Reggae em detalhes
O livro Onde o Reggae é a Lei, da jornalista Karla Freire, traça um panorama do ritmo jamaicano no Maranhão.
Carla Melo
Do Alternativo
Do Alternativo
O panorama do reggae em São Luís, seus atores e conflitos bem como o aspecto diverso e múltiplo que o ritmo jamaicano ganhou na cidade são temas abordados pela jornalista Karla Freire no livro Onde o Reggae é a Lei (Edufma). A publicação será lançada hoje, às 19h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande) e também às 22h, no Porto da Gabi (Bacanga). Domingo, às 17h, o lançamento será no Chama Maré (Ponta d’Areia) e às 22h, no Kingston 777 (Anil).
No livro, a jornalista e antropóloga traça um retrato do reggae na capital do Maranhão, passando por aspectos culturais, sociais, econômicos, turísticos e históricos desde a chegada do ritmo a São Luís, há 40 anos, mas detendo-se de forma mais específica nos últimos 12 anos. “O foco principal do livro é o panorama atual do reggae, sua transformação ao longo dos anos. Mostro como se diversificou e se multiplicou não só pelos salões, mas no que se chama de reggae eletrônico e robozinho”, diz Karla Freire.
Onde o Reggae é a Lei nasceu como trabalho de conclusão do mestrado em Ciências Sociais, em 2010. Na ocasião, a jornalista se debruçou sobre o amplo universo de disputas em torno do reggae ressignificado no Maranhão. Ela explica que muitas pessoas a incentivaram a transformar a pesquisa em livro, até mesmo pela carência de fontes bibliográficas sobre o tema. “O alcance que o reggae tem em muitas esferas me fez transformar o trabalho em livro”, diz Freire.
Para adaptar o trabalho acadêmico ao formato de livro, a autora diz que precisou cortar algumas partes da pesquisa, bem como transformar a linguagem de forma que se tornasse menos acadêmica e mais acessível ao público leitor. “O livro traz uma linguagem leve por ser destinado a todos que se interessam pelo tema”, destaca a pesquisadora.
Pesquisa - Para dar forma ao trabalho, a autora lançou mão de entrevistas, depoimentos e observação de campo, além de pesquisas bibliográficas para coletar dados e informações. “Um dos livros que me marcaram e acabou incentivando a pesquisa foi Da terra das primaveras à ilha do amor: reggae, lazer e identidade cultural, do antropólogo Carlos Benedito Rodrigues da Silva, publicado em 1995”, ressalta, explicando que a pesquisa sobre o tema é anterior ao mestrado. “Pesquiso reggae há uns cinco anos”, relembra a jornalista, que pretende seguir com a pesquisa, desta vez para o doutorado, ainda sem data para começar.
A autora explica que o livro busca identificar os atores e conflitos do reggae em São Luís, desde a inserção do ritmo na cidade, seu fortalecimento em festas de periferia - e consequente estigmatização - até o reconhecimento como parte da identidade de São Luís - ao lado do bumba meu boi e de outras manifestações -, somando aos diversos apelidos da Ilha, como o de Jamaica Brasileira.
O livro traz ainda mais de 60 fotos raras de festas e personagens do reggae local. “As fotos constam apenas do livro, não estavam na dissertação, mas trazem uma visão interessante, já que retratam desde a chegada do reggae até os dias atuais”, disse. O acervo iconográfico foi pinçado de arquivos de regueiros maranhenses e do inglês Adrian Boot (que fotografou a Jamaica nos anos 1960)e de profissionais, como os fotógrafos de O Estado Douglas Júnior, Biné Morais, Biaman Prado, Flora Dolores e De Jesus.
Serviço
• Livro/lançamento
Onde o Reggae é a Lei (Edufma), de Karla Freire
• Onde
Hoje, às 19h, no Centro de Criatividade Odylo
Costa, filho (Praia Grande), às 22h, no Porto da Gabi (Bacanga); domingo, às 17h, no Chama Maré (Ponta d’Areia) e, às 22h, no
Kingston 777 (Anil).
• Preço
R$ 30,00 (nos lançamentos), à venda nas livrarias
Obra traça o panorama da evolução do reggae no Maranhão
Para entender como se deu a diversificação do reggae em São Luís, Karla Freire percorreu, no livro Onde o Reggae é a Lei , um universo amplo que vai desde a constituição da dinâmica de produção até os públicos que frequentam as festas, passando pelas formas de midiatização e de apreensão do ritmo pelos meios de comunicação de massa, por empresários e órgãos governamentais.
Dividido em seis capítulos, o livro traz no primeiro, intitulado É possível falar de reggae no singular?, uma análise de como o ritmo se constituiu e encontrou espaço na Jamaica, para, depois, se expandir por diversos países, inclusive no Brasil. No capítulo dois - As pedras vão chegando e rolando: o reggae em São Luís -, a autora faz uma tentativa de resgate histórico de como o ritmo chegou aqui e adquiriu características próprias por meio de um processo de identificação e adaptação.
Em São Luís Jamaica Brasileira?, terceiro capítulo, Karla Freire discute essa denominação atribuída a São Luís buscando saber quem criou a expressão, a que setores sociais ela interessa (ou não), assim como os conflitos gerados a partir desse cognome frente a outros, principalmente o de Atenas Braisleira.
No quarto capítulo, a autora envereda pela dinâmica de construção e consumo do reggae, a diversificação do mercado, do público, dos espaços, produtores e formas de percepção e apropriação do reggae. O capítulo cinco é destinado a compreender como se dá o que a autora chama de midiatização do reggae desde as dinâmicas das radiolas, uso de carros de som nos bairros, programas de rádio e televisão.
O último capítulo é dedicado ao estudo da tentativa de transformar o reggae em produto turístico e as implicações disso. “Pela abrangência da pesquisa, estou ciente de que vários aspectos relacionados ao reggae poderiam ser mais explorados ou mais aprofundados. Assim, este livro é o começo de um estudo sobre o fenômeno multifacetado com o qual me deparei”, escreve a autora na introdução da obra cujo prefácio é assinado pelo jornalista Otávio Rodrigues.
Nenhum comentário:
Postar um comentário