sábado, 10 de março de 2012

Hotéis precisam se estruturar para atender demanda


Apesar do expressivo número de leitos em São Luís, figurando na 14ª posição no ranking do IBGE, a rede hoteleira da capital poderá não dar conta da demanda que surgirá nos próximos meses com a realização de importantes eventos e das comemorações dos 400 anos da cidade. Soma-se a isso a falta de estrutura da cidade que compromete a vinda de turista para a região. É o que acredita o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Luís (Sindhorbs), Paulo Coelho.
Somente para o Festival Metal Open Air, em abril, no Parque Independência, são esperadas 40 mil pessoas de todo o país. Em maio, será realizada a Feira Brazil National Turism Mart (BNTM), um dos maiores eventos da indústria de turismo para a qual são esperados 20 mil participantes. A Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da ciência (SBPC), em julho, no Campus do Bacanga, também deve movimentar a cidade com aproximadamente 25 mil pesquisadores.
"Há investimento por parte dos empresários, hospedagens novas surgem, mas o que poderia dar volume e mais fluxo a esses empreendimentos é a questão da infraestrutura da cidade. Temos problemas de A a Z, começando pelo aeroporto, rodoviária, porto e rodovias, portas de entrada da cidade. Sem contar o trânsito de São Luís, que é caótico", citou Coelho.
O presidente do sindicato comparou a capital maranhense com outras capitais da federação e questionou o descaso do poder público com os atrativos turísticos de São Luís. "Se a gente for a Fortaleza [CE] e visitar a avenida litorânea vai ver a quantidade de pessoas que circulam por ali. O mesmo acontece na região do Pelourinho, em Salvador [BA], e nas praias de Natal, no Rio Grande do Norte. Nós não podemos mais vender nossas praias, porque estão todas inapropriadas para banho. Quem diz isso é a Vigilância Sanitária, não sou eu", frisou.
O empresário mencionou ainda a situação do Centro Histórico, pontuando questões como falta de segurança, limpeza e iluminação pública, alvo de constantes reclamações de quem visita a Praia Grande. "Para melhorar isso, não é necessário trazer ninguém de fora. Tem restaurante lá que não abre mais à noite por medo de assaltos", informou o empresário.
"O único banheiro público que existe naquela área é o da Praça Nauro Machado, que, hoje, após contrato com a Secretaria Municipal de Turismo (Semtur), está sob a administração do nosso sindicato. Porém, somos obrigados a fechar às 20h por falta de segurança, ou os vândalos invadem o local", complementou.
Negócios - Paulo Coelho referiu-se ao turismo como o principal eixo do mercado de São Luís. Mesmo sem grandes atrativos, o setor vem crescendo neste sentido, o que tem propiciado a inauguração de hotéis voltados para esse segmento, como o Stop Way, na Lagoa da Jansen, que durante a semana tem 100% de lotação; e o Hotel Luzeiros, com mais de 240 apartamentos e estrutura própria de auditórios para eventos e convenções.
"O Luzeiros é um hotel corporativo, com 80% de público formado por executivos e viajantes de negócios. Isso é reflexo do visível crescimento da cidade, que hoje tem grandes companhias em expansão, como a Alcoa, Vale e OGX. Evidentemente esses investimentos chamam novas empresas parceiras que dão suporte e necessitam de lugares para colocar seu pessoal", ponderou Dagoberto Silva, gerente-geral do hotel.
Segundo ele, as empresas que estão em São Luís no segmento corporativo não são locais, são de fora da cidade. O departamento do hotel trabalha prospectando negócios fora de São Luís. Os mercados principais são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife. E a tendência é crescer. "Somente a construção da refinaria da Petrobrás [em Bacabeira] vai movimentar os hotéis de melhor nível da cidade nos próximos três anos", frisou.
Corrida - Para Dagoberto Silva, a rede hoteleira de São Luís tem corrido atrás do prejuízo para acompanhar o crescimento do Nordeste, que tem sido considerado a China brasileira, por causa do crescimento de 10% ao ano, mais do que a média nacional, que chega a 3% ao ano. "São Luís cresceu em um ritmo alucinante. Os hotéis que não acreditavam nesse crescimento estão se preparando. O Luzeiros percebeu essa crescente e lançou esse produto há um pouco mais de dois anos. E hoje estamos colhendo os frutos. Os hotéis menores acabam sofrendo mais, porque no momento oportuno não puderam fazer os investimentos necessários, mas agora vão fazer", ressaltou.
De acordo com o gerente, por ser um hotel de negócios, de segunda a sexta-feira, a ocupação é total. No fim de semana, a frequência de turistas de lazer é maior, mas a ocupação cai. "O Maranhão está na moda. Foi tema de escola de samba, de programa de televisão, os lençóis maranhenses estão em evidência, tem ainda as comemorações dos 400 anos e o governo tem feito um bom trabalho de divulgação. Só em janeiro e fevereiro deste ano recebemos mais de 8 mil hóspedes em turismo de lazer", asseverou.

Albergue



Único albergue de São Luís, o Solar das Pedras, associado à rede Hostellin International, oferece serviço diferenciado para um público que, em sua maioria, é oriundo de outros países. "Pelo menos 80% dos nossos hóspedes são mochileiros estrangeiros que têm o costume de viajar pelo mundo. É uma clientela exigente, porque conhece outros espaços. Eles não vêm só por lazer, vêm explorar, pesquisar e interagir com pessoas de culturas diferentes", explicou o gerente João Salomão. O albergue, diferentemente de outras empresas de hospedagem, tem como produto quartos coletivos, o que diminui o valor da diária. A estrutura oferece serviço de cozinha em que o hóspede, se desejar, pode preparar sua refeição, assim como serviços de lavanderia. "Tentamos ser a hospedaria mais barata da cidade, por isso os quartos compartilhados. Mas também temos quartos familiares e para casal", disse. A menor diária do albergue é R$ 25,00, com direito a café da manhã, internet grátis e armário para guardar bagagem. O banheiro também é coletivo, com exceção das suítes de casal e familiar. O Solar das Pedras tem 42 leitos.

Mais


Mais do que uma reforma e grande estrutura física, a rede hoteleira deve se preocupar em capacitar seus profissionais. Para o gerente do Hotel Luzeiros, Dagoberto Silva, existe em São Luís uma forte deficiência no fator humano. Segundo ele, é importante investir em treinamento para que as equipes possam fazer frente ao que vem por aí. "Os clientes aceitam uma deficiência de estrutura, mas não toleram o mau atendimento. A negócio ou lazer, quem é recebido com cortesia, com atenção, com sorriso, não se importará com essa deficiência. O cliente não perdoa ser tratado com frieza ou indiferença", disse.
Após reformulação, a classificação dos hotéis que utiliza a consagrada simbologia de estrelas para diferenciar categorias, considerará o tipo de hospedagem para definir a qualidade do empreendimento, segundo o Ministério do Turismo. Assim, hotéis, hotéis-fazenda, pousadas, resort, cama e café, hotel histórico, flat/apart-hotel terão sistemas de classificação próprios. Entre os requisitos avaliados está os relacionados à condição de estrutura (instalações e equipamentos), à oferta de serviços, a questões de sustentabilidade.


Rede hoteleira de São Luís tem 8 mil leitos, afirma sindicato

Seriam pelo menos 50 hotéis, seis flats, 60 pousadas, 160 motéis e 200 pensões.


Anderson Corrêa

A rede hoteleira de São Luís tem atualmente mais de 8 mil leitos, um número muito maior do que o divulgado na Pesquisa de Serviços de Hospedagem realizada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Luís (Sindhorbs), o número de 127 estabelecimentos destinados a hospedagem no município publicado pelo instituto não corresponde à realidade local.
De acordo com o presidente do Sindhorbs, o empresário Paulo Coelho, esses números estão mascarados, pois provavelmente o IBGE trabalhou com os estabelecimentos regularizados, e descartou as hospedarias irregulares, que não têm o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou que atuam em tipo diferente do estabelecido no alvará de funcionamento, como pousadas que
atuam como hotéis.
"Atualmente apenas 40 hotéis estão associados ao sindicato e não temos conhecimento de quais são os estabelecimentos que estão irregulares. Quem cuida dessa fiscalização é a Prefeitura, a Vigilância Sanitária, o Corpo de Bombeiros, o Ministério do Trabalho e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Maranhão [Crea]", informou Coelho.
Segundo o sindicato, em São Luís existem pelo menos 50 hotéis, seis apart-hotéis/flats, 60 pousadas, 160 motéis, 200 pensões de hospedagem e somente um albergue. "As pensões de hospedagem chegam a esse número porque são casas familiares. Mas a grande maioria não é cadastrada", disse o presidente do Sindhorbs.
O Dormitório Paraense, no bairro Monte Castelo, de propriedade de Eunice e Gilmar Silva, é um exemplo desse tipo de estabelecimento. Eles recebem pessoas do interior ou de outros estados que passam de um a três dias na capital maranhense para se consultar ou fazer exames na unidade da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, vizinha à hospedaria, mas não tem registro ou alvará de funcionamento.
"Pensamos em abrir a nossa casa para receber essas famílias que, assim como a nossa, veio de longe para ser atendida no hospital. A intenção é ajudar. Agora ampliamos a casa, construímos mais quartos, cobrando diárias de
R$ 25,00 a R$ 60,00, e agora queremos regularizar nossa situação, pagar os impostos como uma microempresa", explicou Gilmar Silva.
Os hotéis e pousadas instalados no entorno da rodoviária de São Luís também foram citados por Paulo Coelho. Eles recebem um grande volume de visitantes, mas não são associados ao sindicato, como a Pousada do Biné, no Parque Roseana Sarney.
Irregularidades - De acordo com Inácio Nunes, coordenador de Vigilância Sanitária, órgão sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), muitos desses estabelecimentos atuam na irregularidade. "Os proprietários, às vezes, nem sabem da importância dos documentos legalizadores. Diferentemente dos grandes hotéis, que procuram sempre regularizar a situação quando são detectados problemas durante as fiscalizações", afirmou.
Entre as falhas mais comuns estão as relacionadas a instalações sanitárias e produtos vencidos na despensa e no frigobar. "É muito difícil encontrar um estabelecimento de hospedaria sem problemas. Às vezes, são coisas mínimas, às vezes são apenas pequenas recomendações. É importante dizer que a Vigilância não está ali apenas para punir, mas também como parceira. Temos técnicos capacitados para auxiliar os hotéis a atender melhor seus clientes", acrescentou.

Mais


A Vigilância Sanitária faz fiscalizações constantes em estabelecimentos da capital, verificando o espaço físico (quartos, cozinha, restaurantes, etc.), instalações sanitárias (água e esgoto), lavanderias, instalações elétricas, entre outros itens. Para o exercício, sete equipes fazem as inspeções (três de manhã, três à tarde e duas no turno da noite). "Mas estes profissionais não são suficientes para dar conta de todo a demanda de trabalho que temos diariamente em São Luís", disse Inácio Nunes, coordenador de Vigilância Sanitária.

Nenhum comentário: