A operação para remanejamento de carga de minério de ferro entre os porões do navio Vale Beijing teve início ontem, com a conclusão da instalação dos trilhos e esteiras no convés do cargueiro. A embarcação teve parte do casco rachado, na área dos tanques de lastro, durante o carregamento no Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM) há cerca de um mês. A operação consiste em retirar a carga de 25 mil toneladas do porão 7 (localizado próximo à popa) e transportá-la para os porões 3 e 5. Além disso, cinco mil toneladas de óleo combustível (bunker) serão transferidas para o navio-tanque Sea Emperor, que emparelhou com o cargueiro no fim da tarde de ontem.
Não foi divulgado o cronograma da operação. De acordo com a Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), o Vale Beijing está fundeado a 60 quilômetros da costa de São Luís (MA). No início de dezembro do ano passado, ele foi carregado no Píer I do TPPM com 260 mil toneladas de minério de ferro e, durante a operação, foram detectadas rachaduras no casco. O navio tem capacidade para transportar 390 mil toneladas.
Desde o incidente, técnicos do estaleiro que construiu o Vale Beijing, o STX Pan Ocean (Coreia do Sul), realizaram avaliações dos danos do navio. Para não obstruir o atracadouro, o cargueiro foi inicialmente rebocado para uma área a seis quilômetros do porto para avaliação dos danos e início dos reparos. Posteriormente, a embarcação foi rebocada para longe da área portuária e fundeada na Baía de São Marcos, na posição atual. A última tentativa de remanejar a carga e retirar o combustível ocorreu há poucos dias, sem êxito.
De acordo com o comandante da CPMA, capitão-de-Mar-e Guerra Nelson Calmon Bahia, no fim da tarde de ontem, aguardava-se apenas uma decisão dos comandantes do Vale Beijing e do Sea Emperor para iniciar a operação de remanejamento da carga e da retirada do combustível (ficará no navio uma quantidade mínima de óleo para o funcionamento da embarcação).
Estaleiro - De acordo com informe divulgado pela STX Pan Ocean, o problema com o Vale Beijing seria um caso isolado. "Espera-se que seja determinada a causa exata do incidente apenas quando o navio estiver em dique seco. No entanto, acreditamos que este incidente é um problema isolado e não deve trazer consequências para as outras embarcações construídas em outros locais e sob diferentes projetos", informou a companhia, em nota.
"O motivo do incidente está sendo investigado, mas ainda é muito cedo para avaliar sua causa real. No entanto, acreditamos que não houve nenhum problema com o terminal portuário ou a operação de carregamento", ressaltou o informativo da empresa.
Segundo comunicado da STX, autoridades e representantes do proprietário da embarcação e estaleiro estiveram a bordo e constataram que não ocorreu nenhum impacto ao meio ambiente provocado pelo navio ou sua carga.
"Todas as situações envolvendo o navio estão sob controle e vem sendo atendidas todas as demandas das partes envolvidas, incluindo a Capitania dos Portos, Ibama e Vale", informou a empresa.
Comissão de deputados quer vistoriar o graneleiro
Uma comissão de deputados maranhenses tenta vistoriar o navio Vale Beijing, que ameaça afundar na costa maranhense por conta de rachaduras no seu casco. O presidente da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado Léo Cunha (PSC), pretende convocar a Vale e a Capitania dos Portos de São Luís para prestar explicações a respeito da situação do navio, caso não seja autorizado ainda hoje a visitar a embarcação.
O parlamentar enviou um requerimento à Capitania dos Portos no dia 22 de dezembro do ano passado pedindo que a autoridade marítima permitisse que os deputados visitassem o navio, que corre risco de afundar no litoral maranhense por conta de uma rachadura em seu casco.
De acordo com ele, os parlamentares decidiram aguardar até hoje para tomar outras medidas, a fim de obter informações sobre o que está sendo feito para evitar um desastre ecológico em São Luís. "Se não nos responderem, vamos convocar a Capitania dos Portos e a Vale para prestar explicações sobre o que está acontecendo", disse ele. "Isso não pode continuar assim, vamos adotar um posicionamento forte", afirmou o parlamentar.
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