A recuperação dos bens móveis e integrados dará ênfase à restauração dos altares da Igreja da Sé.
Jock Dean
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
Foi lançado ontem o projeto de intervenção para conservação,
restauro e adaptação da Catedral de Nossa Senhora da Vitória (Igreja da Sé) e do
Palácio Arquiepiscopal, localizados na Praça Dom Pedro II, Centro Histórico de
São Luís. O lançamento das obras, orçadas em R$ 6 milhões e que terá duração de
um ano, contou com a presença da governadora Roseana Sarney, já que o projeto
será desenvolvido em parceria pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan); Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da
Cultura (Secma), e Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH), com apoio cultural
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Também prestigiaram a solenidade o ministro de Estado do
Turismo, Gastão Vieira; o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior; o
secretário-chefe da Casa Civil, João Abreu, e a secretária de Estado da Cultura,
Olga Simão, entre outras autoridades.
O projeto prevê a execução de intervenções de recuperação do
edifício da Igreja da Sé, além da recuperação e adaptação do espaço físico do
Palácio Arquiepiscopal, que abrigará o Espaço de Referência da Arte Sacra no
Maranhão, que deverá abrigar, além da mostra dos elementos de arte sacra, uma
exposição gráfica e um Laboratório-Escola de Conservação e Restauro de bens
móveis e integrados.
O projeto de adaptação do pavimento térreo do Palácio Episcopal
foi elaborado para o funcionamento dos diversos organismos da arquidiocese e do
Espaço de Referência, sem que haja interferência entre as duas funções.
Os bens móveis, integrados, mobiliário e paramentos também
passarão por restauração. A recuperação dos bens móveis e integrados dará ênfase
à restauração dos altares da Igreja da Sé, nos bens existentes na coleção e dos
que encontram no Museu de Artes Visuais. O projeto de restauro das peças foi
feito a partir de levantamento da situação atual destes itens. Para a
governadora Roseana Sarney, o conjunto de obras tornará São Luís uma referência
nacional em cultura e história sacras.
“Aqui, ao término deste projeto, o acervo de propriedade da
arquidiocese de São Luís, que reúne mais de 180 peças, entre imagens dos séculos
XVII e XIX e mobiliários, estará de volta ao seu lugar de origem e servirá como
mais um ponto de referência a todos que residem e visitam a capital do
Maranhão”, afirmou a governadora Roseana Sarney.
Em seu pronunciamento, a governadora lembrou ainda do PAC
Cidades Históricas, que prevê 49 intervenções em prédios que abrigam museus e
casas de cultura na capital, com recursos de R$ 150 milhões. Entre as ações
previstas estão o restauro e conservação de igrejas e monumentos tombados, como
os palácios das Lágrimas e Cristo Rei, Mercado Central, prédio da antiga Rede
Ferroviária Federal (RFFSA), teatros Arthur Azevedo e João do Vale e Casa do
Maranhão.
Acervo - Para o futuro Espaço de Referência, a Secma doará o
acervo de peças sacras que atualmente estão no Museu de Arte Sacra (localizado
no Museu Artístico e Histórico do Maranhão - MHAM), na Rua do Sol, na Igreja de
Nossa Senhora da Vitória, na Praça Dom Pedro II, na Igreja de Nossa Senhora do
Carmo, na Praça João Lisboa, e no Museu de Artes Visuais, na Rua Portugal. A
gestão do novo Espaço de Referência será da Secma, por meio do MHAM.
O acervo de peças de arte sacra, de propriedade da Arquidiocese
de São Luís, que está depositado no MHAM, é composto por imagens, alfaias de
metal (objetos litúrgicos), ornamentos e outras pequenas coleções, como
mobiliário, porcelana e opalina (um tipo de pedra semipreciosa). Faz parte
integrante do acervo, o conjunto de imagens dos séculos XVIII e XIX e os
retábulos neoclássicos da nave e do transepto, executados com influência do
Rococó, que se contrapõe ao altor-mor, praticamente o único exemplar na
transição entre o Maneirismo e o Barroco na talha luso-brasileira, executado no
fim do século XVII.
Museu – O conceito expositivo do Espaço de Referência da Arte
Sacra no Maranhão foi pensado para ser um museu que possa abrigar a coleção
abrigada em diversos espaços expositivos existentes, incorporar peças sacras
representativas de diversas capelas e pequenas igrejas da Arquidiocese de São
Luís que, por questão de segurança, estão guardadas em sacristias e cofres,
portanto, impossibilitadas de serem vistas por visitantes, agrupar os paramentos
abrigados no Museu de Artes Visuais, possibilitar a ampliação e enriquecimento
da coleção já existente e apresentar instalações onde o visitante possa ser
remetido às demais igrejas da arquidiocese e aos antigos locais onde as peças em
exposição ficavam abrigadas.
O Laboratório-Escola de Conservação e restauro será composto
pelos móveis e instrumentos básicos inerentes ao laboratório. No local, serão
instaladas duas salas de aula – uma teórica e outra prática –, além de um espaço
de recepção, guarda imagens e utensílios.
“O que estamos fazendo é bem mais que uma obra de restauração,
mas um projeto de educação e formação de mão de obra. Isto para um estado como o
nosso é de suma importância vide a necessidade de profissionais restauradores no
Maranhão”, informou Kátia Bogéa, superintendente do Iphan no Maranhão.
O restauro do conjunto arquitetônico do qual fazem parte a
Catedral Metropolitana e a sede da arquidiocese da capital ficará pronto em um
ano e o cronograma da obra foi planejado para que apenas na etapa final da
restauração as atividades da arquidiocese sejam interrompidas.
Os recursos, na ordem de R$ 6 milhões foram obtidos por meio da Lei de Incentivo a
Cultura (Lei Rouanet) com financiamento do BNDES.
“Esta obra faz parte de uma estratégia do BNDES para revitalizar
os principais monumentos históricos das cidades brasileiras, por meio de um
projeto integrado de arte, cultura e turismo”, explicou Marcelo Goldstein,
gerente do Departamento de Cultura, Entretenimento e Turismo do BNDES.
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