Wilson Lima
Ronaldo Rocha
Fotos UOL
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A Vale deixou de embarcar no Píer I do Terminal Marítimo Ponta da Madeira (TMPM) 750 mil toneladas de minério de ferro, de sábado até a manhã de ontem. O impacto no cronograma de operações da mineradora, levantado por O Estado, foi ocasionado pelo problema com o navio Vale Beijing, que apresentou rachaduras no lastro ao ser carregado com 384,3 mil toneladas de minério de ferro. A companhia não divulgou, no entanto, o prejuízo financeiro acumulado no período. A embarcação foi removida ontem por seis rebocadores para a área de fundeio número seis do Porto do Itaqui e o risco de naufrágio segundo a Capitania dos Portos do Maranhão é "insignificante".
De acordo com a mineradora, após a remoção do graneleiro, as operações de embarque de minério de ferro no Píer I do TMPM voltaram à normalidade. O Píer I é o de segunda maior movimentação do Ponta da Madeira. Somente de janeiro a outubro deste ano, movimentou 139 navios. O Píer II movimentou 67 e o III, um total de 306 embarcações. Como destaque, dos 58 cargueiros que atracaram no TPPM em outubro, 48 foram utilizados exclusivamente para embarques de minério de ferro.
A Vale movimentou até outubro 87.381.654 toneladas (t) de carga no Terminal Portuário Ponta da Madeira, que integra três atracadouros (Píer I, Píer III/Norte e Píer III/Sul), bem como o berço 105 do Porto do Itaqui, arrendado à mineradora, que domina o Píer II.
Operação - Após apresentar rachaduras na parte inferior de dois de seus tanques de lastro (um do lado direito e outro do lado esquerdo), o navio de transporte de minérios Vale Beijing, da empresa sul-coreana STX Pan Ocean, fretado pela Vale, foi rebocado no final da manhã de ontem, do Píer I do TMPM para a área de fundeio número seis do Porto do Itaqui em operação que envolveu seis rebocadores.
A medida visa afastar, totalmente, as possibilidades de naufrágio do graneleiro. A Capitania dos Portos afirma que essa possibilidade existe, mas é insignificante. "Qualquer navio tem chance de afundar. Mas depois dos trabalhos realizados ontem, a possibilidade [de naufrágio] foi reduzida substancialmente", disse Bahia.
Essa área de fundeio, localizada a 5 milhas náuticas do Píer I (cerca de 9 km da região) é destinada a navios com até 80 mil toneladas de porte bruto e tem calado de 30 metros. Desde sábado, o navio da STX Pan Ocean estava em uma área de calado de 23 metros. Segundo o Capitão-de-Mar-e-Guerra, Nelson Calmon Bahia, comandante da Capitania dos Portos do Maranhão, a operação de retirada do graneleiro do Píer I do Terminal Marítimo Ponta da Madeira visa facilitar os trabalhos de estabilização do navio. "Em uma área com profundidade maior, pode ser feita a estabilização do navio", disse.
Essa estabilização é feita por meio da distribuição da água de lastro da embarcação. Como parte do navio já estava próxima do solo, a remoção do graneleiro para uma área de fundeio com calado maior possibilita que outros tanques de lastros sejam abastecidos e assim o navio volte à posição normal. No Píer I, a embarcação já apresentava uma inclinação que preocupava os técnicos da Capitania dos Portos. O navio desceu cerca de 4 metros em relação ao seu nível normal.
A estabilização do navio é necessária para a adoção de providências que evitam o naufrágio da embarcação. Há duas possibilidades de ações a partir de agora. O navio pode ser consertado em alto mar ou também a empresa STX Pan Ocean pode efetuar uma retirada de emergência da carga de minério do navio. A embarcação está carregada com 384,3 mil toneladas de minério de ferro.
A operação de retirada do navio durou aproximadamente duas horas e reuniu mais de 50 pessoas, entre técnicos da Vale, da Capitania dos Portos e também da STX Pan Ocean. A operação foi planejada na noite de segunda-feira (5). O planejamento começou no final da tarde e terminou por volta das 21h. Na manhã de ontem, esse plano emergencial foi aprovado pelo comandante da Capitania dos Portos e colocado em execução em seguida.
