A indústria vivencia uma demanda crescente
por profissionais qualificados. Entretanto, a formação de recursos humanos tem
sido o grande gargalo do setor. Apesar do número de graduados, as empresas
reclamam da falta de profissionais aptos às suas necessidades.
O mercado de construção
naval, petróleo e gás brasileiro passa por grandes mudanças. Os cenários são
otimistas, demandando profissionais das mais diversas áreas para garantir o
aumento da capacidade produtiva dos estaleiros e petroleiras. Com as
perspectivas de aumento da produção de petróleo no Brasil, principalmente após
as descobertas do pré-sal, cursos voltados para a formação de mão de obra para o
setor proliferaram em todo país. Segundo o Ministério da Educação, nos últimos
dois anos foram criados nada menos que cerca de cem novos cursos superiores
destinados à capacitação para o setor de óleo, gás e indústria naval. São Paulo
concentra a maior parte deles, seguido de Rio de Janeiro, mas também há
oportunidades em estados como Espírito Santo, Amazonas e Bahia. A grande procura
por profissionais, especialmente por parte de multinacionais, também tem
impulsionado a expansão de treinamentos e cursos livres.
A indústria do petróleo engloda as mais
diversas atividades, desde a engenheria ao direito, passando pela medicina e
pela administração de empresas, dentre outras. Com isso, vários cursos
profissionalizantes e de graduação surgiram para atender não só as centenas de
empresas nacionais e internacionais, mas também pessoas interessadas em
ingressar no mercado de óleo e gás - com remunerações até 30% superiores ao que
é pago em outros setores da economia.
Em 1999, a PUC-Rio iniciou a turma de
especialização em Engenharia de Petróleo, para graduados em Engenharia Plena,
com o objetivo de formar profissionais em curto tempo (400 horas). Depois de
ganhar experiência com as várias turmas, a instituição decidiu criar o curso de
graduação em engenharia de petróleo, iniciado em 2005. Segundo Sérgio Fontoura,
coordenador do referido curso, a procura pela especilização é grande.
"Anualmente, recebemos cerca de 30 alunos para o curso de graduação e 40 alunos
para a especialização em Engenharia de Petróleo para graduados", afirma ele.
"Nossa maior preocupação é garantir uma formação de alto nível para estes alunos
e suprir o mercado com bons profissionais", diz.
A profissão de engenheiro de petróleo, por
exemplo, está em franco crescimento. O salário médio inicial de R$ 2 mil e o
interesse de empresas do porte de Petrobras, Ipiranga e Shell, fazem da
engenharia de petróleo uma opção atrativa para quem pretende construir uma
carreira profissional. Além de trabalhar com o estudo e análise de jazidas de
petróleo, e projetos de extração do produto, o profissional dessa área pode
trabalhar com outros combustíveis, como o gás natural.
Tecnólogos
A maior parte dos cursos destinados à formação
de tecnólogos, que têm diploma de curso superior, mas não título de bacharel.
São cursos de menor duração do que uma graduação tradicional, voltados
exclusivamente para o mercado de trabalho.
O cursop tem duração menor ( média de dois
anos) que a do bacharelado (quatro a cinco anos). No entanto, com esta formação,
os profissionais ainda não são aceitos nas inscrições para vagas de nível
superior em concursos da Petrobras. A altenativa, nesse caso, é buscar trabalho
em empresas terceirizadas.
Cada curso de tecnologia em petróleo e gás
prioriza áreas específicas, como técnica operacional, refino, processamento de
petróleo, mineração, gestão de negócios, serviços em poços de petróleo, produção
industrial, entre outras.
Indústia Naval
Pegando carona na necessidade
de contratação do setor petrolífero, a indústria naval também está em fase de
expansão e, consequentemente, chamando profissionais para trabalhar nos
estaleiros e nas empresas da área. Estudo recente identificou a necessidade de
qualificar 207 mil pessoas até 2013.
