Governo recua e não muda nome da Concha Acústica da Lagoa

30/07/16

O teatrólogo e bailarino Reynaldo Faray (foto) foi o precursor e maior incentivador das artes cênicas no Maranhão

Pelas redes sociais, o governador Flávio Dino informou que o espaço seria batizado de Papete, em homenagem ao músico maranhense falecido recentemente; mas voltou atrás em sua decisão

Empolgado com a reforma da concha acústica, governador anunciou que ela receberia o nome do cantor Papete, o que causou polêmica (Foto: Reprodução)

Depois da repercussão negativa, o governador Flávio Dino (PC do B) cedeu à pressão e decidiu não mais renomear a Concha Acústica da Lagoa da Jansen, em São Luís, que hoje se chama Reynaldo Faray, em homenagem ao teatrólogo, bailarino e coreógrafo, que morreu em 2003. Dino pretendia mudar o nome do local para Espaço Papete, fazendo dessa forma uma homenagem ao músico maranhense, que faleceu este ano.

A polêmica começou na quarta-feira, dia 27. Nesse dia, o governador Flávio Dino anunciou, pelas redes sociais, que estava sendo realizada a reforma da Concha Acústica da Lagoa da Jansen, postando inclusive fotos dos serviços realizados. Dino afirmou que o local seria chamado Espaço Papete.
Repercussão negativa
Algumas pessoas chegaram a elogiar a atitude do governador em fazer a homenagem a Papete, sem saber que o local já tinha o nome de Reynaldo Faray. No entanto, a atitude do comunista foi amplamente criticada pela maioria das pessoas, principalmente aquelas pertencentes à classe artística local, que consideraram a mudança do nome da Concha Acústica da Lagoa da Jansen um desrespeito à memória do teatrólogo, bailarino e coreógrafo maranhense.

Na sexta-feira, dia 29, oestadoma.com produziu uma reportagem que mostrava a insatisfação das pessoas com relação à mudança do nome da concha acústica. Uma delas foi o ator Cesar Boaes. “Parabéns pela reforma e a homenagem a Papete é muito louvável, mas a concha acústica da Lagoa se chama Reinaldo Faray”, disse o artista pelas redes sociais.

Em entrevista a oestadoma.com,o artista Roberto Brandão, ex-diretor do Teatro Arthur Azevedo, afirmou que havia uma placa no local em que se oficializava a homenagem ao bailarino. "Foi uma grande homenagem, das poucas ao Reynado Faray, e eu acho que ela deve ser mantida, pois foi a pessoa mais importante do movimento de teatro do Maranhão. Ele formou muitos artistas, introduziu o teatro infantil num momento em que não tínhamos muitas opções. Influenciou toda uma geração do teatro. Quase todos os dirigentes das escolas de dança que existem hoje no Maranhão passaram por Reynaldo Faray, e ele continua influenciando essa nova geração de dança. É uma expressão muito grande da nossa cultura, que não pode ser esquecida. Ele deixou todo um legado", disse.
Tudo como antes
O Governo do Estado foi procurado pela reportagem para esclarecer os motivos da mudança do nome da concha acústica. Na manhã de sexta-feira, dia 29, a assessoria de comunicação do governo encaminhou uma nota a O Estado se posicionando sobre a situação. A nota deixou claro que Flavio Dino decidiu voltar atrás e não mais rebatizar a concha, dando outra justificativa.

O primeiro trecho da nota dizia que o espaço que compreende a área de esporte e lazer na Lagoa da Jansen, e que inclui dentre as suas estruturas a concha acústica, será nomeada como Complexo Esportivo e Cultural Papete, em homenagem ao músico José de Ribamar Viana, o Papete.

Já o segundo trecho da nota informava que o Governo do Estado não anunciou mudança no nome da Concha Acústica Reynaldo Faray. No entanto, essa informação pode ser contestada, pois foi o governador Flávio Dino quem informou, pelos perfis oficiais de suas redes sociais, que a concha se chamaria Papete.

A nota informava também que, na concha acústica, será colocada uma placa identificando o nome do espaço e fazendo a honrosa menção a Reynaldo Faray. Por fim, informou que os serviços no local estão sendo feitos pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra).
SAIBA MAIS
O bailarino e ator Reynaldo Faray foi pioneiro ao instalar a primeira escola profissionalizante de dança do Maranhão. Foram dezenas de montagens de balés, participação em 60 festivais e um legado deixado a cerca de 500 professores de dança formados sob sua batuta. Sempre impulsionado pela insatisfação que move os artistas, Faray também deixou sua marca na televisão e no teatro maranhenses.