Do Blog O Liquidificador
Muitas de nossas mais expressivas manifestações folclóricas possuem origens em terras ibéricas, sendo depois, no Brasil, transformadas pelo povo. Foi o que aconteceu com a Festa do Divino Espírito Santo, que, segundo o folclorista Câmara Cascudo, é uma festa em muitos de seus pormenores made in Brazil, por ter sido construída pelos negros tomando como referência elementos da cultura européia, pois festa chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses do século XVI. A foto acima é do foto-repórter Douglas Júnior, da equipe de O Estado do Maranhão.
De forma mais precisa, Carlos de Lima atribui a origem da devoção à construção da Igreja do Espírito Santo, estabelecida pela Rainha Santa, Isabel, no século XIII em Alenquer, estabelecendo-se no século XVI no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão e Goiás. Continuando nas prováveis origens da inspiração lusa, o título de Imperador é popularizado na península por Carlos V, genro de Dom Manuel, o venturoso de Portugal.
A partir daí, teria sido a Festa do Divino, com Imperador, mordomos, damas, açafatas, guardas, guerreiros, pajens, música e, antes disso, os cortejos que agenciavam ou complementavam os recursos, um “orgulho reinol” que conquistou o negro escravo e, a partir da Coroa do Divino Imperador, teriam sido originados todos os outros folguedos brasileiros que envolvem um personagem coroado: Reisados, Congos, Congadas e Congados, Coroação de Reis dos Congos, Maracatu, todos influenciados, em sua indumentária e no uso da coroa, pelo Divino.
Maranhão - Existem festas do Divino espalhadas por todo o Maranhão, podendo ser classificadas em pelo menos três formas mais gerais: a famosa Festa do Divino de Alcântara; as Festas do Divino em terreiros de religiões afro-brasileiras e as festas de casas particulares realizadas por pagamento de promessa, devoção ou tradição de família em São Luís. Nessas três formas mais gerais, temos cerca de 150 festas do Divino cadastradas no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, o que torna a manifestação algo celebrado de forma intensa durante todo o ano no Maranhão.
Isso se dá porque a festa pode acontecer em qualquer data do calendário, de acordo com o dia do santo que é cultuado, havendo festas nos meses de janeiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. Cidades circunvizinhas a São Luís e Alcântara, como Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Rosário e Santa Rita recebem influências dos Divinos festejados naquelas duas cidades. Na foto ao lado, o cortejo do Império pelas ruas de Alcântara.
Alcântara - Em Alcântara a festa é realizada eminentemente pelos católicos, marcada por rituais na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1665, logo, no século XVII. Antes disso, esses rituais aconteciam na Igreja do Rosário dos Pretos, no bairro Caravela. É considerada a maior festa do Divino realizada no Maranhão, por constituir um ciclo que dura o ano inteiro, iniciando-se no Domingo de Pentecostes, quando ocorre o ritual da leitura do "Pelouro" e terminando no Domingo de Pentecostes do outro ano no mesmo ritual de leitura do Pelouro da festa seguinte.
Há uma versão de que a Festa de Alcântara teria sido originada quando da frustrada visita de Dom Pedro II à cidade, ocasião em que os negros se reuniram, lavaram um cortejo à Igreja para coroar um Imperador e assim acabaram inventando a festa. Fato pouco provável historicamente por ser a festa uma herança miscigenada de portugueses e negros, talvez já existente em Alcântara antes da tal malograda visita.
Parece um tanto simplista afirmar que foi criada a partir desse episódio, tendo sido suas inspirações trazidas de Portugal e, depois, foi expandida por todo o Brasil. O que importa é que se as pessoas acreditam nisso e essa suposta origem faz parte da festa e do folclore em Alcântara, tendo de ser levada em conta, ainda que pouco provável historicamente. São as crenças desse povo que fazem dessa festa uma das mais belas do Maranhão, sobretudo pelo modo sério e religioso com que a tratam, o que faz com que os festeiros, faça chuva ou faça sol, cumpram com suas obrigações e com todo o ritual nela existente. Na foto ao lado, as caixeiras de Alcântara.
