sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Revitalização do Centro Histórico em publicação

O engenheiro Luiz Phelipe Andrès lança hoje o livro Reabilitação do Centro Histórico-Patrimônio da Humanidade.
 
Carla Melo
Do Alternativo


Resultado da dissertação de mestrado do engenheiro Luiz Phelipe Andrès, o livro Reabilitação do Centro Histórico-Patrimônio da Humanidade será lançado hoje, às 17h, na Fonte das Pedras (Centro). A publicação, que tem a chancela do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), aborda o projeto de revitalização que foi decisivo na concessão, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do título de Patrimônio Cultural a São Luís, cujos 15 anos foram celebrados ontem.
O livro reúne a história de um projeto que teve início no ano de 1979 e se estendeu até 2006. De acordo com Luiz Phelipe Andrès, que coordenou o programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico, a obra traz, no ano em que a cidade celebra os 400 anos, um registro, contendo não apenas os acertos, mas também os erros ocorridos durante o processo.
Otimista convicto, o autor e pesquisador diz que o projeto é a prova concreta de que foi possível planejar e realizar uma mudança significativa no quadro de abandono do patrimônio que hoje é mundial. "Nosso patrimônio está longe de se perder. Ele já esteve muito mais degradado e quem tem a memória deste tempo sabe disso, porque quando o projeto começou o Centro Histórico estava há 70 anos abandonado", diz Andrès.

Etapas - Nas 179 páginas do livro, o engenheiro de origem mineira, mas que há quase 40 anos adotou o Maranhão como morada, descreve as etapas do projeto em detalhes minuciosos, desde antes de sua criação. Filho de pesquisador, Phelipe Andrès relembra que, quando chegou ao Maranhão para trabalhar como engenheiro na Cemar, participou do projeto sobre os monumentos históricos do Maranhão, uma iniciativa do Projeto Rondon. "Essa pesquisa originou o livro Monumentos Históricos do Maranhão e me colocou definitivamente nesse universo que até hoje me fascina", diz Andrès.
A publicação, que é bilíngue (português e inglês), reúne ainda um rico acervo iconográfico composto por mapas, desenhos e fotografias que registram, por meio de imagens, o projeto. Nas páginas finais do livro, o engenheiro narra episódios que ocorreram durante os 27 anos de duração do projeto. Um dos relatos registra a localização, em 1982, de volumes remanescentes da coleção de Livros da Câmara de São Luís dos séculos XVII, XVIII e XIX, que estavam abandonados em um depósito em ruínas.
Em outra crônica, o autor fala sobre como foi batizada a segunda etapa do projeto (a primeira chamou-se Praia Grande e aconteceu na gestão do então governador João Castelo) e a segunda, aconteceu no governo de Epitácio Cafeteira. "Foi um episódio singular, quando nos reunimos com o governador da época, Cafeteira, que nos pediu um novo nome para marcar sua gestão. Levamos uma lista, mas ele não se agradou de nenhum e, durante a conversa, falou que queria algo que lembrasse o tempo de nossos avós, que desfrutaram daquele espaço. A poeta Laura Amélia Damous, que integrava a equipe, sugeriu algo como revivendo os bons tempos, no que ele acudiu: Reviver, vai se chamar assim", relembra Andrès.

Título - Mas foi na gestão da governadora Roseana Sarney que se deu a concessão do título de Patrimônio Cultural a São Luís pela Unesco, em 6 de dezembro de 1997. A concessão ocorreu na quinta e mais duradoura etapa do projeto que foi de 1995 a 2002. "Essa etapa caracterizou-se pelo fato de ter sido a mais longa por ocasião da reeleição ao governo do estado, em 1998, fato que assegurou maior continuidade das ações empreendidas e que ao final se traduziu na maior etapa de obras e maior volume de investimentos", diz Andrès no livro.
Ele explica como se deu o projeto de transformar São Luís em Patrimônio Mundial. Foi a partir de 1996 que se intensivaram as negociações que conduziram à inclusão de São Luís na lista do Patrimônio Cultural. Para tanto, foi elaborado um dossiê apresentado pelo Governo do Estado à Unesco. "Por decisão da governadora Roseana Sarney, que tomou a iniciativa, foram feitos contatos intensivos com os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores e com o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e a representação do Brasil na Unesco, em Paris", explica Phelipe Andrès.
A dissertação, que deu origem ao livro, foi defendida por Andrès em 2006 ao curso de Mestrado em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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