sábado, 25 de agosto de 2012

Plano de mobilidade viária de São Luís é elaborado

Documento foi elaborado em convênio do Iphan com o Governo do Estado, a Prefeitura de São Luís e outras instituições.
 
André S. Lisboa
Da equipe de O Estado
 
Casarões destruídos para serem transformados em estacionamentos, carros deixados sobre calçadas, falta de um transporte de qualidade no qual o cidadão possa circular, são alguns dos entraves para a conservação e revitalização do centro de São Luís, que agrega o acervo arquitetônico tombado como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). A mobilidade e circulação viária na área delimitada no Anel Viário – que compreende 11 bairros da capital maranhense – deverá ser recuperada e expandida nos próximos 30 anos, conforme prevê plano elaborado em convênio do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) com o Governo do Estado, a Prefeitura de São Luís e outras instituições.
O documento decorreu do cumprimento da primeira meta do plano de ações, criado para acesso a recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas.
Primeiramente para a elaboração do Plano de Mobilidade e Circulação Viária (PMCV) foi levantado um diagnóstico de toda situação do Centro, com uma varredura dos problemas que atingem bairros como Desterro, Praia Grande, Monte Castelo, Areinha e outros. “O plano de ação inicial levantou propostas em cima de diversos problemas urbanos para tentar resolvê-los. O problema número um do Centro é a mobilidade”, disse a superintendente regional do Iphan, Kátia Bogéa.
Compreendendo que qualquer ação de proteção ao conjunto arquitetônico decorreria primeiro da resolução dos problemas da mobilidade na área histórica de São Luís, o plano de mobilidade foi encarado como uma ação preponderante e teve perspectiva de realização de 2010 a 2013. Os recursos federais foram repassados à Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT), que fez uma licitação pública, contratando convênio de duas empresas, que já haviam trabalhado em projetos semelhantes, em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Iphan acompanhou todas as etapas de elaboração do plano , que passou por pequenas audiências, envolvendo os segmentos interessados no Centro. Depois da conclusão, o trabalho final foi direcionado a uma audiência pública, que ocorreu há três semanas, no Cine Teatro Cidade de São Luís. “O plano passou pela audiência pública e foi entregue ao prefeito João Castelo, que deve direcioná-lo à Câmara Municipal para ser transformado em lei e ser integrado ao Plano Diretor do Município”, frisou Kátia Bogéa.

Habitação - A observação do Centro Histórico constatou que a ocupação da área está desequilibrada. Os casarões não são mais utilizados para a habitação, e são tomados por comércios, empresas de serviços e sedes de órgãos públicos, tornando a área sem movimentação á noite.
Os estudos do plano comprovaram que 40% das pessoas que vão ao Centro estão apenas de passagem pela área, criando apenas um transtorno para o tráfego. O plano de mobilidade aponta um desvio para que as pessoas possam acessar tanto a área industrial como a do aeroporto sem precisar atravessar o Centro. Toda área é considerada importante para a sociedade por concentrar o maior comércio popular da Ilha e a maior parte dos bens culturais - museus, bibliotecas, centros culturais.

Planejamento prevê a desconcentração do fluxo


Com uma perspectiva de 30 anos, o planejamento da mobilidade e circulação viária prevê a desconcentração de circulação pelo Centro de São Luís. Um ponto de grande concentração é o Terminal da Integração da Praia Grande, que recebe diariamente 150 mil passageiros, transportados por ônibus, que se aglomeram pela Avenida Beira-Mar, onerando o tráfego em frente ao Forte São Luís. O intuito é a descompressão desse terminal e com a criação de mais dois terminais.
A proposta estabelece o levantamento de terminais de carga e descarga para a recepção de veículos grande porte, que não circularão pela área. O transporte da carga será repartido e conduzido por automóveis menores, que terão acesso ao Centro.
 
Foram estabelecidos projetos que abrangem diversas modalidades de veículos de transporte coletivo, como linhas para ônibus de média capacidade (Bus Rapid Transit – BRT), que deverá ter uma via exclusiva nas pontes Bandeira Tribuzi e José Sarney e um terminal específico. Para manter a circulação ininterrupta entre os bairros do Anel Viário, será instalado um bonde que percorrerá por toda a área central. Ainda inclui-se no plano de mobilidade, o veículo leve sobre trilhos (VLT) - metrô instalado na superfície – para auxiliar na interligação com outras áreas da cidade.
 
Deverão ser criados também, segundo o documento, vias exclusivas para bicicletas e um sistema coletivo sobre duas rodas. Todas as modalidades de transporte coletivo são previstas no plano, que ainda possibilitará o uso do veículo particular. O fluxo de carros deverá diminuir porque haverá a possibilidade de deixar carros em estacionamentos subterrâneos e nos prédios-estacionamentos projetados.
Na Areinha, o plano prevê o aproveitamento de áreas vazias para construção de áreas de moradia, além do aproveitamento de imóveis no Desterro e na Madre Deus. O Aterro do Bacanga será transformado em um parque, como foi previsto desde a sua fundação, mas tem sido invadido para outros usos.

Nenhum comentário: