Evandro Júnior
Da equipe de O Estado
Ele deixou o Maranhão nos idos de 1969, mas basta conversar por alguns minutos com o cantor Pepete para perceber que sua forte ligação com o estado, sua gente e sua cultura permanece. O músico está em São Luís desde o dia 9 de junho, quando desembarcou na capital para cumprir agenda de shows na temporada junina. Até o fim do mês, ele terá subido pelo menos 15 vezes ao palco, em diferentes arraiais e nas festas promovidas por empresas privadas.
Hoje, Dia de São João, Papete fará dois shows especiais, sendo um na Vila Junina (São Luís Shopping) e outro no arraial da Praia Grande, para homenagear o santo mais importante desta temporada. Durante mais de uma hora, os fãs do cantor ouvirão sua voz marcante e que está gravada principalmente na memória daqueles que viveram momentos inesquecíveis nas festas juninas de outrora.
Nos shows de hoje à noite, o cantor estará acompanhado dos músicos Murilo (teclado), Oliveira Neto (bateria), Serra Neto (baixo), Edinho Bastos (guitarra) e Marquinhos Macaúba (percussão). Com 22 discos, sendo 12 somente de músicas maranhenses, Papete diz que sempre se emociona quando retorna ao Maranhão e reencontra ícones culturais como o cantador Humberto de Maracanã, do qual ele se diz fã. “Quando o vi, me emocionei, porque sei que ele é um personagem de suma importância para a história da cultura maranhense”, diz.
Radicado em São Paulo, o cantor, compositor e percussionista tem estado envolvido com vários projetos. Ele está com viagem marcada para a Jamaica, no segundo semestre, onde participará de um evento voltado para o reggae - International Rastafari Day. Papete concedeu entrevista a O Estado depois de uma partida de tênis no Pestana São Luís Resort Hotel. “Eu me preparo para os terreiros jogando tênis. É uma espécie de preparação aeróbica, pois são muitas horas de show. Além disso, tomo bastante água, para hidratar o corpo e a garganta”, diz.
O Estado - O que significa para você retornar a São Luís nesta época do ano?
Papete - O São João para mim é uma parceria com a minha parte espiritual. Isso para mim é um compromisso religioso com a minha infância, de resgate do meu passado, e um encontro com tudo aquilo que eu acredito. Eu amo a cultura maranhense
O Estado – Quais as músicas do seu repertório junino que não podem faltar nos shows?
Papete – São várias as músicas marcantes, que fazem o público viajar no tempo, mas há aquelas das quais não abro mão, que são “Boi da Lua”, de César Teixeira, “Rosa Amarela”, de Oswaldo Preto, “Bela Mocidade”, de Donato Alves, e “Se não existisse o Sol”, de Chagas, da Maioba.
O Estado – Como está a vida musical de Papete em São Paulo?
Papete – Tenho feito várias coisas ao mesmo tempo. Estou desenvolvendo um trabalho com o violeiro e compositor Almir Sater, e também com o produtor musical Bid. Além disso, participei do Festival Natura Nos, com vários jamaicanos, inclusive com Jesse Royal, Sizzla e I Wayne. E também gravei com eles.
O Estado – E as parcerias em São Luís?
Papete – Já cheguei aqui cantando e reencontrando os amigos. Tenho cantado com Betto Pereira, inclusive no interior do Maranhão, como Caxias e Santa Inês e na abertura do Arraial da Lagoa. Eu e Betto retornaremos a Caxias no dia 25.
O Estado – Quais os seus projetos para este ano?
Papete – Estou debruçado em um projeto chamado “Os senhores contadores, amos e poetas do bumba meu boi do Maranhão”, apoiado pela Caixa. Trata-se de um livro com DVD, que resultará de um trabalho de pesquisa iconográfica da história do bumba meu boi. A distribuição desse material será gratuita em escolas, universidades, ONGs, bibliotecas e fundações culturais.
O Estado – Há algum CD em vias de produção?
Papete – CD não, mas um DVD, que será lançado até o fim deste ano. Fiz um apanhado dos meus melhores shows ao longo da carreira, com entrevistas e o meu trabalho internacional.
O Estado – Até quando você ficará em São Luís?
Papete – Fico aqui até o dia 5 de julho, mas retorno para iniciar o projeto dos amos e poetas do bumba meu boi.
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