Show da turnê Verdade Uma Ilusão que a cantora realizou na última terça-feira, em São Luís, agradou à plateia.
Poliana Ribeiro
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
Vestida de luz, a figura esguia no palco se agigantou. A mesma de 12 anos atrás, apesar de muito diferente. Marisa Monte estava tão à vontade no show da última terça-feira (22), no Ginásio Castelinho, que não tinha como duvidar que ali é realmente o seu lugar. O anseio de um público que não a via há mais de uma década foi satisfeito e as expectativas foram superadas. Quem ainda guardava na memória momentos do show de 2001, com o belo cenário de Ernesto Netto, um repertório irretocável e uma artista performática, embora quase lacônica, ganhou novas lembranças de um show com cenário e repertório ainda melhores e uma Marisa Monte muito mais desenvolta e cheia de disposição para conversar com o seu público. Nada como o tempo!
Parecia até que a plateia tinha recebido um roteiro, tão afinada estava com cada momento do show, desde o seu início, apenas com a voz de Marisa Monte cantando os breves e profundos versos de Blanco, até o seu desfecho, entoando em uníssono – mais uma vez, a exemplo do que aconteceu em 2001 – Bem que se quis, enquanto a cantora deixava sorrateira e suavemente o palco. A sinergia entre público e artista se evidenciava a cada canção, variando entre momentos de explosão de aplausos e cantoria nas músicas mais conhecidas – como Depois, Beija eu e Eu sei - e contemplação e reverência nas menos conhecidas, como Ilusion e Amar alguém.
Visualmente, o show da turnê Verdade Uma Ilusão é suntuoso. Imagens que se sucedem – algumas com significado, outras cheias de abstrações –, efeitos luminosos e belas projeções de obras de artistas plásticos brasileiros contemporâneos – todos com seus nomes citados ao final da apresentação – tomaram todo o cenário garantindo um espetáculo visual grandioso e dando novo significado a algumas canções: da simplicidade de frases como “Amar é simples/ Amar é complexo”, durante a execução de Amar alguém, à sucessão de palavras no “Glossário para viver em grandes cidades”, no momento em que Marisa Monte cantou Gentileza.
Mudanças - “Cada show é um show. É igual à vida. Tudo pode acontecer”, falou Marisa Monte em recente entrevista por telefone, dias antes da apresentação em solo maranhense. E assim foi. Embora parecesse seguir um script conhecido há quase um ano, quando a turnê foi iniciada em Curitiba - inclusive no figurino, um vestido fluido que ganhou delicados movimentos durante os passos de um quase tango solitário na execução de Ainda bem e virou tela de projeção de efeitos luminosos durante Verdade Uma Ilusão -, Marisa Monte parece ter se adequado à plateia ludovicense, substituindo canções menos populares – como Hoje eu não saio, não; Sono Come Tu me Vuoi e Carnavália, incluídas no repertório oficial da turnê – por outras de apelo popular mais forte, como Aquela velha canção, Já sei namorar e Bem que se quis.
É difícil acreditar que Marisa Monte não aceite para si o rótulo de “cult”, tamanha a sofisticação de seu show. Porém, é bastante compreensível que ela se orgulhe de ser uma artista popular, por conseguir a conexão direta com um grande público. A verdade é que Marisa Monte no palco é acessível sem precisar fazer grandes concessões. Como ela mesma diz, canta o que quer, na hora que quer; monta um repertório com a naturalidade de quem parece agradar a si mesma, em primeiro lugar. Talvez seja por isso que ela pôde ser vista tão inteira na apresentação da última terça-feira.
Ao final do show – que teve ainda outros belos momentos, a exemplo das conversas com o público, com seu violão no colo para homenagear Cássia Eller, após a execução de ECT e a reverência aos músicos que integram sua pequena orquestra -, ficou a certeza que pouco mais de uma hora e meia de show foi insuficiente para passar a limpo os últimos 12 anos do que foi produzido por Marisa Monte – ou melhor, seus 25 anos de estrada musical. Que a espera seja breve dessa vez!
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