domingo, 11 de março de 2012

Filho de maranhense comanda a polícia de Los Angeles, nos EUA




Leandro Santos
Da equipe de O Estado

O médico Conrad Murray, condenado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pela morte do cantor Michael Jackson, ocorrida em 25 de junho de 2009, ficou sob a custódia de um brasileiro de Brasília e filho de maranhense: Eliel Kang Teixeira, que tem feições orientais e, com muito orgulho, é um xerife-delegado lotado em departamento de polícia no condado de Los Angeles (LA), nos Estados Unidos (EUA). Teixeira é responsável pela segurança de 11 milhões de pessoas nas 88 cidades que formam o condado, a segunda região metropolitana dos EUA.
De férias no Maranhão, Teixeira esteve na semana passada na Redação de O Estado e contou como chegou a se tornar o único brasileiro a ocupar um cargo como esse nos Estados Unidos. Ele aproveitou ainda para conhecer Pedreiras, a terra natal de seu pai, Antônio Fernandes Teixeira.
Filho de um maranhense com uma coreana, o sonho de Eliel Teixeira, que nasceu em Brasília em 29 de abril de 1984, sempre foi o de um dia se tornar policial federal, sonho esse que era alimentado pelo desejo de ajudar as pessoas e lutar por um mundo com mais justiça e igualdade social. Aos 15 anos, ele e os dois irmãos – Esther e Elias Kang Teixeira - tiveram de se mudar para os Estados Unidos para acompanhar os pais, que iriam fazer doutorado em Teologia. “Na época, eu estava terminando o então segundo grau. O meu intuito era o de apenas acompanhar meus pais na mudança e depois voltar para o Brasil para terminar os meus estudos e fazer o vestibular”, contou Eliel Teixeira.
No entanto, seus pais insistiam que ele permanecesse nos EUA uma vez que lá ele teria mais oportunidades de trabalho e, consequentemente, de crescimento profissional. Para que fosse convencido pelos pais a permanecer no país, ele recebeu uma oferta irrecusável: caso ficasse, receberia um automóvel de presente. “Para um jovem de 15 anos, receber um carro de presente era uma oferta irrecusável”, afirmou. Ele, então, decidiu permanecer nos Estados Unidos, onde, na cidade de Los Angeles, ingressou na faculdade e se formou em Administração Pública.
O primeiro emprego, logo após de formado, foi em uma companhia telefônica local. Nessa empresa, ficou responsável por um projeto no qual era necessário fazer a instalação de 4.500 telefones em todas as cadeias, delegacias e fóruns da região. Foi a partir desse momento que ele teve contato com outros xerifes-delegados e policiais que atuavam na região.
Um dos xerifes-delegados que ele manteve contato durante o trabalho o convidou para passar um dia com ele em uma viatura para que pudesse conhecer como era a rotina. Durante esse dia, os dois foram para a cidade de Lennox, em uma região que apresentava os maiores índices de criminalidade. “Eu passei oito horas com ele e na terceira hora eu já tinha certeza que era isso que eu queria para a minha vida”, pontuou.
Treinamento – No dia seguinte, Eliel se inscreveu para o concurso para obter uma vaga para a academia de xerifado. Logo após passar por extenso processo seletivo, composto por provas escritas, orais, testes psicotécnicos, físicos e mentais e ainda por um polígrafo (detector de mentiras), ele conseguiu obter uma vaga na academia.
No entanto, a parte mais difícil foram os rigorosos treinamentos aos quais ele foi obrigado a se submeter para conseguir o título de xerife-delegado. O treinamento é um dos mais rigorosos dos Estados Unidos. “Somente no primeiro dia, 20 candidatos desistiram porque não aguentaram a pressão dos treinamentos”, disse Teixeira. Ele contou ainda que durante o treinamento, que durou nove meses, o dia começava às 4h e não tinha horário para terminar e nesse intervalo os recrutas eram submetidos rigorosamente a várias provas físicas e mentais simultaneamente.
Formou-se no fim de 2007 e desde 2008 ele atua como chefe de seção na Delegacia Central do Condado de Los Angeles. Hoje, com 28 anos de idade, é responsável por comandar uma equipe composta por 250 policiais, sendo também um dos mais jovens a atuar nessa profissão. Entre as atividades que desempenha está a aprovação de prisões, solturas e expedições de ordens judiciais. Durante os anos de trabalho, Eliel Teixeira prendeu vários brasileiros nos EUA, principalmente por estarem dirigindo veículos sob o efeito de álcool.
Além de atuar na custódia do médico Conrad Murray, ele atuou nas prisões de outras pessoas famosas, como Mel Gibson e Lindsay Lohan.
Apesar de ter conseguido respeito e admiração nos EUA, Eliel Teixeira ainda tem o sonho de um dia voltar para o Brasil. “Meu sonho é voltar para o Brasil e exercer algum trabalho político. Mas por enquanto estou feliz com o papel que desempenho como xerife-delegado”, concluiu.

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