quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Porto do Itaqui movimentou 4,5% da carga do país em 2011

 
Dado consta na Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012, divulgada ontem, que avaliou o nível dos serviços marítimos
 
Poliana Ribeiro
Da equipe de O Estado
 
O Porto do Itaqui movimentou, no ano passado, 13,9 milhões de toneladas - 6,7 milhões de toneladas de granéis sólidos, 7 milhões de toneladas de granéis líquidos e 200 mil toneladas de carga geral -, o que representou 4,5% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil, alcançando, além disso, a segunda maior movimentação de granéis líquidos entre os portos organizados, ficando atrás apenas do Porto de Santos. Os dados constam na Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012, divulgada ontem na sede da Confederação Nacional do Transporte, em Brasília.
A pesquisa entrevistou 212 agentes marítimos de 15 estados - incluindo o Maranhão - para avaliar a qualidade dos serviços marítimos. Além disso, o relatório também abordou o desenvolvimento do setor, a movimentação de cargas e as características dos 13 principais portos marítimos do país em termos de movimentação: Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Vila do Conde (PA), Itaqui (MA), Suape (PE), São Francisco do Sul (SC), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), Aratu (BA), Itajaí (SC), e Fortaleza (CE).
Ainda sobre o desempenho do Porto do Itaqui no ano passado, a Pesquisa CNT revelou que, no que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 10,7 milhões de toneladas por meio da navegação de longo curso (entre países) - 4,2% do total da carga movimentada nos portos organizados por esse tipo de navegação - e 3,2 milhões de toneladas pela navegação de cabotagem (entre portos) - 7,4% do total da cabotagem nos portos organizados.
De modo geral, no ano passado, 95,9% do volume de exportações do Brasil foi transportado pelos portos. Ainda assim, os terminais públicos do país ainda padecem com o excesso de tributação e a burocracia, apontados como os principais entraves do setor para 80% dos agentes marítimos entrevistados pela Pesquisa CNT. Esses problemas seriam mais relevantes, por exemplo, que os gargalos de infraestrutura.
De acordo com o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, os portos ainda são uma das principais barreiras do transporte no país. "Além de ampliar os investimentos em infraestrutura, é preciso modernizar os trâmites burocráticos. Portos mais eficientes dinamizam as cadeias produtivas e permitem maior competitividade aos nossos produtos no mercado internacional", avaliou.
Relatório - Apesar das boas perspectivas para o setor - com o anúncio, na semana passada, do Programa de Investimentos em Logística: Portos, que injetará
R$ 54,6 bilhões no desenvolvimento dos terminais públicos brasileiros até 2017 -, o relatório CNT afirma que, na última década, o Governo Federal pouco investiu no setor portuário brasileiro. "Entre 2002 e 2012, o Governo Federal investiu apenas 3,1 bilhões. Esse montante é muito pequeno e não altera as condições de deficiência apresentadas hoje. No programa anunciado na semana passada [o Plano Integrado de Logística], o governo afirmou que pretende investir R$ 60,6 bilhões no setor até 2017. Não ficou claro se esses recursos serão públicos ou privados, mas, de fato, será um grande desafio para o governo conseguir cumprir com este investimento em um período tão curto", ressalta Bruno Batista, diretor executivo da CNT.
A Pesquisa CNT também avaliou o acesso aos portos. As ligações por rodovias foram consideradas adequadas por apenas 25,9% dos entrevistados, o que representa um decréscimo de 22,1%, quando comparado aos resultados da Pesquisa Aquaviária CNT 2006. Na consulta anterior, 48% dos entrevistados classificaram esses acessos como adequados. Além disso, mais da metade dos agentes marítimos (61,3%) julgaram os acessos rodoviários como inadequados, resultando em um acréscimo de 10% na opinião dos entrevistados.
Com relação aos acessos ferroviários, a falta de infraestrutura para embarque e desembarque de carga foi o principal problema identificado, concentrando 33,7% das opiniões. Acessos ferroviários em precário estado de conservação foram citados por 20,2% dos agentes marítimos.
"Quando pensamos em portos, temos que pensá-los em dois sentidos: interna e externamente. As cidades, na grande maioria das vezes, vivem em função dos portos. Se você não tiver uma grande área operacional, com estacionamento para caminhões, com infraestrutura de retroárea, com acessos rápidos aos portos, por rodovias e ferrovias, você estrangula a cidade. Felizmente, isso está começando a ser uma preocupação no Brasil", ressaltou o vice-presidente da CNT e presidente da Fenavega, Meton Soares - referindo-se também ao Plano Integrado de Logística.
Apesar de todos os problemas, o Brasil pode ser considerado um país privilegiado para o desenvolvimento da atividade, por possuir uma faixa litorânea com 7.367 km de extensão, com enorme potencial para a utilização do transporte marítimo de cargas e passageiros. Somente em 2011, mais de 80% da corrente de comércio brasileira passou pelos portos do país, o que totalizou cerca de US$ 387 bilhões e 653 bilhões de toneladas transportadas.

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