domingo, 3 de junho de 2012

Ator maranhense Dionísio Neto é destaque nacional no teatro, cinema e televisão

Dionísio Neto o ator e suas faces

Zeca Maranhão entrevista Dionísio Neto

Dionísio Neto é um daqueles atores multifacetados. Queridinho dos grandes autores e diretores do país pelo seu grande talento e poder de versatilidade cênica, está volta à São Luís, berço de grandes talentos como o dele, visitando familiares e amigos.
Dinísio Neto faz parte do  seleto rol de atores que dão destaque até mesmo aos pequenos papéis. Jamais passará despercebido em qualquer produção devido ao seu toque de Midas e às características que consegue dar aos personagens. Esse maranhense, como de praxe, um dia teve que fazer a difícil escolha entre a razão e o coração e optar entre a terra natal e o seu ideal. Siga Dionísio Neto no twitter @dionisioneto.

Conhecendo uma nova São Luís

ZM - Dionísio como começou o seu interesse pela dramaturgia?
DN - Eu nasci na frente de um cinema aqui em São Luís, além disso tenho o nome do deus grego do teatro, é uma sina. A primeira peça que eu li na escola ainda criança foi "O Pagador de promessas" do Dias Gomes, fiquei fascinado. Na escola eu escrevia, dirigia e atuava em minhas peças. É um dom natural. Aos 15 anos assisti Eletra com Creta do Gerald Thomas e depois Paraíso Zona Norte do Antunes Filho e também fui trabalhar com o Zé Celso. Ali entendi que esse era o caminho que eu traçaria na minha vida.
ZM - Na música o Maranhão conta com grandes destaques nacionais, porque na dramaturgia isso é mais difícil de acontecer?
DN - Além de mim temos o Zen Salles que é maranhense e está escrevendo excelentes peças em São Paulo. Talvez porque aqui não tenha escolas de teatro. Temos o Arthur Azevedo que é um gênio do teatro!
ZM - Existem poucos maranhenses fazendo algum trabalho na televisão, teatro ou cinema, além de você e o Deo Garcês não vemos quase mais ninguém, porque isso acontece já que o nosso teatro tem tantos talentos?
DN - Acredito que pela distância do sudeste. O Brasil é o país da televisão. Um ator, para ter destaque precisa fazer TV, e TV é no Rio de Janeiro. Eu mesmo, morando em São Paulo, vejo que chegou a hora de mudar para o Rio. São relações que se estabelecem, encontros. Assim é no mundo todo. Para um ator americano que queira fazer cinema, tem que morar em Los Angeles, porque senão fica caro para a produção mantê-lo fora da sua cidade. Aqui é a mesma coisa. Walcyr Carrasco me disse que se eu morar no Rio vou ser um dos maiores atores da TV brasileira. É preciso estar em Riollywood. Não tem jeito.
No Teatro Arthur Azevedo em São Luís
ZM - Você chegou a participar de alguma produção teatral maranhense? Fale um pouco da sua trajetória pelo teatro, cinema e televisão.
DN - Eu apenas trouxe minha peça "Perpétua" para cá. Abri a I Semana do teatro do Maranhão no Arthur Azevedo que é um dos teatros mais lindos do mundo. Quero trazer outras produções para cá sim, o teatro e o público valem a pena. No teatro eu comecei profissionalmente aos 19 anos na peça Comala, de Marinho Piacentini. Viajamos do Paraguai ao México por quase um ano. Na volta entrei para o Centro de Pesquisa Teatral do Antunes Filho e lá fiquei por 3 anos. Depois fiz o Ham-Let do Zé Celso. Aos 23 anos escrevi, dirigi, atuei e produzi a Trilogia do Rebento, com grande destaque na mídia. Fui considerado o enfant terrible do teatro brasileiro. Viajamos para a Europa e EUA. Trabalhei com Bia Lessa, Marcio Aurelio, Guilherme Leme, Leonardo Medeiros e muitos outros. Já tenho 21 anos de teatro. Fundei a Companhia Satélite, que já tem 17 anos, tive um teatro em SP por 3 anos. No cinema fiz algumas participações marcantes, em Carandiru, de Hector Babenco, Garotas do Abc de Carlos Reichembarch e alguns outros, mas só agora farei meu primeiro protagonista na adaptação da minha primeira peça - Perpétua. Na TV fiz uma participação também marcante em "A Favorita" e minha primeira novela inteira foi "Morde e Assopra", de Walcyr Carrasco, ano passado. Neste semestre me dei férias. Estou aqui visitando minhas raízes e familiares. No segundo semestre voltarei com muitos projetos. Não posso parar. E nem quero.

Dionísio num passeio às orígens
ZM - Você está de volta ao Maranhão, essa viagem é apenas para matar a saudade do arroz de cuxá, rever parentes e amigos ou é de cunho profissional já que algumas produções estarão sendo rodadas em São Luís como o filme sobre Joãosinho Trinta, o outro sobre Ana Jansen e uma outra novela ainda sem nome definido?
DN - Estou aqui para fortalecer minhas raízes e conhecer novas pessoas.

ZM - Dentre todos os trabalhos que fez no teatro, cinema e televisão qual deles marcou mais?
DN - O que me deixou conhecido nacionalmente foi o Dr. Aquiles de Morde e Assopra. Mas não era um papel dramático, eu não utilizei nem 10% da minha capacidade.
ZM- Quais são os próximos trabalhos?
DN - No teatro "DESAMOR" de Walcyr Carrasco dirigido por Lucia Segall. Tenho outros projetos e convites que estão sendo estudados. No cinema "Perpétua" dirigido por Jimi Figueiredo.
Voltando à Fonte de inspiração

ZM - Você já está radicado no sul do país há algum tempo, a cultura maranhense ainda bate forte dentro de você?
DN - Passei minha infância aqui em São Luís. Foi mágica. Aqui formei minhas relações humanas, meu caráter. Mas sou um urbanóide. Adoro metrópoles. Claro, adoro camarão, cuxá, vatapá, e principalmente bacuri. Sou louco por bacuri. Vale a pena vir aqui só para comer bacuri. É divino. A cultura maranhense mora no meu DNA.
ZM - Durante essa sua estada em São Luís você aproveitou para conhecer o que está sendo feito em termos de teatro pelos conterrâneos?
DN - Infelizmente não. Mas voltarei no fim do ano.
ZM - Tem alguma mensagem que gostaria de deixar aqui para os ludovicenses?
DN - Sigam seu coração, e cuidem da cidade. Reivindiquem seus direitos. Não é possível que as praias estejam poluídas, que o Centro Histórico esteja degradado. É triste. Cuidar só da sua casa é um pensamento antigo, é preciso cuidar da cidade como um todo. A cidade é de todos. São Luís é linda, ela merece continuar linda. Aqui tem muito potencial humano e natural.

*enfant terrible - pessoa que geralmente tem sucesso e que é fortemente não ortodoxo, inovador ou de vanguarda.
Veja aqui momentos memoráveis da carreira de Dionisio Neto

Carta ao pai

Carandiru de Hector Babenco

Perpétua 


Morde e Assopra de Walcyr Carrasco

Carandiru Outras Histórias

A Favorita de João Emanoel Carneiro


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