sábado, 27 de setembro de 2014

Cadê o viaduto da Forquilha, Senhor Prefeito?

Ausência de viaduto provoca caos em trânsito na Forquilha

Promessa é antiga, feita ainda na administração do prefeito João Castelo, que recebeu R$ 73 milhões do Governo do Estado.
 
Adriano Martins Costa
Da equipe de O Estado
 
Foto: Fabrício Cunha
Fluxo de veículos no retorno da Forquilha
A promessa é antiga. No ano passado, veio mais uma: a parceria entre Governo do Estado e Prefeitura de São Luís resultaria na construção do viaduto no retorno da Forquilha, entre outras obras de mobilidade urbana na capital. Hoje, mais de um ano depois, não há sinais de parceria, nem de viaduto no local. Somente engarrafamentos que se formam diariamente e em qualquer horário, nas quatro vias que desembocam na rotatória da MA- 201, ou Estrada de Ribamar, avenidas Nossa Senhora da Conceição, Guajajaras e Jerônimo de Albuquerque.
Quem trafega diariamente pelo retorno reclama da situação, que é constante. Em horários de pouco fluxo, os engarrafamentos são um pouco menores, mas ainda assim causam transtorno a condutores. Na Avenida Jerônimo de Albuquerque, os carros chegam até a frente da Loja Insinuante, enquanto na Estrada de Ribamar eles andam devagar até próximo da Choperia Marcelo. Mas quando chega o horário de pico é que tudo fica mais complicado. "Daqui a pouco isso aqui fica tudo cheio de carro e leva até meia hora para se sair daqui", reclamou o motorista Cláudio Azevedo, que dirige quase todos os dias pela Estrada de Ribamar.
Quem trabalha no local também faz crítica ao enorme fluxo de veículos, à falta de controle do tráfego, e à segurança. Um taxista, que pediu para não ser identificado e trabalha em um posto na rotatória, afirmou que no local falta segurança e não existe nenhum controle com relação ao tráfego. Até mesmo os semáforos são desrespeitados, e o único agente de trânsito que atua regularmente no local não faz muita diferença.
Para quem anda a pé ou de bicicleta pelo retorno a situação não é melhor. Primeiro, porque sem ciclovia e com as calçadas em péssimo estado, os ciclistas têm de andar em meio aos veículos, se arriscando nas laterais das pistas. Depois, ainda tem o problema da segurança. O jovem Michael Trindade todo dia tem de fazer o percurso na rotatória para ir ao seu serviço. Ele, que mora na Cohab, diz que o principal problema, além dos carros, é a segurança. Principalmente no trecho próximo à Estrada de Ribamar. Segundo afirmou, a parada de ônibus é a mais visada pelos bandidos.

Usuários - Além desses problemas, a região também é constantemente frequentada por usuários de drogas, muitos deles viciados em crack, que caminham pela rotatória. Alguns andam entre os carros com utensílios, limpando para-brisas, quando os veículos param no sinal vermelho, e às vezes acabam por continuar lá, mesmo quando os carros saem.
Outros simplesmente andam no meio dos carros, tendo de se livrar principalmente das motocicletas, levando perigo tanto para eles quanto para quem está a bordo dos veículos. Uma coberta, em frente a uma casa de festas, é um dos principais pontos de encontros dos viciados, que ficam praticamente o dia inteiro consumindo entorpecentes e deitados em colchonetes sujos e papelões, sem nenhuma ação do poder público.

Viaduto - A obra do viaduto da Forquilha, que desafogaria o trânsito na região, foi prometida em 2009. Na época o governador Jackson Lago assinou um convênio com a Prefeitura de São Luís, administrada por João Castelo. A obra fazia parte de uma série de intervenções na cidade, batizada de Plano de Revitalização Urbanística e Viária da Cidade, que nunca saiu da fotomontagem feita no computador.
Para piorar a situação, o dinheiro do convênio, R$ 73 milhões, foi transferido para contas da Prefeitura, mas até hoje não se sabe o que foi feito dele. Por causa disso, o Ministério Público moveu uma Ação Civil Pública contra o ex-prefeito. Ação acolhida pelo juiz Megbel Abdalla, condenou Castelo a devolver o recurso de forma parcelada, sendo R$ 2 milhões por mês, retirados do ISS, recolhido pela Prefeitura, em 36 meses. O processo ainda está em andamento.
No ano passado, o assunto voltou à discussão. Novamente, o Governo do Estado propôs uma parceria à Prefeitura de São Luís para a construção do viaduto da Forquilha e também de outro na rotatória do Calhau. À Prefeitura caberia o projeto das obras, enquanto o Governo faria a licitação e executaria o serviço.
Várias reuniões foram realizadas com a participação de secretários, mas novamente nada foi levado à frente. O Governo do Estado alega que a Prefeitura não apresentou os projetos, da forma como foi acordado. Por isso, as obras não foram levadas adiante.
Em nota, a Prefeitura de São Luís informou que a construção do viaduto da Forquilha integra um conjunto de obras planejadas para execução em parceria com o governo estadual, cujas tratativas começaram no ano passado. Acrescenta ainda que os recursos encaminhados pelo governo estadual, na gestão do ex-governador Jackson Lago, para a construção da obra estão sendo devolvidos pelo Município ao Governo do Estado, após ação judicial impetrada. Somente na atual gestão, já foram devolvidos R$ 40 milhões pelo Município.
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informou que faz a fiscalização e orientação do trânsito na rotatória da Forquilha. Diariamente, às 6h da manhã, são designados oito agentes de trânsito para a rotatória da Forquilha e na rotatória da feira (que dá acesso à Maioba) são disponibilizados seis agentes de trânsito que atuam até as 20h.

Mais


Além do viaduto da Forqui-lha, o convênio entre Governo do Estado e Prefeitura prometeram a construção de um outro viaduto, na rotatória da Calhau, onde está localizado o Comando Geral da Polícia Militar

Número


R$ 73 milhões foi o valor destinado à construção do viaduto

Nenhum comentário: