sábado, 20 de outubro de 2012

Setor hoteleiro é o que mais lucra com eventos na capital

 

 
75% dos turistas de eventos ficam hospedados em hotéis ou pousadas especializados, enquanto a ocupação de hotéis no turismo de negócios é de 48%.
 
Se há um ramo comercial que tem lucrado mais a cada dia com o crescente fomento do mercado de turismo de eventos/negócios, trata-se da hotelaria. O setor é o que mais lucra, pois as modalidades elevam diretamente a ocupação dos empreendimentos, direta e indiretamente, e principalmente porque muitos deles têm se preparado e se transformado em centros de convenções, disponibilizando toda a estrutura para a realização de um encontro corporativo para festas ou confraternizações.
De acordo com dados do São Luís Convention & Visitors Bureau, 75% dos turistas de eventos que vêm a São Luís ficam hospedados em hotéis ou pousadas especializados, enquanto a ocupação de hotéis no turismo de negócios é de 48%. Quando se trata dos segmentos de atrativo natural, patrimônio histórico e operação de turismo, a ocupação é de 50%, 58% e 80%, respectivamente. A comparação dos dados mostra a diferença de um evento no impacto do setor hoteleiro, um aumento de ocupação de 25% para o setor naturalista. Apesar de ser a modalidade que mais traz visitantes a São Luís, o atrativo natural só deixa metade deles em hotéis ou pousadas.
Os grandes empreendimentos da capital maranhense têm se especializado constantemente para promoção de pequenos e grandes eventos, que são realizados por escolas, empresas, universidades, associações e outros segmentos. Os hotéis já têm catálogos de empresas de recepção, cadastros de operadores de táxis e já trabalham diretamente com agências de turismos com pacotes diretos voltados para um turismo que vai passar poucos dias na cidade.

Expansão - Em São Luís, o mercado hoteleiro está se expandindo, principalmente com o crescimento de hotéis executivos. Segundo Maria da Conceição Raposo, presidente do São Luís Convention & Visitors Bureau, o mercado hoteleiro da capital apresenta uma modernização nas práticas, decorrente da formação e profissionalização no setor. "A hotelaria é a grande beneficiada do turismo. Qualquer pessoa que se desloca da sua cidade para outra, independentemente do motivo pelo qual ela está saindo, precisa de um hotel para se hospedar", disse.
O setor é o principal equipamento do setor de eventos, porque atualmente dentro dos hotéis há espaços de eventos para mais de mil pessoas. Um empreendimento funciona tanto para a hospedagem como para a alimentação, a realização de reuniões, congresso, palestras e outros serviços. "Com tudo concentrado apenas num local, há facilidade para as empresas que financiam um encontro, coordenadores e os participantes. O empresariado e a cidade ganha com isso", explica Maria Raposo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotelaria (ABIH), no Maranhão, João Antônio Barros Filho, a taxa de ocupação hoteleira em São Luís deveria ser mais elevada e o número de eventos na capital ficou muito aquém do esperado. "O crescimento é importante. Os eventos podem ser visto como os motores para a ocupação do hotel, que deve ser fixada sobre um pilar de eventos/lazer/negócios, mas este ano a situação foi muito diferente. Mesmo tendo sustentado o turismo de São Luís, a falta das praias e a reforma do Aeroporto Hugo Cunha Machado foram determinantes para o baixo rendimento deste ano", frisou.

Diálogo - Para João Barros, é preciso que haja um diálogo direto entre os setores de captação de eventos com os setores de promoção e agenciamento de lazer. Se algo nessa estrutura não funcionar bem, há uma queda percentual grande nas taxas de ocupação dos hotéis. "Este ano, deveríamos ter tido uma ocupação bem maior. Contudo, não foi possível. Mesmo o aniversário de 400 anos de São Luís não conseguiu mobilizar ao máximo os turistas para visitarem nossa cidade", lamentou.
Apesar da contrariedade, dois grandes hotéis que têm investido no trabalho de captação e realização de eventos são o Pestana São Luís e Luzeiros, mantidos por redes hoteleiras lusitanas. O primeiro oferece em seu catálogo - além de estada com diversos serviços - seis salas especializadas para a promoção de encontros ou reuniões. Durante a semana passada, um dos espaços foi palco para o Encontro Nacional dos Jovens Advogados, realizado pela Ordem Brasileira dos Advogados (OAB), no Maranhão, com estudantes do Norte e Nordeste. O hotel oferece espaço para exposições, além de manter uma equipe especializada para dar suporte técnico audiovisual.

