quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ponta da Madeira deu show e aula de praticagem a outros portos do Brasil e do mundo

Práticos capixabas se preparam para pilotar o navio Vale Brasil

Práticos capixabas se preparam para pilotar o navio Vale Brasil

Auxiliar as operações marítimas de um navio graneleiro de 400 mil toneladas de porte bruto (TPB) até o porto, caso do Vale Brasil, o maior do mundo em sua categoria, foi uma manobra comemorada pelo mundo da praticagem, em fins de maio deste ano, quando do primeiro carregamento feito no Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM), em São Luís (MA). Na ocasião, profissionais do setor vieram do Espírito Santo para acompanhar o trabalho e se preparar para conduzir o navio no Porto de Tubarão, no litoral capixaba.
No Maranhão, a manobra foi realizada sob a tutela do prático Carlos Figueiredo, com 50 anos de experiência. Outros seis práticos do Maranhão assistiram ao trabalho de Figueiredo.
Além do grupo do Maranhão, representantes de zonas de praticagem (ZP) de outros estados também acompanhar o trabalho: um prático de Recife (PE), um de Santos (SP) e dois de Vitória (ES). A China, país de destino da embarcação, também enviou cinco práticos para assistirem ao procedimento.
A operação foi realizada no dia 23 de maio, mais precisamente, e durou quase cinco horas, de 8h20 até 13h, quando foi concluída a amarração dos 24 cabos de aço (12 ligados à proa e os outros 12 à popa). Segundo o presidente da Associação dos Práticos do Estado do Maranhão, José Roberto Taranto, a manobra foi auxiliada por um rebocador a mais do que seria o usual para navios de grande porte naquela região, totalizando cinco rebocadores, quatro deles com força de 75 toneladas BP - os mais fortes hoje em operação no país.
Capixabas - De acordo com o sítio eletrônico Porto Gente, o prático capixaba Luiz Felipe Schmidt informou que a precaução com a manobra do Vale Brasil é acentuada, pois a localização do Porto de Tubarão não é como a do Terminal Portuário de Ponta da Madeira, em São Luís. "As manobras em São Luís oferecem mais espaço e profundidade", disse o prático.
Em São Luís, segundo Schmidt, a dificuldade de destaque é em função das marés que sobem e descem aceleradamente e com grandes amplitudes, as maiores do Brasil. No Espírito Santo, os problemas são, além da menor profundidade abaixo da quilha, os fortes ventos e as ondas da região. Segundo a Praticagem Espírito Santo, a desatracação dos navios irá requerer atenção redobrada, já que para seguir para alto-mar o navio tem de fazer uma acentuada guinada (curva) logo após deixar o berço do Porto.
Tubarão - A dragagem de aprofundamento no Porto de Tubarão está em execução. Hoje a região das manobras conta com 22,5 metros de profundidade e precisa chegar a pelo menos 26 metros. Mesmo com esse aumento, Tubarão estará longe das condições atuais do TPPM de 40 metros abaixo da superfície do mar. Segundo Schmidt, a pequena lâmina d'água abaixo da quilha do navio reduz sua controlabilidade e dificulta as manobras.
Experiência - O prático Ernesto Conti, que veio a São Luís acompanhar a manobra do Vale Brasil, disse que, frente ao gigantismo do navio, é oportuno dotar a área de operação de praticagem de um doppler como ferramenta de apoio à manobra. O uso desse aparelho, que informa as velocidades de aproximação frontal e lateral da embarcação, em relação ao berço de atracação, conjugado com o emprego da Unidade Portátil de Praticagem (PPU - Portable Pilot Unit), que levamos, muito contribuiria para melhorar as condições de segurança da manobra. No Maranhão, foram utilizados cinco rebocadores. No Espírito Santo, a previsão é de que o número de rebocadores seja maior.

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