Pedreiras/MA, 11 de outubro de 1934 - São Luís/MA, 6 de dezembro de 1996) João Batista Vale nasceu em Pedreiras, no Maranhão, em 11/10/1934. Quinto de oito irmãos ajudava em casa, vendendo balas e doces feitos pela mãe. Freqüentou a escola até o terceiro ano primário quando teve de interromper os estudos – não para trabalhar, mas para ceder lugar ao filho de um coletor recém-nomeado para trabalhar em Pedreiras. Aos 12 anos, mudou-se com sua família para São Luis e aos 14 tomou a decisão de morar no Sudeste – sonhava com o Rio de Janeiro. Como seus pais não o deixariam partir, fugiu de trem para Teresina e arranjou emprego como ajudante de caminhão. Viajava de Fortaleza a Teresina. Um dia, Joáo do Vale chegou a Salvador, primeira cidade grande que conhecia, e, em seguida, foi para Minas Gerais. Chegou ao Rio de Janeiro, de carona, aos 17 anos e foi ser ajudante de pedreiro. João do Vale trabalhava e dormia na construção. À noite, percorria as rádios na esperança de se aproximar de algum artista. O primeiro a que teve acesso foi Zé Gonzaga, que, a princípio, não quis ouvir suas músicas, mas, depois, gostou muito delas e gravou Cesário Pinto, que fez sucesso no Nordeste. Luiz Vieira foi o segundo que João procurou. Com ele, fez a música "Estrela Miúda" e Luiz Vieira conseguiu que Marlene gravasse a música. Embora não tenha sido fácil, o início da carreira de João do Vale foi rápido. Ele chegou no Rio de Janeiro no final de 1950 e, já no ano seguinte, suas músicas começaram a ser gravadas. Em 1952, João do Vale foi pela primeira vez receber os seus direitos autorais e surpreendeu-se com a quantia: 200 cruzeiros. Uma fortuna para quem suava na construção por 5 cruzeiros mensais. Além de Marlene, Luiz Vieira, Dolores Duran, Luiz Gonzaga e Maria Inês também gravaram músicas de João do Vale e fizeram sucesso. Em 1954, João do Vale participou com figurante do filme "Mão Sangrenta", dirigido por Carlos Hugo Christansen. Conheceu Roberto Farias – na época assistente de direção, - que, ao se transformar em diretor, convidou o compositor para musicar alguns de seus filmes, como "No Mundo da Luz", de 1958. Em 1969, João do Vale compôes a trilha sonora do filme "Meu Nome é Lampião", de Mozael Silveira. No Rio de Janeiro, João Vale começou a se apresentar no Zicartola – o bar de Cartola e Zica --, onde compositores se reuniam para cantar. Fez sucesso e foi convidado para ali se apresentar às sextas-feiras. O show do "Forró Forrado" foi criado especialmente para João do Vale pelo seu proprietário, "seu" Adolfo, seu amigo e admirador. Sem gravar discos, por causa da censura, e vendendo seus baiões para outros compositores, João do Vale estava com dificuldades financeiras. Preocupado com a situação do amigo, "seu" Adolfo criou o show "Forró Forrado". No ZiCartola, a carreira de João do Vale tomou novo impulso e ele passou a fazer sucesso novamente. A partir de 1975, João do Vale começou a apresentar-se, com muito sucesso, em shows em circuitos universitários. Ainda em 1975, João do Vale fez o show Opinião, reapresentado após 10 anos da realização do primeiro. Alguns meses depois do segundo show Opinião, João do Vale foi convidado para apresentar-se nos Estados Unidos por diversas vezes. Em 1976, João preparou o show "E agora João?" e apresentou-se por todo o país, vendendo seus LPs e ganhando direitos autorais. Em 1987, quando ia Nova Iguaçu com uma amiga, João do Vale parou em um restaurante para almoçar e sentiu-se mal e, de repente, desabou direto no prato, fulminado por um AVC, mais conhecido como derrame cerebral. Sua acompanhante ficou apavorada e saiu