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A retração no turismo este ano foi sustentada pelo setor de eventos e negócios e assim, pelo menos, os maiores empreendimentos não tiveram grandes graças ao preparo e investimentos na estrutura de cerimoniais. Um deles é o Hotel Luzeiros. Com parte de sua estrutura voltada para o público de lazer, a hotelaria empregada no espaço tem foco no meio corporativo. O hotel dispõe de 12 espaços com quatro grandes auditórios para até 750 pessoas, salas de reuniões, buffets, cada setor voltado para um público e eventos de diferentes naturezas.
Outro setor que têm lucrado com os investimentos nessa modalidade turística são as empresas de cerimoniais e recepção, que vêm na realização de eventos e atração do mercado uma oportunidade de crescimento. Uma delas é a Enphoc Cerimonial, que nos últimos anos compôs uma lista grande de empresas que fomentam o turismo de eventos, como a Suzano, a Natura e outras. Para cada encontro, são mobilizadas pela empresa mais de 40 pessoas diretamente. Há alguns em que é necessária a contratação de quase 100 funcionários.

Eventos e negócios garantiram movimentação turística em SL

Problemas estruturais no aeroporto e a poluição das praias prejudicaram o turismo de lazer no ano do quarto centenário da capital.
 
André S. Lisboa
Da equipe de O Estado
 
 
O ano de 2012, um momento especial para a cidade de São Luís, patrimônio histórico e cultural da humanidade, que chegou ao seu 400º aniversário, por pouco não sofreu um forte abalo no setor turístico. O Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado com sérios problemas estruturais desde o ano passado e as praias fechadas para banho depois de laudo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) desde março causaram queda no turismo de lazer. Contudo, os hotéis da cidade conseguiram manter os números de taxa de ocupação durante todo o ano graças a um setor específico, que vem ganhando mais espaço e mobilizando uma grande cadeia produtiva de empresas e pessoas: o turismo de eventos e negócios.
Apenas no Centro de Convenções Governador Pedro Neiva de Santana (Cohafuma), estão programados, até o fim do ano, 53 eventos, sendo a maior parte encontros de cunho nacional e internacional. São acontecimentos que permitem o acesso de pessoas de outras cidades para a capital maranhense, um destino visto como grande potencial pelo Ministério do Turismo e diversas agências, por sua forte cultura popular e por ser a porta de entrada para os Lençóis Maranhenses e a Chapada das Mesas.
A dinâmica dos encontros trazidos para a cidade quatrocentona acompanha uma tendência de crescimento fomentada nos últimos três anos. Segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, em 2009, o setor era responsável por um fluxo global de 700 mil pessoas trazidas à capital. O turismo de eventos/negócios é responsável por uma fatia de 33,3% do total de turistas que chegam à Ilha. Normalmente são pessoas que têm um elevado poder aquisitivo para ser empregado no consumo de produtos culturais - enquanto o turista de eventos tem um gasto médio diário de R$ 312,00, o de negócios gasta R$ 397,00.
O contraste entre as diferentes formas de visitação à Ilha pode ser visto se os números forem comparados com os turistas que vêm a São Luís por causa do atrativo natural (49%) ou pelo patrimônio histórico (10%). Os dois grupos têm gastos diários em média de R$ 150,61 e R$ 153,41, respectivamente. Ambos permanecem em média três a quatro dias na cidade. Se comparados com os turistas trazidos por operadoras de turismo (1%), o gasto médio cai para R$ 131,75, mas a permanência média é de quatro dias.
Conforme os últimos dados levantados pela Secretaria Municipal de Turismo, o montante gerado pelas duas formas de negócio, que têm crescido a cada ano, era de aproximadamente R$ 300 mil no ano de 2009. Os dados não estão atualizados, mas a expectativa é de aumento nos números. As taxas de ocupação nos hotéis no mês de julho de 2011 e 2012, durante as férias, permaneceram praticamente as mesmas. No ano passado, foi de 70,38% e este ano de 73,13%.