Foram necessários seis rebocadores para retirar o navio do Píer I. Todos os rebocadores utilizados são da Vale e do Porto do Itaqui. Depois da retirada do Vale Beijing, o terminal foi liberado para receber outras embarcações. Hoje, somente a Ponta da Espera, responde por 10% das exportações de minério de ferro da mineradora.
Fiscalização - Ontem pela manhã, fiscalização feita pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no navio não detectou vazamentos de óleo ou minério de ferro na área externa do graneleiro. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) também fez vistorias na região.
O secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Carlos Victor Guterres Mendes, e o superintendente do IBAMA no Maranhão, Pedro Leão da Cunha Soares Filho, estiveram no local e reuniram-se com dirigentes da Vale, avaliando os procedimentos adotados e o tratamento dado à questão. Em nota oficial, os órgãos afirmaram que "mantém mobilizadas suas equipes técnicas para a fiscalização, tendo o IBAMA solicitado, à direção superior, apoio técnico adicional na perspectiva de que o acompanhamento da situação, a avaliação das providências adotadas e as ações fiscalizatórias ocorram sob o amparo do mais adequado suporte técnico".
Pela fiscalização do Ibama, a partir de agora a mineradora precisará enviar ao órgão, relatórios diários sobre a situação do navio. Além disso, caso ocorra vazamento de óleo e minério, a Vale também poderá ser responsabilizada, assim como a STX Pan Ocean. A co-responsabilidade no episódio ocorre pelo fato de o navio ter sido fretado pela mineradora. A quantidade de minério de ferro na embarcação, 384,3 mil toneladas, é suficiente para produzir uma quantidade de aço para a construção de três pontes Golden Gate, ponto turístico da Califórnia.
A Capitania dos Portos também confirmou que há rachaduras no casco da embarcação. Até o momento, a capitania ainda não tem um diagnóstico preciso sobre os motivos pelos quais ocorreu o acidente. Existem várias hipóteses, entre os quais saturação do material ou mesmo excesso de peso do navio. "Mas isso ainda será investigado. É muito precoce apontar um motivo neste momento", disse comandante da Capitania dos Portos do Maranhão.
Empresa atua no Brasil há menos de cinco meses
A empresa STX Brasil Marítima Ltda, braço da STX Pan Ocean no Brasil, proprietária do navio de transporte de minérios Vale Beijing, recebeu autorização para realização de transportes hidroviários há menos de cinco meses. Essa foi uma das primeiras viagens da empresa no Brasil.
A autorização foi concedida pelo diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Fernando Fialho, no dia 21 de julho desde ano. O termo de autorização 773-Antaq foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) um dia depois. Até o momento, a empresa não tinha sanções, restrições de operação ou incidentes no Brasil. O Estado tentou manter contato com a empresa, mas não conseguiu.
Segundo informações extraoficiais, a viagem deste navio era a primeira em solo brasileiro. O cargueiro abasteceu na sexta-feira em São Luís e iria para Rotterdam, Holanda. O graneleiro ficou pronto recentemente. É o primeiro de oito cargueiros que serão construídos para a empresa até 2013 para transporte de minério de ferro ao mercado internacional. Todos têm a mesma capacidade de carga.
O contrato de fretamento entre a Vale e a STX para esses navios, firmado há dois anos, é de aproximadamente US$ 6 bilhões, conforme informações de agências.
Recentemente, a Vale firmou contratos de arrendamento para 16 navios gigantes como esse (conhecidos no mercado como Valemax), que apresentou problemas no Maranhão. A mineradora também já encomendou outros 19 navios do mesmo porte.
A estratégia da mineradora é reduzir os custos com frete transoceânico no mercado internacional. O mercado asiático é um dos maiores compradores da Vale e o Porto do Itaqui é um dos principais pontos de escoamento de minério de ferro da mineradora para Ásia, América e Europa. Por conta do episódio no Maranhão, as ações da Vale operavam em baixa de 0,3%.
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Efe
Cargueiro Vale Beijing, que opera a serviço da mineradora Vale, sofreu rachaduras nos dois lados do casco após ser carregado com quase 400 mil toneladas de minério de ferro em um porto no Maranhão. Ele está sendo removido do berço para reparos Mais Biaman Prado/Reuters
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