quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Corredor N/NE vai baratear em 30% as exportações brasileiras

BRASÍLIA - A principal solução para escoar a safra de grãos da região Centro-Oeste é a rota pelo Norte do país. A expectativa é de que o novo corredor represente uma redução de, no mínimo, 30% dos custos logísticos, segundo estimativas do Departamento de Infraestrutura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

"Hoje, são exportados pelos portos da região Norte cerca de oito milhões de toneladas de grãos por ano (mtpa). Nossa meta é escoar quatro vezes mais esse volume nos próximos quatro anos", afirma o subcoordenador do departamento, Carlos Alberto Nunes.

Neste contexto, cabe destacar o caso do Maranhão. Atualmente, a exportação de grãos agrícolas (principalmente soja) é realizada pela Vale. O Terminal Portuário Ponta da Madeira (TPPM), da mineradora, movimenta cerca de dois milhões de toneladas por ano (mtpa). Há informes sobre o interesse da empresa em expandir essa capacidade para até três milhões de toneladas até 2011.

Além do TPPM, está em processo de implantação no Porto do Itaqui o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), que prevê movimentar até cinco mtpa na primeira fase (início de 2011) e até 15 mtpa na terceira etapa. Com isso, o sistema portuário de São Luís (MA) prevê atender a demanda de, no mínimo, oito milhões de toneladas de grãos anuais da próxima safra (2010/2011).

Entretanto, Carlos Alberto Nunes explica que somente a fronteira agrícola denominada Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já produz entre seis mtpa e oito mtpa, ou seja, essa região deverá usar uma boa parte da capacidade atual dos portos. Por isso, entre os terminais que deverão receber atenção do governo, diz o executivo, estão Porto Velho (RO), Itacoatiara (AM), Vila do Conde e Santarém (PA) e Itaqui (MA). O objetivo é criar, e melhorar, as alternativas para chegar a esses portos.

Integração – O caminho para os portos do Norte e Nordeste, segundo o Movimento Pró-Logística do Mato Grosso, passa por algumas obras para tornar o corredor viável. A primeira delas é a BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). A rodovia federal, construída na década de 1970, até hoje não foi totalmente pavimentada. A obra está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e deverá ser concluída em 2012.

A estrada reduzirá pela metade a distância percorrida até os portos do Sul e Sudeste. Para isso, será necessário ampliar a capacidade do Porto de Santarém. Outra obra importante é a Ferrovia Centro-Oeste, entre a cidade de Vilhena (RO) até a Ferrovia Norte-Sul, que dá acesso ao Porto de Itaqui, no Maranhão.
Segundo o coordenador executivo do Movimento Pró-logística, Edeon Vaz Ferreira, o empreendimento, projetado pela estatal Valec, vai beneficiar todo o norte do Mato Grosso, que tem apresentado grande expansão na produção de grãos agrícolas.

Hidrovias - A lista de sugestões inclui ainda projetos para transformar os rios Teles Pires e Tapajós em hidrovias, a melhor solução para o agronegócio, diz Ferreira. Ele afirma, no entanto, que o transporte está concorrendo com a energia elétrica, já que o governo planeja uma série de hidrelétricas em ambos os rios.

A construção das usinas exigiria cerca de dez eclusas, que custariam R$ 7 bilhões. "A expansão da hidrovia no Brasil pode representar uma queda de 65% no custo do transporte", afirma Edeon Vaz Ferreira.

Nesse sentido, Carlos Alberto Nunes, do Ministério da Agricultura, dá uma boa notícia. Depois de décadas em construção, a eclusa de Tucuruí deverá ser inaugurada este ano, o que permitirá o transporte de cargas no rio Tocantins. "As obras deverão ser concluídas entre setembro e novembro. Depois, ela entrará em testes", disse Carlos Nunes.

Produção - "O grande desafio do Brasil é encontrar logo alternativas para escoar a safra. Só a produção de soja deve crescer mais 25 milhões de toneladas até 2020 (este ano deve ser de 68 milhões de toneladas)", afirmou o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho. Ele ressaltou que, além da má-qualidade das estradas e da falta de capacidade das ferrovias, os portos também representam uma grande dor de cabeça para os produtores.

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