Aumento - Um comparativo da movimentação do primeiro semestre no aeroporto de São Luís mostra que houve um aumento maior no fluxo de passageiros entre o primeiro semestre de 2011 e o de 2012. Enquanto no ano passado 461.539 pessoas desembarcaram em São Luís, este ano o total foi de 508.305. Segundo o secretário municipal de Turismo, Liviomar Macatrão, o aumento de mais 40 mil pessoas decorreu da atração de eventos como o Festival Metal Open Air e a 64ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A movimentação dos eventos em São Luís, principalmente nacionais e internacionais, tem auxílio do São Luís Convention & Visitors Bureau, entidade sem fins lucrativos que tem o papel de captar e trazer festivais ou encontros de qualquer natureza - sejam técnicos, científicos, culturais, esportivos, religiosos ou sociais. O outro aspecto é o dinamismo de desenvolvimento que está acontecendo na cidade, com a chegada de muitas empresas. "Estão vindo muitas empresas que usam a cidade como palco para eventos corporativos e empresariais. Isso é algo interessante", disse a presidente do Convention & Visitors Bureau, Maria da Conceição Raposo Araújo, diretora da Sacada Eventos, uma empresa especialista na realização de encontros.
Segundo ela, os problemas estruturais da cidade - a reforma do aeroporto, os problemas no trânsito na BR-135 e a poluição das praias - podem ser vistos como um entrave para o turismo, contudo com a grande movimentação de uma cadeia turística em formação, o esvaziamento da cidade pode ser evitado. "Conseguimos ultrapassar todas as barreiras com o turismo de eventos, captando médios e grandes eventos para a cidade", disse ela, ao ressaltar a importância da 64ª Reunião da SBPC em São Luís, que movimentou um público de 25 mil pessoas pela cidade durante uma semana.
A cadeia produtiva do turismo de eventos é formada por hotéis, restaurantes, transportadores, empresas de táxis, agências de receptivos, transportadoras, que fazem parte da cadeia direta do setor. A cadeia indireta é formada pelos shoppings, as lojas, os espaços de visitação, as casas noturnas e bares. "Essa modalidade faz com que o participante passe muito tempo na cidade, pois ele não fica dentro do hotel durante todo o decorrer do evento. Ele sempre faz passeio na cidade e nos pontos turístico do estado. Isso cria uma movimentação de recursos muito alta. O turista gasta aqui e traz incentivo para o comércio da cidade. Ocorre que algumas vezes ele passa mais dias na cidade e isso é importante", explicou Maria Raposo.

Turismo de eventos incentiva o de lazer


O poder aquisitivo elevado e o primeiro contato com a cidade por meio de um evento criam um elo entre a cidade e turista de negócios ou de eventos. Apesar de passar poucos dias em uma cidade, o visitante conhece alguns dos aspectos interessantes da cultura do local. Em outra oportunidade, ele poderá passar mais tempo ou mesmo visitar com a família e outros parentes, além de divulgar o destino para amigos e sua rede de contatos.
A maior parte dos eventos realizados em São Luís é de caráter técnico-científico, principalmente nas áreas de Saúde e Direito, que normalmente não dão muito tempo aos participantes de visitar a cidade, porém o vínculo criado ajuda no retorno desse turista. "Sempre que um turista fica preso no evento, apesar da programação cultural, ele ganha interesse pela cidade. Ele sempre retorna com a família para fazer turismo de lazer. O turismo de eventos funciona como agente para o turismo de lazer. Ele capta e agrega visitantes para nossas praias, nossos pontos turísticos, como museus, monumentos, nosso casario", analisou a presidente do Convention & Visitors Bureau, Maria da Conceição Raposo Araújo, diretora da Sacada Eventos.
Os destinos turísticos de todo o país fazem parte de um catálogo nacional que são compartilhados por agências em diversos pontos. Este ano, os produtos de São Luís ficaram fora do programa oferecido pelas operadoras turísticas nacionais por causa da poluição das praias da capital e ao entrave do aeroporto. "Passamos décadas precisando de um trabalho mais forte de relações exteriores para fomentar o turismo em São Luís. Falta empenho institucional, que deve ser feito pela iniciativa privada e poder público. Todavia, nos últimos dois anos, essa realidade está mudando. Os gestores começaram a ver a importância de levar o Maranhão e São Luís para fora e anunciar", disse Maria Raposo.
Apesar disso, a empresária lamenta que outros destinos tenham ganhado mais notoriedade este ano do que São Luís e o Maranhão. Cidades como Natal, Fortaleza, Recife e outras capitais se fortaleceram durante a baixa turística em São Luís, que foi sustentada pelo turismo de eventos e negócios. "São Luís é um polo grandioso, que vende cultura histórica e popular e deve ser melhor apresentada para o Brasil", disse.

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Segundo dados do São Luís Convention & Visitors Bureau, foram realizados de janeiro a setembro deste ano 30 eventos de caráter nacional e internacional, que movimentaram um público entre 500 e 2 mil pessoas, sendo 65% turistas. Destacaram-se durante o ano - além da reunião da SBPC - o Festival Metal Open Air, o Encontro Nacional de Recreação e Lazer, o Encontro Nacional de Estudantes de Filosofia, o Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo, o Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e outros.

Números


53 eventos estão programados para o Centro de Convenções Governador Pedro Neiva de Santana até deste fim do ano.
700 mil pessoas em média vêm à capital maranhense trazidas por eventos regionais, nacionais e internacionais
33,3% dos turistas trazidos à Ilha são do setor de turismo de eventos/negócios
 

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