domingo, 24 de outubro de 2010

Projeto incentiva o turismo em cemitérios


O Cemitério do Gavião virou atração turística em São Luís. Alunos e professores do curso de Turismo de faculdades da cidade apostam na iniciativa para atrair visitantes. O local, protegido como patrimônio da humanidade desde 1997, está sendo incluído no roteiro de passeios turísticos e recebe visitas guiadas periodicamente.

Ao som de violino e flauta, os quase 30 visitantes formavam o grupo guiado pelos turismólogos Antonio Noberto e Aline Vasconcelos. As lápides e jazigos remetem às origens do município. O tour sepulcral no cemitério público mais antigo da capital maranhense propõe conhecer um pouco mais da história de personalidades ilustres, como Aluísio Azevedo, o mais importante romancista maranhense, que está sepultado no local. Também estão enterrados no cemitério o poeta Bandeira Tribuzzi; a líder política Maria Aragão; o escritor Sousândrade; o ex-governador do Maranhão Benedito Leite e Ana Amélia, a musa de Gonçalves Dias.

Além de personalidades famosas que fazem parte da história do Maranhão e de São Luís, destacam-se no cemitério motivos religiosos, como cruzes e imagens de Jesus Cristo, anjos e santos católicos.

Entre os atentos visitantes estava Brenda Leite, 20 anos, aluna do 3º período do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). “É muito boa a idéia de visitar um cemitério desta forma", disse a estudante, que afirmou nunca ter estado em um campo-santo antes. “Fiquei um pouco apreensiva, mas como está de dia e há várias pessoas ao meu redor, não há o que temer”, contou.

Com seus monumentos e esculturas, o cemitério relembra a história do Maranhão, e o passeio pelo local serve também para mostrar um pouco mais sobre a arquitetura de São Luís. “A arte presente no cemitério é muito mais carregada que a arte de hoje”, disse a especialista Aline Vasconcelos, para quem o cemitério é valioso não apenas pelas pessoas enterradas no local, mas também pelas as obras que ele abriga.

Preservação – A restauração do Cemitério do Gavião é uma reivindicação antiga, lembra o turismólogo Antonio Noberto, que defende a proteção do patrimônio. De acordo com o ele, o turismo em cemitérios, também conhecido como necroturismo ou cemitour, é um segmento do turismo que vem chamando atenção de visitantes.

Na opinião do especialista, a promessa de recuperação do cemitério não foi vista como prioridade no passado. Apesar de parecer estranho incluir o espaço em um roteiro turístico, ele considera positiva a idéia. Para ele, o material usado para os jazigos, as letras e a forma de construção dos túmulos servem como interessante fonte histórica. “O passeio valoriza o que o local representa para a comunidade. É uma das melhores formas de se conhecer a história local”, acredita.

Mais

Inaugurado em 1855, o Cemitério do Gavião era conhecido como Cemitério de São José da Misericórdia, porque era administrado pela Irmandade da Misericórdia. Porém, o local quebrou o vínculo com a irmandade, passando a se chamar Cemitério de São Pantaleão. Hoje, ele é conhecido como Cemitério do Gavião, em homenagem ao bairro em que está localizado: Quinta do Gavião.
http://imirante.globo.com/noticias/2010/10/23/pagina257362.shtml

Nenhum comentário: