domingo, 13 de setembro de 2015

A nova São Luís surpreeende os desinformados mas não os antenados

 Na vertical: paisagem urbana de São Luís em mutação

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Dos casarões do Centro Histórico a modernos prédios residenciais e comerciais da área litorânea, a cidade passou por uma intensa transformação



PARA CIMA: Renascença é o primeiro bairro vertical de São Luís
PARA CIMA: Renascença é o primeiro bairro vertical de São Luís (Foto: De Jesus / O Estado)
Quando se fala em São Luís, pensa-se logo nas ruas estreitas, ladeiras e casarões azulejados do Centro Histórico, núcleo fundacional da cidade. Como muitas cidades, São Luís transformou-se, modernizou-se e, agora, em meio à paisagem urbana, há grandes edifícios residenciais ou comerciais que remodelaram a cidade, a paisagem e o modo de viver e morar dos ludovicenses, criando duas cidades, chamadas pela população de nova e velha. A partir de hoje, O Estado conta quem é essa nova capital maranhense na série “São Luís Vertical”.
Se hoje a cidade é dividida em “nova” e “velha” a partir da Ponte do São Francisco - cuja construção foi concluída em 1969 -, nos anos 1940 essa dualidade já existia, mas com outro endereço. Des­de os anos 1930 os subúrbios, em particular o bairro João Paulo, consolidando-se como polo comercial, eram considerados a “cidade nova”, com a qual o centro antigo precisava comunicar-se. A esse percurso juntava-se o Monte Castelo, que de zona rural da cidade tornou-se reduto da classe média alta ludovicense.
“Na década de 1970, o processo de migração campo/cidade foi em grande parte responsável pela a ocupação da área hoje conhecida como Avenida Getúlio Vargas. Surgem as localidades do Areal, atual bairro do Monte Castelo, Matadouro [atual Bairro da Liberdade], Cavaco [hoje Bairro de Fátima], João Paulo, Filipinho, Anil, entre outros”, explicou a pesquisadora Andrea Silva Ribeiro em “O mercado imobiliário monopolista de alta renda no processo de conformação espacial na ‘Península’ da Ponta d’Areia (1990-2010)”.
Nova cidade
A conclusão da construção da Ponte Governador José Sarney (Ponte do São Francisco) em 1969 e do Tropical Shopping em 1985 representou dois marcos importantes na história de São Luís, sobretudo para a nova cidade que nascia. Cruzando o Rio Anil, ligando o Centro Histórico com a nova área em ascensão na capital, a Ponte do São Francisco deu a São Luís a possibilidade de expandir-se, além de facilitar o acesso ao lado oposto da Ilha e o Tropical Shopping consolidou a região do São Francisco como novo centro da cidade.
No fim dos anos 1970, largas avenidas e edifícios com mais de 10 andares passaram a compor o cenário de São Luís. Eram novos tempos, nos quais o progresso vinha a passos largos. Assim, novos bairros fo­ram surgindo – Renascença, Ponta d’Areia, Calhau, etc – e outros foram se expandindo – Vinhais, Bequimão, Turu, dentre outros. Isso fez surgir uma nova centralidade em São Luís.
Essa mudança na capital refletiu-se nos novos cenários que foram construídos além da Ponte do São Francisco. Antes com altura máxima de seis andares, hoje os edifícios chegam aos 18, para abrigar prédios comerciais ou residenciais imponentes e modernos, com portas de vidro, revestimento em lajotas e pisos de granito, característicos de uma arquitetura moderna, mas voltada essencialmente para o aproveitamento de espaço.
Nesse sentido, o Renascença tem o título de primeiro bairro vertical de São Luís, sendo uma versão planejada, organizada e mais elitizada da Rua Grande - que ainda hoje é o principal centro comercial popular de São Luís – desobrigando quem mora desse lado da cidade a ir ao centro antigo de São Luís, seja para ter acesso aos mais diversos serviços. “No entanto, quem mora no centro antigo cruza diariamente a ponte para trabalhar, pois, com a mudança de eixo, boa parte dos empregos ficou do lado mais moderno da cidade”, lembrou o arquiteto Rafael Batista.
Ponta d’Areia
Na década de 1990 surgem em São Luís outras centralidades. A faixa litorânea, que envolve o bairro da Ponta d’areia ao Olho d água, se destaca como espaço diferenciado e atraente para o mercado. No entanto, Andrea Silva Ribeiro chama atenção para o fato de que na década de 1990, a verticalização da Ponta d’Areia contrariou algumas determinações da Lei Orgânica, dentre elas a que proibiu a realização de qualquer obra sobre as du­nas, restingas e manguezais, ou área adjacente que dificulte o livre acesso às praias.
Com a ampliação do gabarito de construção até 15 andares, de acor­do Lei de Operações Urbanas e, com isso, o visual da Ponta d’Areia mu­dou consideravelmente impulsionado pelos investimentos privados que valorizaram muito a área.
Essas mudanças impulsionaram uma nova observação de mercado, e a chegada das grandes construtoras nos anos 2000 foi responsável pela construção dos prédios nessa região, que são considerados os mais modernos e também os mais caros que existem na capital maranhense. A partir daí, uma nova cidade passou a ser construída, fazendo com que o histórico e o mo­derno passassem a dividir a mesma paisagem.
VERTICALIZAÇÃO
O QUE É

Verticalização é um processo urbanístico que ocorre em grandes cidades e consiste na construção de grandes e inúmeros edifícios.
Verticalização em volta da Lagoa da Jansen um dos espaços mais disputados de São Luís

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