Muitas de nossas mais expressivas manifestações folclóricas possuem origens em terras ibéricas, sendo depois, no Brasil, transformadas pelo povo. Foi o que aconteceu com a Festa do Divino Espírito Santo, que, segundo o folclorista Câmara Cascudo, é uma festa em muitos de seus pormenores made in Brazil, por ter sido construída pelos negros tomando como referência elementos da cultura européia, pois festa chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses do século XVI. A foto acima é do foto-repórter Douglas Júnior, da equipe de O Estado do Maranhão.
De forma mais precisa, Carlos de Lima atribui a origem da devoção à construção da Igreja do Espírito Santo, estabelecida pela Rainha Santa, Isabel, no século XIII em Alenquer, estabelecendo-se no século XVI no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão e Goiás. Continuando nas prováveis origens da inspiração lusa, o título de Imperador é popularizado na península por Carlos V, genro de Dom Manuel, o venturoso de Portugal.
A partir daí, teria sido a Festa do Divino, com Imperador, mordomos, damas, açafatas, guardas, guerreiros, pajens, música e, antes disso, os cortejos que agenciavam ou complementavam os recursos, um “orgulho reinol” que conquistou o negro escravo e, a partir da Coroa do Divino Imperador, teriam sido originados todos os outros folguedos brasileiros que envolvem um personagem coroado: Reisados, Congos, Congadas e Congados, Coroação de Reis dos Congos, Maracatu, todos influenciados, em sua indumentária e no uso da coroa, pelo Divino.
Maranhão - Existem festas do Divino espalhadas por todo o Maranhão, podendo ser classificadas em pelo menos três formas mais gerais: a famosa Festa do Divino de Alcântara; as Festas do Divino em terreiros de religiões afro-brasileiras e as festas de casas particulares realizadas por pagamento de promessa, devoção ou tradição de família em São Luís. Nessas três formas mais gerais, temos cerca de 150 festas do Divino cadastradas no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, o que torna a manifestação algo celebrado de forma intensa durante todo o ano no Maranhão.
Isso se dá porque a festa pode acontecer em qualquer data do calendário, de acordo com o dia do santo que é cultuado, havendo festas nos meses de janeiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. Cidades circunvizinhas a São Luís e Alcântara, como Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Rosário e Santa Rita recebem influências dos Divinos festejados naquelas duas cidades. Na foto ao lado, o cortejo do Império pelas ruas de Alcântara.
Alcântara - Em Alcântara a festa é realizada eminentemente pelos católicos, marcada por rituais na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1665, logo, no século XVII. Antes disso, esses rituais aconteciam na Igreja do Rosário dos Pretos, no bairro Caravela. É considerada a maior festa do Divino realizada no Maranhão, por constituir um ciclo que dura o ano inteiro, iniciando-se no Domingo de Pentecostes, quando ocorre o ritual da leitura do "Pelouro" e terminando no Domingo de Pentecostes do outro ano no mesmo ritual de leitura do Pelouro da festa seguinte.
Há uma versão de que a Festa de Alcântara teria sido originada quando da frustrada visita de Dom Pedro II à cidade, ocasião em que os negros se reuniram, lavaram um cortejo à Igreja para coroar um Imperador e assim acabaram inventando a festa. Fato pouco provável historicamente por ser a festa uma herança miscigenada de portugueses e negros, talvez já existente em Alcântara antes da tal malograda visita.
Parece um tanto simplista afirmar que foi criada a partir desse episódio, tendo sido suas inspirações trazidas de Portugal e, depois, foi expandida por todo o Brasil. O que importa é que se as pessoas acreditam nisso e essa suposta origem faz parte da festa e do folclore em Alcântara, tendo de ser levada em conta, ainda que pouco provável historicamente. São as crenças desse povo que fazem dessa festa uma das mais belas do Maranhão, sobretudo pelo modo sério e religioso com que a tratam, o que faz com que os festeiros, faça chuva ou faça sol, cumpram com suas obrigações e com todo o ritual nela existente. Na foto ao lado, as caixeiras de Alcântara.
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