Caetano Veloso ficou fora do álbum, mas terá música incluída no show da turnê.
José Raphael Berrêdo
Do G1 RJ
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A foto de Gringo Cardia na capa do 50º CD de Maria Bethânia, que
chega às lojas hoje, mostra o sertão de Alagoas, numa paisagem silenciosa.
Trata-se do Oásis de Bethânia, título do disco, e o retrato do lugar que a
cantora imagina para se manter centrada, com os pés no chão.
"Sertão é onde não tem nada. Não tem água. Falta tudo. É um
limite que Deus coloca. Para mim, é como se fosse uma fonte, uma nascente pura.
Tenho sempre que lembrar que existe esse lugar no meu país. É a vida seca. É o
filho de Deus, criado sem apoio, sem ajuda, sem nada. Retrata muito a coisa
árida do mundo, e ao mesmo tempo o amor que o sertanejo tem por sua terra",
explicou a cantora quarta-feira, na entrevista coletiva para o lançamento do
novo trabalho, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Em cada uma das 10 faixas (metade delas inéditas), Bethânia
convidou um artista para fazer arranjo original, sobre música autoral ou não.
Djavan assina sua própria e inédita Vive, na qual ainda toca violão. Lenine cria
sobre Velho Francisco, de Chico Buarque. "Precisava de mais pegada, o Chico é
suave e o Lenine dá uma pancada", explicou. Hamilton de Holanda, Jorge Helder,
Jaime Além, Maurício Carrilho, Marcelo Costa e André Mehmari também assinam
canções. "Como o Brasil tem apresentado uma geração de extraordinários músicos,
queria estar perto deles de algum modo. Como sou muito intérprete, mais do que
cantora, era um sonho que não sabia se poderia realizar. Tive a alegria de eles
se interessarem. E vieram lindos, amorosos. O resultado saiu como eu
queria."
Um compositor em especial ficou de fora: o irmão Caetano Veloso.
"Na primeira lista ele estava, com uma canção estranhíssima, que fez em 1967
para mim. Ele musicou um poema de Sá de Miranda. Mas quando eu terminei, vi que
estava sobrando. É mais uma coisa que eu posso guardar para a cena. O espetáculo
que pretendo para o disco tem que ser diferente."
Com 50 discos no currículo, a baiana ainda se emociona ao ver o
trabalho concluído. "Sempre me comove. Sinto uma coisa forte porque, como
artista, sou muito verdadeira, lido com coisas muito finas. Poesia, música,
corda vocal, que é mais tênue que um fio de cabelo. O mundo está grosseiro, sem
classe, sem delicadeza, sem querer prestar atenção aos detalhes. Quando vejo o
trabalho pronto, é sinal de que eu andei assim mesmo. É o que me conforta e me
faz vaidosa. Quando penso que talvez eu fragilize e depois vejo que fiz, é um
prazer."
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