Aos 40 anos de carreira, dono de uma personalidade musical marcante e cheio de ritmo, o paraense Pinduca honra o título de “Rei do Carimbó”. O cantor e compositor, que se apresenta hoje, às 22h, no Ceprama (Madre Deus), é o principal representante do ritmo, mas se diz influenciado pela música e cultura do Maranhão, estado que considera seu “de coração”.
Seu show, que será precedido por apresentações do sanfoneiro Inaldo Bartolomeu e do cantor Roberto Brandão, terá como carro-chefe o carimbó, mas abrirá espaço para outros ritmos, já que ele se apresentará com a banda completa. “Estive aí em São Luís ano passado, mas não me apresentei com a banda. Na ocasião prometi fazer um show completo e agora volto para cumprir o prometido”, disse Pinduca, em entrevista concedida por telefone a O Estado. Ele subirá ao palco acompanhado por 12 músicos e quatro bailarinas.
Com o tradicional chapéu que tão bem o identifica, Pinduca foi o responsável por divulgar para o Brasil o carimbó, ritmo oriundo da cultura popular paraense, que tem coreografias e indumentárias próprias e cujos instrumentos tradicionais são dois "carimbos" (tambores), ganzá, reco-reco, banjo, flauta, maracás, afoxé e os pandeiros.
O artista, que imprimiu sua marca no jeito de cantar e tocar o ritmo paraense, é autor de outros ritmos como o sirimbó (mistura de carimbó com siriá, ambos provenientes da cultura popular paraense) e o langode (mistura da lambada com o pagode), entre outros.
No caldeirão musical de Pinduca há espaço para pitadas de todas as vertentes musicais. “É por isto que nosso show é alegre, bonito. Vou levar até um banho de cheiro para trazer boa sorte à platéia”, adianta.
O músico, que se orgulha de conhecer todos os municípios maranhenses, diz que o show é um jeito de agradecer a forma como é sempre recebido pelo estado. “O Maranhão e o Pará têm muito em comum, ambos são influenciados pela música da América Latina e Caribe. Além disso, temos o bumba-meu-boi que nasceu aí, mas que chegou ao Pará”, destaca.
O artista desacata ainda que, no início de sua carreira, o Maranhão foi, depois do Pará, o primeiro estado a aceitar e divulgar o carimbó feito por ele.
Trajetória – Com 33 discos, Aurino Quirino Gonçalves, o Pinduca divulgou seus ritmos em países como Bolívia, Peru, Colômbia, Angola, Guiana Francesa e Alemanha. Seu maior interesse é levar a cultura musical paraense e as coisas do Pará a todos os lugares onde se apresenta.
Natural da cidade de Igarapé-Mirim (PA), é de uma família de músicos. Seu pai, José Plácido Gonçalves, era professor de música e foi com ele que Pinduca aprendeu as primeiras notas musicais. Sua mãe, Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves, teve 13 filhos e todos sabem tocar algum instrumento musical.
Ele iniciou sua carreira aos 14 anos, como pandeirista. Certo dia, durante as comemorações da festa de Nossa Senhora do Rosário, na vila de Maiuatá (município de Igarapé-Mirim e Abaetetuba) tocando a alvorada que abriria os festejos, levantou-se e começou a dançar, enquanto tocava suas maracas.
Todos se aproximaram para ver a novidade, pois naquela época os conjuntos musicais tocavam apenas instrumentos acústicos, com todos os músicos sentados ao redor do cantor, que também cantava sem microfone.
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