Matéria veiculada no jornal Valor Econômico, em 28.06.2011
Canteiros de obras em todas as regiões
Lázaro de Souza | Para o Valor, de São Paulo
28/06/2011
Aline Massuca/Valor
A expectativa das empresas especializadas na construção de shopping center é de mais crescimento. Estimativas de alguns empresários do setor apontam para uma sequência de bons resultados, com taxas próximas de 20% ao ano, nos próximos 10 anos. E o maior potencial de expansão para as construtoras está nas cidades com população em torno de 250 mil habitantes, localizadas no interior do país.
Foi apostando exatamente nesse nicho que a Construtora Sá Cavalcante, do Grupo Sá Cavalcante tem registrado forte expansão em suas atividades. "Nosso planejamento para os próximos cinco anos é multiplicar por cinco o faturamento", diz Walter de Sá Cavalcante, vice-presidente do grupo, cujo faturamento total alcançou a marca dos R$ 250 milhões em 2010. A construtora responde por 50% dos negócios.
Atuando prioritariamente em mercados regionais do Sudeste e, principalmente do Nordeste, a construtora está finalizando dois shoppings, o Mestre Álvaro, na divisa de Vitória com Serra, no Espírito Santo, e o Shopping da Ilha, em São Luís (MA). Ambos devem ser inaugurados em novembro. Segundo Cavalcante, uma mostra do forte aquecimento vivido pelo mercado é que o Shopping da Ilha estava totalmente vendido seis meses antes de sua abertura.
Além desses dois em fase final, a construtora lançará no segundo semestre um grande projeto imobiliário, com investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão em Teresina (PI). Além de um shopping, projetado para ter quatro pavimentos e que deverá abrigar 300 lojas, o empreendimento terá edifícios comerciais e residenciais e uma reserva ambiental. Denominado Reserva Rio Poty, o projeto deve ser concluído em 2013.
Para o vice-presidente do Grupo Sá Cavalcante, o mercado de construção de shopping vive uma grande transformação. Segundo ele, como o crescimento da renda teve mais impacto no interior do país, é nessas regiões onde se concentram as melhores oportunidades. O cenário é mais propício, segundo ele, para empresas de médio porte e grupos regionais, uma vez que as grandes incorporadoras têm um nível de conhecimento menor desses mercados.
Com essa análise concorda Leonardo Neves, gerente de negócios da João Fortes Engenharia, que constrói shoppings desde os anos 80. "A tendência hoje é de desenvolvimento de mais empreendimentos no interior do país, que é o caminho natural do crescimento desse setor, devido principalmente às dificuldades e a escassez de terrenos nas capitais", comenta o executivo da João Fortes.
A construtora segue à risca essa tendência. A João Fortes está para concluir a construção do Shopping Park Europeu, um empreendimento de R$ 160 milhões, que está sendo erguido na Via Expressa, que liga o centro de Blumenau à BR-470, em Santa Catarina. O novo centro varejista, com inauguração prevista para novembro, terá 84 mil m2 de área construída, 180 lojas satélites e contará com uma alameda de serviços.
Seguindo a estratégia de se fortalecer em regiões fora dos grandes centros, a João Fortes deve começar em julho a construção do Shopping Park Lagos, na cidade de Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro. O empreendimento demandará investimento de R$ 150 milhões e deverá abrigar 170 lojas, sete lojas âncoras, quatro salas de cinema e 1.100 vagas de estacionamento. "A melhora geral da economia é o principal fator de incentivo para empreendimentos de shopping", comenta Neves.
Para o executivo da João Fortes, o setor está numa fase de retomada "após ter ficado anos quase que totalmente paralisado". Neves lembra, por exemplo, que "em termos de Área Bruta Locável por habitante estamos ainda muito distantes dos níveis dos Estados Unidos e da Europa". De acordo com estudos do setor, até no caso do México, cuja economia é parecida com a brasileira, a ABL é o dobro da registrada aqui.
Na visão do vice-presidente da Construtora Sá Cavalcante essa realidade de pequena participação dos shoppings nas vendas de varejo é mais um indicador de que há ainda muito espaço para crescimento do setor. Citando um levantamento feito em maio pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Cavalcante lembra que apenas 18% de todas as compras feitas pelo brasileiro no varejo ocorreram em shopping center. "Nos Estados Unidos, esse percentual deve estar hoje na casa dos 60%. Assim, temos muito que avançar", comenta.
Em razão disso, as construtoras como a Sá Cavalcante animam-se ainda mais com as perspectivas do mercado. Ele e outros empresários do ramo enfatizam que as oportunidades hoje estão em todas as regiões. Para eles, o perfil do local propício para shopping se alterou com o ganho de renda das classes C e D. Antigamente, segundo os construtores, para se construir um shopping o corte populacional era de cidade com 400 ou 500 mil habitantes. Agora, a partir de 200 mil, dependendo do seu grau de influência regional, já comporta estudo de viabilidade.
Na visão dos construtores e também de analistas que estudam essa atividade, o único ponto que pode gerar alguma tensão no curto prazo é uma pressão de custos que começa a aparecer no segmento. Afinal, com demanda aquecida, todos os insumos e serviços envolvidos no ramo dão sinais de elevação de preços, seguindo a lei da oferta e procura. Apesar disso, todos são unânimes em afirmar que esse é um daqueles problemas que pode ser classificado como bom.
Lázaro de Souza | Para o Valor, de São Paulo
28/06/2011
Aline Massuca/Valor
A expectativa das empresas especializadas na construção de shopping center é de mais crescimento. Estimativas de alguns empresários do setor apontam para uma sequência de bons resultados, com taxas próximas de 20% ao ano, nos próximos 10 anos. E o maior potencial de expansão para as construtoras está nas cidades com população em torno de 250 mil habitantes, localizadas no interior do país.
Foi apostando exatamente nesse nicho que a Construtora Sá Cavalcante, do Grupo Sá Cavalcante tem registrado forte expansão em suas atividades. "Nosso planejamento para os próximos cinco anos é multiplicar por cinco o faturamento", diz Walter de Sá Cavalcante, vice-presidente do grupo, cujo faturamento total alcançou a marca dos R$ 250 milhões em 2010. A construtora responde por 50% dos negócios.
Atuando prioritariamente em mercados regionais do Sudeste e, principalmente do Nordeste, a construtora está finalizando dois shoppings, o Mestre Álvaro, na divisa de Vitória com Serra, no Espírito Santo, e o Shopping da Ilha, em São Luís (MA). Ambos devem ser inaugurados em novembro. Segundo Cavalcante, uma mostra do forte aquecimento vivido pelo mercado é que o Shopping da Ilha estava totalmente vendido seis meses antes de sua abertura.
Além desses dois em fase final, a construtora lançará no segundo semestre um grande projeto imobiliário, com investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão em Teresina (PI). Além de um shopping, projetado para ter quatro pavimentos e que deverá abrigar 300 lojas, o empreendimento terá edifícios comerciais e residenciais e uma reserva ambiental. Denominado Reserva Rio Poty, o projeto deve ser concluído em 2013.
Para o vice-presidente do Grupo Sá Cavalcante, o mercado de construção de shopping vive uma grande transformação. Segundo ele, como o crescimento da renda teve mais impacto no interior do país, é nessas regiões onde se concentram as melhores oportunidades. O cenário é mais propício, segundo ele, para empresas de médio porte e grupos regionais, uma vez que as grandes incorporadoras têm um nível de conhecimento menor desses mercados.
Com essa análise concorda Leonardo Neves, gerente de negócios da João Fortes Engenharia, que constrói shoppings desde os anos 80. "A tendência hoje é de desenvolvimento de mais empreendimentos no interior do país, que é o caminho natural do crescimento desse setor, devido principalmente às dificuldades e a escassez de terrenos nas capitais", comenta o executivo da João Fortes.
A construtora segue à risca essa tendência. A João Fortes está para concluir a construção do Shopping Park Europeu, um empreendimento de R$ 160 milhões, que está sendo erguido na Via Expressa, que liga o centro de Blumenau à BR-470, em Santa Catarina. O novo centro varejista, com inauguração prevista para novembro, terá 84 mil m2 de área construída, 180 lojas satélites e contará com uma alameda de serviços.
Seguindo a estratégia de se fortalecer em regiões fora dos grandes centros, a João Fortes deve começar em julho a construção do Shopping Park Lagos, na cidade de Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro. O empreendimento demandará investimento de R$ 150 milhões e deverá abrigar 170 lojas, sete lojas âncoras, quatro salas de cinema e 1.100 vagas de estacionamento. "A melhora geral da economia é o principal fator de incentivo para empreendimentos de shopping", comenta Neves.
Para o executivo da João Fortes, o setor está numa fase de retomada "após ter ficado anos quase que totalmente paralisado". Neves lembra, por exemplo, que "em termos de Área Bruta Locável por habitante estamos ainda muito distantes dos níveis dos Estados Unidos e da Europa". De acordo com estudos do setor, até no caso do México, cuja economia é parecida com a brasileira, a ABL é o dobro da registrada aqui.
Na visão do vice-presidente da Construtora Sá Cavalcante essa realidade de pequena participação dos shoppings nas vendas de varejo é mais um indicador de que há ainda muito espaço para crescimento do setor. Citando um levantamento feito em maio pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Cavalcante lembra que apenas 18% de todas as compras feitas pelo brasileiro no varejo ocorreram em shopping center. "Nos Estados Unidos, esse percentual deve estar hoje na casa dos 60%. Assim, temos muito que avançar", comenta.
Em razão disso, as construtoras como a Sá Cavalcante animam-se ainda mais com as perspectivas do mercado. Ele e outros empresários do ramo enfatizam que as oportunidades hoje estão em todas as regiões. Para eles, o perfil do local propício para shopping se alterou com o ganho de renda das classes C e D. Antigamente, segundo os construtores, para se construir um shopping o corte populacional era de cidade com 400 ou 500 mil habitantes. Agora, a partir de 200 mil, dependendo do seu grau de influência regional, já comporta estudo de viabilidade.
Na visão dos construtores e também de analistas que estudam essa atividade, o único ponto que pode gerar alguma tensão no curto prazo é uma pressão de custos que começa a aparecer no segmento. Afinal, com demanda aquecida, todos os insumos e serviços envolvidos no ramo dão sinais de elevação de preços, seguindo a lei da oferta e procura. Apesar disso, todos são unânimes em afirmar que esse é um daqueles problemas que pode ser classificado como bom.
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