

Maranhão está mais perto de verticalizar cadeias produtivas


Ribamar Cunha

Sub-editor de Economia

Os três principais itens da pauta exportadora do estado – minério de ferro, alumínio e soja – têm grandes perspectivas de terem suas cadeias produtivas verticalizadas, o que dará uma nova configuração à economia maranhense em termos de diversificação e agregação de valor.

Essa perspectiva de transformar o Maranhão da condição de mero exportador de matéria-prima para potencial produtor de bens de alto valor agregado é um sonho que se arrasta por décadas. Mas, que agora, com a atração de novos investimentos para o estado, está bem mais próximo de se concretizar.
Um estudo detalhado e amplo das cadeias de alumínio, minério de ferro e soja apresentado quinta-feira na Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema) dá uma dimensão das possibilidades de adensamento dessas três atividades produtivas.

Intitulado “Análises das possibilidades de adensamento das cadeias produtivas no Maranhão”, o estudo resultado de um trabalho desenvolvido por nove instituições/empresas, não somente mostra as oportunidades existentes nos diversos elos, como também aponta os obstáculos, os possíveis “gargalos, e as ações que deverão ser empreendidas para cada ente (público ou privado) para superá-los”.

São informações valiosas que servirão de norte para o planejamento do poder público na sua política de atração de investimentos para o estado como também para a tomada de decisão por parte dos investidores.

O presidente da Fiema, Edilson Baldez das Neves, frisou que esse estudo, compartilhado com toda a sociedade maranhense, objetiva atrair novos investimentos, alavancar o desenvolvimento industrial e aumentar as oportunidades de negócios e de empregos no estado.

“Nosso objetivo é comum, audacioso, mas totalmente factível. Os estudos que resultaram em planos de ação já estão prontos. Agora, com determinação e o engajamento do setor empresarial, gestores públicos, imprensa e de toda sociedade, poderemos mudar nossa pauta de exportação e deixar de enviar para fora do país, além de matéria-prima, a oportunidade de emprego mais qualificado e de negócios para os maranhenses”, afirmou.

Ponto de partida - O diretor da Fiema, José de Jesus Reis Ataíde, lembrou que a Plano Estratégico de Desenvolvimento Industrial do Maranhão (PDI) foi o ponto de partida desse trabalho, ao apontar como prioritário o adensamento das cadeias produtivas de alumínio, minério de ferro e grãos (soja).

O diretor do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar), Nilson Ferraz, definiu o estudo como um dos mais importantes realizados no estado em relação a essas três cadeias produtivas. “Nossa avaliação é de que esse trabalho trará grande contribuição para o adensamento das cadeias”, analisou.

O secretário estadual de Indústria e Comércio, Maurício Macedo, destacou a importância do trabalho por juntar os principais elos das cadeias e retratar suas potencialidades e as perspectivas em relação ao seu adensamento, tomando por base pontos positivos, mas também dificuldades em termos de ameaças e riscos.

Maurício Macedo assinalou que esse estudo vem contribuir para o esforço empreendido pelo Governo do Estado para a atração de novos investimentos, ao citar o Programa de Incentivo às Atividades Industriais e Tecnológicas no Estado do Maranhão (ProMaranhão), que visa incentivar a implantação, ampliação, relocalização e reativação de indústrias e agroindústrias no estado.

Na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Júlio Noronha, essa análise detalhada sobre as três cadeias produtivas é uma iniciativa inovadora que permitirá um trabalho mais planejado de atração de investimentos e de melhores resultados para a economia.

Capacidade de atrair investimentos é variável

Em relação à soja, considerando o contexto mundial e as oportunidades para os segmentos de produtos e unidades produtivas, o estudo conclui que as perspectivas para a cadeia produtiva no Maranhão convergem para as atividades de esmagamento, refino de óleo, indústria de ração, complexo agroindustrial avícola, frigoríficos de suínos, frigorífico de peixes e vaca mecânica (leite de soja). Cada oportunidade de desenvolvimento da cadeia foi classificada em escalas que vão de baixa, boa e muito boa em grau de atratividade.

Entre as oportunidades de adensamento da cadeia de ferro, as mais promissoras foram para a produção de tarugos e a fundição de ferro. No caso do tarugo, um passo decisivo já foi dado pelo grupo Ferroeste, que está instalando uma aciaria no município de Açailândia com capacidade para produzir 500 mil toneladas/ano.

No caso do alumínio, o estudo mostrou que a oportunidade mais promissora - sendo classificada como boa a sua capacidade de atração de investimentos privados - é a atividade de trefilação (processo de fabricação de arame e barras finas de metal). Os produtos decorrentes de fundição, laminação a frio e a quente, extrusão, refratário etc, apresentam graus entre baixo, muito baixo e regular em termos de atratividade de investimentos.
“São informações importantes, que esclarecem e tiram dúvidas, no nosso caso, sobre a real possibilidade de adensamento da cadeia do alumínio e de que a Alumar só se preocupa com a produção de alumínio primário”, observou o diretor da Alumar, Nilson Frazão.

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