correndo, abandonando o local. João do Vale foi levado inconsciente para o Hospital da Posse de Nova Iguaçu. Sem documento e dinheiro (sua carteira ficara na bolsa da acompanhante), foi deixado numa maca e negligentemente abandonado à própria sorte. Após ficar sem atendimento adequado, teve convulsão e caiu da maca, batendo a cabeça no chão. Foi atendido por uma estagiária e, reconhecido, teve socorro. João do Vale ficou internado por dois anos na ABBR, no bairro Jardim Botânico, para tratar da semi-paralisia do lado direito do seu seu corpo. Nesse período, seus amigos se movimentaram para organizar e promover shows em benefício do artista e sua família. Em 1989, João do Vale recebeu alta e providenciou sua aposentadoria, passando a viver da pensão de cinco salários mínimos e de direitos autorais. João do Vale ficou consciente, mas com grande lacunas na memória, cognição afetada e dificuldades na fala. Tinha o corpo semi-paralisado e a perna visivilmente atrofiada. Em outubro de 1992, João do Vale foi homenageado em sua terra natal, com um show no Teatro da Praia Grande. Na ocasião, João do Vale revelava que sua intenção era se mudar para a cidade de Pedreiras a fim de passar o resto da sua vida na terra onde nascera. João voltou para Pedreiras, mudança fundamental para sua saúde. Ele não cansava de repetir o quanto se sentia bem em sua cidade natal. Ao completar 60 anos, em 1993, João do Vale foi homenageado com um show no teatro que levava seu nome, o Espaço Cultural João do Vale, na Praia Grande, em São Luis. Uma semana após o show, ele apareceu, de surpresa, na estréia de Chico Buarque no Canecão, no Rio. Naquele mesmo final de ano, Chico Buarque começou a pensar no projeto de um disco-tributo para João do Vale, com venda a ser revertida para o artista e sua família. O disco começou a ser gravado, pela BMG – Ariola, em 1994 e teve direção artística de Chico Buarque, Fagner e Sérgio de Carvalho. Vários artistas participaram das gravações com composições de João do Vale. O disco-tributo "João Batista Vale" recebeu, em 1995, o Prêmio Sharp de melhor disco de música regional. No ano de 1996, a saúde João do Vale ia oscilando, apresentando melhoras alternadas com algumas crises.Todos os dias, João do Vale jogava dominó em frente ao Sindicato dos Arrumadores, no centro de Pedreiras. Aos poucos, o estado de saúde de João do Vale foi piorando. Em 22 de novembro daquele ano, a turma do dominó soube que João não iria para o jogo, pois passara mal e resolvera ficar em casa. No final da tarde foi acometido por um novo acidente vascular cerebral. Apresentando um quadro grave de diabetes, hipertensão arterial e insuficiência renal, no dia 4 de dezembro, sofreu seu terceiro e fatal derrame, o que o levou ao coma. No dia 06 de dezembro de 1996, sexta-feira, às 13h30min, com falência múltipla dos órgãos, morreu João Batista Vale. A seu pedido, foi enterrado, em 8 dezembro, no modesto cemitério São José, de Pedreiras. Mais de 5 mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre, ao som de "Pisa na Fulô" e "Carcará", em arranjo para solo de saxofone de Sávio Araújo. Fontes: Texto Site Fundação João Vale. Fotos Site Iolanda Hazuk, MPBNet, Sites diversos de música. Vídeos relacionados: "O Canto da Ema" (com Jackson do Pandeiro) - 1982 http://memoriadampb.multiply.com/video/item/126 "Carcará" - Maria Bethânia - 1965 http://memoriadampb.multiply.com/video/item/127 Músicas: http://memoriadampb.multiply.com/music/item/362/362 |
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
15 anos sem João do Vale
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