A revitalização da indústria naval inaugura um
período de oportunidades para os interessados em atuar na área. Por conta da
construção de todos os navios do programa Promef (Programa de Modernização e
Expansão da Frota), da Transpetro, empresa de logística da Petrobras, é estimada
a geração de 40 mil empregos diretos.
"No final da décado de 1990, os cursos navais
quase foram extintos, mas hoje, estão todos lotados", recorda o coordenador do
curso de construção naval da ETE Henrique Lage, Antônio Carlos de Jorge.
De acordo com dados da Fundação de Apoio à
Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec), a demanda de profissionais no setor
naval, é de cerca de 16 mil pessoas, o que mostra que existem muitas
oportunidades e quem quiser entrar nesse mercados tem que se qualificar.
Por isso, a área de engenharia naval também
está em alta, inclusive com relação aso salários que chegam em média a R$ 3 mil
para iniciantes na carreira. O profissional formado nesta área tem um campo de
trabalho bastante extenso, o que significa que terá oportunidades em diversas
empresas.
Entre teoria e a práticas de fato, a demanda
existe , porém, segundo Tertuliano Soares, coordenador pedagógico da
Petrocenter, escola de logística, exploração e produção de petróleo e gás, é
necessário difereciar o contexto das duas cadeias produtivas no tocante a mão de
obra. "Por um lado temos recursos humanos, porém, carentes de atualização
profissional; por outro, a emergência de formar profissionais com alto nível de
especialização em escolas técnicas e universidades", aponta.
A indústria de construção naval brasileira
absorve uma gama diversificada de profissionais, desde pintores a engenheiros
navais especializados. De acordo com o especialista, o grande gargalo está nos
profissionais de qualificação técnica de nível médio e alguns de nível básico
como soldadores, eletricistas e instrumentadores.
O candidato também deve estar
pronto para mudar de domicílio e migrar para onde os parques industriais estão
se instalando. "Atualmente a contratação de determinado empregado implica a
necessidade de o mesmo migrar de onde reside para outra localidade. O problema
não é simplesmente a escassez de especialistas, mas o de estar disposto a migrar
para outra região do país", explica.
Para o coordenador pedagógico da Petrocenter,
cabe ao mercado contribuir para a solução desse problema. "A superação destes
desafios está numa articulação entre os diversos atores do mercado com as
escolas técnicas privadas, por exemplo", avalia. "O fortalecimento das escolas
privadas de educação profissional é a saída a curto prazo para que a sociedade
tenha acesso a serviços educacionais de alto nível e as empresas tenham
profissionais com currículos adequados às necessidades dos processos produtivos
vigentes", conclui.
De acordo com o coordenador do Instituto Senai
de Educação Superior (Ises), Caetano Moraes, nos últimos anos foram percebidas
mudanças na área educacional, inclusive na formação especializada ou
continuada.
O Senai-RJ, por meio do Ises, desenvolve cursos
de pós-graduação para atender a crescente demanda por profissionais da cadeia de
Petróleo, Gás e Biocombustíveis, tendo em vista a projeção de investimentos para
toda a cadeia produticva de petróleo no Brasil até o ano de 2014. Investimentos
esses na ordem de US$ 224 bilhões.
As universidades, em sua maioria, desenvolvem
os cursos de graduação para o atendimento das diferentes demandas industriais.
Entretanto, as indústrias do segmento de Petróleo, Gás e Biocombustíveis
necessitam de profissionais com formação especializada e linguagem técnica
específica.
Diante disso, os cursos de espacialização do
Ises são elaborados a partir de discussão com o setor produtivo e, assim, são
incorporados as necessidades técnicas específicas das indústrias. Além disso, as
aulas são ministradas, em grande parte, por profissionais que atuam diretamente
no setor, o que reforça a imagem do Senai e do Ises como formador de mão de obra
para a indústria.
Fonte: Tn do Petróleo - Guia do
Estudante
Nenhum comentário:
Postar um comentário