Miolo do boi em turnê pelo Brasil
Cia. Santa Ignorância apresentará, de hoje até sábado, no Teatro Alcione Nazaré, o espetáculo O Miolo da Estória
Quatro artistas representantes da Cia. Santa Ignorância, do Maranhão, estão na expectativa para uma viagem por 35 cidades brasileiras. Eles participarão do projeto Palco Giratório, de iniciativa do Serviço Social do Comércio (Sesc), e que está em sua 16ª edição. Os maranhenses levarão para o Brasil o espetáculo O Miolo da Estória, de autoria do ator e diretor Lauande Aires. O espetáculo será apresentado em São Luís de hoje até sábado, às 19h, no Teatro Alcione Nazaré (Praia Grande). A primeira apresentação fora do Maranhão acontecerá no dia 13 de abril, em Fortaleza.
Além de Lauande Aires, a caravana será composta pela operadora de sonoplastia Rosa Ewerton, pelo diretor de palco e de cenotecnia Léo Alves e pelo iluminador Júlio César. No roteiro, estão as capitais São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, entre outras. O espetáculo conta a vida de João Miolo, um operário da construção civil e brincante de bumba meu boi que se inquieta com sua condição de miolo e quer ser cantador. Ele se revolta contra a brincandeira e contra o santo junino, mas vai precisar refazer seus votos para não perder a fé.
A peça retrata o pagamento da promessa de João pela sua saúde e é encerrada com ele pagando a promessa na Capela de São Pedro. “O espetáculo aborda o homem em conflito com a fé em suas relações sociais”, explica Lauande Aires.
O solo teatral recebeu, em 2011, quatro prêmios no Festival de Monólogos Ana Maria Rêgo, realizado em Teresina (PI), nas categorias Melhor Espetáculo, Melhor Cenário (Lauande Aires), Melhor Sonoplastia (Lauande Aires) e Melhor Iluminação (Júlio César da Hora e Eliomar Cardoso).
Este é o segundo ano que o Maranhão participa do projeto Palco Giratório, considerado uma importante divulgação do teatro, por intermédio da circulação dos grupos pelo Brasil, o que possibilita o intercâmbio de experiências.
Além da circulação da peça O Miolo da Estória, outro projeto está sendo pensado pela Cia. Santa Ignorância. Trata-se do espetáculo Sangue de Bode, que toma por base a tragédia grega, relacionando-a ao universo dos brincantes anônimos do bumba meu boi. “Nós estamos em processo de pesquisa desse espetáculo e ainda não sabemos quando ele começará a ser montado”, disse Lauande Aires.
A peça O Miolo da Estória foi apresentada ano passado em seis estados da região Norte, por meio do Premio Funarte de Teatro Miriam Muniz, do Ministério da Cultura.
Itinerante - O lançamento da 16ª edição do Palco Giratório acontecerá em São Paulo no dia 14 de março. Uma das novidades desta edição é a estreia da modalidade cênica Intervenção Urbana que contempla artistas que realizam perfomances nas ruas. A companhia Coletivo Construções Compartilhadas realizará a performance Pingos e Pigmentos no evento de abertura, seguida da apresentação da peça Amor Confesso, no Sesc Belenzinho.
Desta vez o homenageado será Ilo Krugli, do Teatro Vento Forte - grupo quadragenário e com destacada importância no âmbito do teatro infantil. A edição 2013 chama atenção também por contar com cinco monólogos, entre eles O Filho Eterno (RJ), que ganhou o prêmio Shell de melhor ator em 2011. Além das apresentações principais e do Circuito Especial, o evento tem atividades paralelas, como o Pensamento Giratório, espaço no qual são discutidos estudos culturais com a comunidade, as Aldeias , mostras locais de artes cênicas e outras manifestações culturais, além de Oficinas e Intercâmbios, encontros de grupos locais com grupos integrantes do circuito, para troca de ideias.
O Palco Giratório é considerado um dos maiores festivais de teatro itinerante da América Latina. Em 2012, circulou por 122 cidades, com 23 espetáculos. Ao todo, foram 700 apresentações dos mais diversos gêneros. Para São Luís, virão grupos de outros estados, a partir do mês de maio.
Os espetáculos do projeto vão além das apresentações: os grupos promovem intercâmbios por onde passam, proporcionando experiências construtivas para o público e outros artistas. Conversas, oficinas e debates ampliam ainda mais o conhecimento sobre o processo de criação no universo das artes cênicas. Os grupos passam, no máximo, quatro dias em cada cidade.
O projeto, já consolidado no cenário cultural brasileiro, leva 732 apresentações artísticas e mais de 1.200 horas de oficinas a diferentes cidades - muitas delas de forma simultânea, percorrendo todos os estados brasileiros e contribuindo para uma política de descentralização e difusão das produções cênicas no país.
Outra novidade desta edição é a inauguração do Circuito Especial - paralelo ao principal -, que percorre 11 estados. A cada ano, um grande mestre das artes cênicas será escolhido para seguir o percurso com seu espetáculo.
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