sábado, 1 de agosto de 2009

Programa Espacial Brasileiro fica no CLA


O ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartou a possibilidade de retirar do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, o Programa Espacial Brasileiro (PEB), considerado por ele um dos principais marcos da soberania nacional. O anunciou foi feito ontem pelo secretário estadual de Representação Institucional do Maranhão em Brasília, Francisco Escórcio, ao participar de um reunião com Jobim e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.

Segundo Escórcio, o ministro Jobim foi taxativo na decisão da permanência da PEB no CLA. “Não existe nada que possa subtrair do Maranhão o Programa Espacial Brasileiro. O ministro Jobim afirmou, inclusive, que estão previstos muitos planos para o estado”, declarou.

Além de novos investimentos, Nelson Jobim prevê para o CLA a construção de unidades para atividades de lançamentos de foguetes e experimentos espaciais.

“Nelson Jobim garantiu ainda que o Centro de Lançamento de Alcântara, além de reformulado, receberá outros aplicativos que ainda não tinham sido agendados. A transferência do Programa Espacial Brasileiro para outro estado, conforme está sendo especulado pela imprensa, está descartada”, afirmou Escórcio.

A postura do ministro Jobim é considerada decisiva para o futuro do Centro de Lançamento de Alcântara, localizado no cerne de um problema social e tecnológico: a necessidade de expansão do CLA para continuar o desenvolvimento tecnológico implica em novos remanejamentos de comunidades remanescentes de quilombolas que ocupam uma área de 78 mil hectares. Essa questão será debatida em uma reunião que acontecerá na próxima terça-feira, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos.

Na ocasião, deverão ser definidas estratégias que possam garantir a expansão das atividades espaciais no Maranhão e resolver, assim, o impasse com as 110 comunidades quilombolas.


Expansão - A questão se arrasta há anos e acentuou-se depois que o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), reconheceu, em novembro do ano passado, que a área pretendida para a expansão do CLA era culturalmente de direito dos quilombolas. Por causa da impossibilidade de expansão, a Agência Espacial Brasileira anunciou que estava estudando outras possibilidade de implantar centros de lançamentos fora do Maranhão. Por enquanto, os estudos ainda são inconclusivos.

Mesmo diante do impasse, o Centro de Lançamento de Alcântara mantém o seu programa de atividades. No momento, o efetivo do CLA prepara-se para a campanha de lançamento FogtreinI, que prevê o lançamento de dois foguetes de pequeno porte nos dias 10 e 11 de agosto. A operação tem como objetivo lançar e rastrear dois protótipos de foguete chamados de FTB, que ainda estão em fase de desenvolvimento. Os foguetes estão sendo desenvolvidos pela empresa brasileira Avibras e têm cerca de 90% de tecnologia nacional.


Mais

Caso as atividades comerciais do Programa Espacial Brasileiro sejam transferidas do CLA para outro centro de lançamento no país, o Maranhão perde uma parcela significativa da participação nas atividades espaciais do Brasil.

Sem a possibilidade de uso do CLA para a exploração comercial, as atividades ficarão restritas somente a lançamentos institucionais, experiências de novos modelos de foguetes, impedindo a perspectiva de aluguel de sítios de lançamentos para outros países, a exemplo da Suécia e Alemanha, potenciais parceiros do Brasil.



http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2009/07/31/pagina158279.asp

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