domingo, 8 de julho de 2012

Irreverência marca a 9ª Parada do Orgulho LGBT de São Luís

O tema escolhido para a festa foi São Luís+400 com dignidade e justiça.

Festa, irreverência, alegria e um desfile criativo de fantasias marcaram a 9ª Parada do Orgulho LGBT de São Luís. Uma multidão ocupou, ontem, a Avenida Litorânea, na praia de São Marcos, para festejar o evento, que este ano teve como tema São Luís+400 com dignidade e justiça. Gays, lésbicas, travestis, transgêneros, transexuais e simpatizantes dançaram ao som de pelo menos oito trios elétricos embalados pelo ritmo dançante da música eletrônica. A previsão era de que o desfile durasse aproximadamente cinco horas, contadas a partir da concentração, que teve início às 16h. Apesar de a festa ter reunido uma multidão, de um modo geral, as avaliações indicam que esse foi o menor público registrado em nove anos de parada.
Em cima de trios elétricos ou no asfalto, travestis fantasiados e dançarinos deixaram a festa mais descontraída. Eles vestiam figurinos inspirados em desenhos animados, odaliscas e até mesmo em personagens de novela. Esse foi o caso da transformista Antonieta Cantareli Berg Flamboyant, 38 anos, que vestiu uma fantasia inspirada na Chayene, personagem interpretada por Cláudia Abreu na novela das 19h, Cheias de Charme, da TV Globo. "É a quinta vez que participo da Parada do Orgulho LGBT de São Luís. Sou de Bacabal. É uma festa maravilhosa, preciso responder à altura, vestindo uma fantasia bem atual", explicou.
Já as transformistas Arlete Pink, 41 anos - Arlon Furtado, cabeleireiro -, e Juliette Besson, 30 anos - Junior Oliveira, decorador - formaram um par, vestidas com as cores do arco-íris. Com peruca rosa, vestido colorido e pirulito na boca, elas foram bastante assediadas pelo público. "É uma diversão. É um momento de liberação. Eu me sinto uma estrela com esta roupa. Muitas pessoas pedem para tirar fotos", disse Arlete Pink.
Flávio Silva, 35 anos, compareceu à Avenida Litorânea vestindo a fantasia "O Bem e o Mal", uma metade branca, outra metade vermelha. Para complementar a brincadeira, duas amigas, Sara Rosalba, 18 anos, e Amanda Samantha, 17 anos, vestiram, respectivamente, as fantasias "O Mal" e "O Bem". "Elas representam uma parte de mim e eu sou formado por duas partes, cada uma correspondendo a uma amiga", destacou.
Protesto - Composta principalmente por festa e irreverência, a parada também foi marcada pelo protesto. Neste ano, o desfile trouxe o tema São Luís+400 com dignidade e justiça, em referência ao quarto centenário de fundação da cidade e à busca pelos direitos da população LGBT. Uma das representantes do Grupo Lésbico do Maranhão (Glema), Celine Azevedo, 26 anos, falou sobre os protestos. "Ao longo de nove anos, buscamos a quebra do preconceito. No entanto, a homofobia ainda existe. Buscamos justiça e dignidade", destacou.
O antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo LGBT da Bahia e um dos principais ativistas do movimento gay do país, participou este ano do desfile em São Luís. Para ele, as paradas gays são importantes principalmente para jovens homossexuais que pretendem assumir a sexualidade. "No mundo inteiro, as paradas são consideradas momentos de iniciação para muitos jovens LGBT. Pela primeira vez eles terão coragem de andar de mãos dadas e de trocar um beijo em público. Apesar do caráter carnavalesco, as paradas são fundamentais para que a sociedade reconheça que os gays são milhões e estão em toda parte", enfatizou.
Mais
Na sexta-feira, foi realizado o IX Seminário LGBT, evento que integra a programação da Parada do Orgulho LGBT. O encontro discutiu temas ligados aos direitos humanos dos homossexuais. O seminário teve palestras e mesas-redondas, com a participação de representantes da sociedade civil e do poder público.

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