A soprano ludovicense Flávia Correia foi recentemente contratada para o coro da Opera i Filharmonia Podlaska, na Polônia. Ela foi aprovada no dia 5 deste mês, em audição para coralista-solista. Flávia é a única brasileira na instituição. Formada em música pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a artista mudou-se para a Polônia há três meses. Nesta entrevista, ela fala sobre o ingresso na filarmônica, sobre carreira e seus planos para o futuro.
O Estado - Fale sobre sua ida para a Polônia. Há quanto tempo está radicada no país e o que a motivou a mudar-se do Brasil?
Flávia Correia - Bem, estou aqui em Bialystok-Polônia há três meses. Vim para me preparar para audição. Tive inúmeras aulas de canto, pois tinha que estar bem preparada para o teste da filarmônica. O que motivou minha mudança de país é que na Europa a música erudita é muito valorizada, apreciada, há mercado de trabalho se você for um bom profissional. Aqui, as oportunidades realmente aparecem em grande número.
O Estado - Como a música surgiu em sua vida? Conte sobre a escolha em cantar música erudita.
Flávia Correia - A música surgiu na minha vida desde que nasci. Meus pais eram coralistas do Coral São João. Eles me levavam aos ensaios, apresentações locais e pelo Brasil. Minha mãe começou a estudar canto lírico e isso foi mais um incentivo para mim. Eu tinha um exemplo dentro de casa. Com 14 anos, eu participei da montagem da Ópera Tosca, no Teatro Arthur Azevedo: outro grande motivo para cantar e estudar música erudita.
O Estado - O que representa sua aprovação como coralista-solista para o coro da “Opera i Filharmonia Podlaska”, na Polônia?
Flávia Correia - Representa o resultado de um esforço, de muita luta para ter que chegar até aqui na Polônia, com todo o conhecimento de música que adquiri ao longo dos anos, e mostrar que nós, brasileiros, também podemos ganhar um lugar no mercado da música erudita aqui na Europa. É um orgulho poder representar o Maranhão e o Brasil aqui.
O Estado - Como você vê a música erudita feita em São Luís?
Flávia Correia - A música erudita na nossa cidade é de boa qualidade. Temos grandes musicistas! O que falta é incentivo, patrocínio, apoio. No Maranhão, por exemplo, não existe ainda uma Orquestra Sinfônica. E por conta disso muitos alunos de música desistem da carreira ou escolhem outro lugar para viver. Profissionais da área nós temos! O que falta é apoio, incentivo.
O Estado - Fale um pouco sobre suas influências musicais.
Flávia Correia - Minhas influências musicais na área erudita são: Cecília Bartolli, Maria Callas, Montserrat Caballè, Tereza Berganza, Carmem Monarcha e Sumi Jo. Não posso também esquecer dos grandes compositores: Mozart, Beethoven, Bach, Chopin e Villa-Lobos. Mas também tenho influências no Pop Internacional como Mariah Carey, Shania Twain, Celine Dion, Laura Pausini e Adele.
O Estado - O que você costuma ouvir quando está em casa?
Flávia Correia - Ah, engana-se quem pensa que ouço música erudita o tempo todo. Em casa eu gosto de escutar Metallica, Iron Maiden, Kiss, AC/DC, Angra, nossa MPB e música instrumental. E lógico que também escuto música erudita.
O Estado - Você veio de uma família de cantores e se formou em música na UFMA. Isto, de certa forma, deve causar certa pressão em relação à sua carreira. Como você lida com isto?
Flávia Correia - Eu não me sinto tão pressionada assim. Mas é claro que as pessoas sempre vão fazer cobranças. Eu lido da melhor maneira possível. Não ligo para o que as pessoas vão falar ou vão achar. Eu me preocupo em sempre dar o melhor de mim, mostrar que sou capaz de alcançar meus objetivos em minha carreira.
O Estado - Há alguma previsão de a filarmônica se apresentar em São Luís?
Flávia Correia - Até agora não. Mas seria ótimo uma apresentação da Filarmônica em São Luís. Melhor ainda se pudéssemos participar das comemorações dos 400 anos da cidade!
O Estado - Quais são seus planos para o futuro?
Flávia Correia - Meus planos é seguir na carreira de cantora aqui na Europa e fazer meu Mestrado em canto.
Opera é uma das mais respeitadas na Europa
A Opera i Filharmonia Podlaska (OPiFP ) foi fundada em 1954. Está localizada na cidade de Bialystok, capital da província Podlaskie, nordeste da Polônia. A OPiFP é uma das mais respeitadas da Polônia. O coro sinfônico dessa instituição foi criado em 2006, pela atual regente de coro, Violetta Bielecka. O coral já fez apresentações em países como Itália, Bélgica, Alemanha, França, Lituânia, Bielorússia entre outros, além de montagens de óperas. A direção geral da Opera i Filharmonia Podlaska é de Roberto Skolmowski.
No repertório, grandes obras sinfônicas, cantatas, concertos de câmara, recitais e organização de festivais e competições. Na história da filarmônica figuram regentes e solistas de renome mundial. O primeiro CD, gravado em 1998, ganhou aclamação da crítica. No centenário da morte de Verdi, a filarmônica gravou árias de óperas famosas com a participação do tenor Kaudi Kaudowa.
Em 2001, a filarmônica, com a soprano Teresa ¯ylis-Gara gravou um CD com obras de compositores franceses. Outro álbum da filarmônica reuniu composições de Strauss e Liszt com a participação da pianista Waldemar Malicki.
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