domingo, 27 de maio de 2012

Uma pérola sobre a realidade do que é a dita oposição no Maranhão magistralmente escrita por Regis Marques


O risco de se ter um ventríloquo é a sujeira que ele pode fazer

O CAVALHEIRO E O VENTRÍLOQUO



Do blog do Regis Marques

Quando eu era criança meu pai, maçom, me levou para assistir, no velho prédio da Loja Renascença, no Largo de São João, a uma sessão comemorativa da irmandade.
Como era, como disse, comemorativa, era uma das poucas abertas aos familiares dos maçons. Uma das atrações que encantou aquele coraçãozinho infantil foi a presença de um cavalheiro vestido de fraque e seu boneco falante. Antes, eu nunca havia ouvido falar a palavra “ventríloquo” e nem sabia o que significava.
Aos pulos, meu coração se extasiava com as respostas atrevidas e politicamente incorretas do boneco, sempre que o cavalheiro de fraque lhe dizia algo . “De onde elas vinham, se bonecos não falam?”, indaguei ao meu pai. Ele sorriu baixinho e disse: “Realmente, bonecos não falam. Preste a atenção: é o próprio cavalheiro de fraque que, para enganar a nós outros, quem fala fingindo ser o boneco”.
Só então pude perceber os leves movimentos dos lábios do cavalheiro de fraque. Fiquei decepcionado. Achei que o cavalheiro era um mentiroso ou um covarde que usava um boneco para destratar os outros. Hoje, toda vez que vejo alguém falando pelos outros, lembro o cavalheiro de fraque mentiroso e o boneco inocente-útil.
Tem sido assim nesse episódio envolvendo a ida do ex-governador José Reinaldo Tavares, também conhecido pela alcunha de Zé Noel. Indiciado na Operação Navalha e preso como integrante de uma quadrilha que lesou os cofres públicos, Tavares foi escolhido a dedo pelo jurássico prefeito João Castelo para ocupar a Secretaria de Governo e coordenar sua própria sucessão à Prefeitura de São Luís.
Tavares é coordenador de um consórcio de partidos nanicos onde se misturam os ultradireitistas do PTC – ligados aos evangélicos mais conservadores -; o hoje centrista PSB, cujo maior expressão eleitoral é o ex-tucano Roberto Rocha, e dois partidinhos sem expressão nacional, o PPS e o PCdoB: o primeiro, satélite do DEM e do PSDB, sem brilho próprio; o segundo, trafegando (ou rodopiando) na órbita do lulismo desde sempre.
Invenção e beneficiário de um projeto anterior elaborado pelo próprio Zé Reinaldo que sangrou os cofres públicos em mais de um bilhão de reais para eleger Jackson Lago, o ex-deputado Flávio Dino é a parte mais interessada nesse movimento das peças desse novo jogo de xadrez da política maranhense. Para agora e para 2014.
Pré-candidato a prefeito em outubro próximo, nunca disse se é ou não é realmente a bola a vez. Nas redes sociais sugere que é. Quando alguns jornalistas e/ou blogueiros leem nas entrelinhas que ele será candidato, aí surge seu ventríloquo, ops, porta-voz e nega tudo. Aí o professor de Deus, veste a casaca e diz que ainda tem tempo, que seu prazo de desincompatibilização é junho. De fraque, fala em seu nome.
Articula pra cá, remexe pra lá e faz todos os outros candidatos jurarem que se renderão aos seus pés e retirarão suas candidaturas em nome do novo Messias. Menos um: Tadeu Palácio jura de pés juntos que é candidato contra Castelo e contra todo mundo. Inclusive contra o professor de Deus e contra o próprio Deus. Sabe-se lá até quando e por quanto…
Então, quanto todos (ou quase) todos pareciam domesticados, eis que o inventor do professor de Deus rebela-se e depois de 5 anos vivendo desempregado e às custas de uma pensãozinha e do que sobrou da navalhada, arranja um sinecura exatamente onde? No berço do único adversário a ser realmente combatido: João Castelo.
E Dino, o Pai de Todas as Esperanças, o Pregador das Boas Novas, silencia. Aí eu lembro do meu pai dizendo: “Ele usa o boneco para nos enganar!”

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