RIO - Enquanto a Sapucaí guarda o luto pela perda de Joãosinho Trinta, que morreu no sábado passado, o cinema brasileiro prepara uma homenagem em formato longa-metragem de ficção ao mais célebre carnavalesco do país. Indicado ao Oscar em 2001 com o curta Uma história de futebol, o cineasta paulistano Paulo Machline agendou para abril as filmagens de Trinta, que terá Matheus Nachtergaele no papel principal. Paralelamente, Machline busca espaço nas telas para lançar o documentário A raça síntese de Joãosinho Trinta, codirigido por Giuliano Cedroni, que foi exibido no Festival do Rio de 2009.
“Como tributo, João merece muito mais que um filme. Merece filmes, livros, feriado nacional e estátuas em todos os sambódromos do país. Todos os carnavais são dele”, diz Machline, que desenvolveu o roteiro de Trinta com base nas entrevistas feitas para A raça síntese.... “Sonhava em ter Joãosinho na estreia, como tive na projeção do documentário no Festival do Rio em 2009. Mas ele estava muito frágil. Não resistiu. Nossa vontade é que A raça síntese... seja lançado antes de Trinta”, adianta.
Recriação - Para a ficção, que terá Lito Mendes da Rocha à frente da fotografia e Daniel Flaksman no comando da direção de arte, o plano do cineasta é recriar o primeiro trabalho de Joãosinho como titular à frente do Salgueiro, em 1974, com o enredo Rei da França na Ilha da Assombração. “O filme tem como narrativa central a anatomia criativa do João. É o nascimento de um mito. É o João virando Joãosinho Trinta. Da mesma forma que em Uma história de futebol, eu conto a história do garoto Dico antes de ser Pelé, aqui mostramos João superando obstáculos, inimigos e até colocando em xeque sua amizade inabalável com seu mestre Fernando Pamplona. As principais locações serão no Rio, principalmente no Teatro Municipal, além de um barracão na zona portuária. Filmaremos ainda em estúdio, em Paulínia”, diz Machline.
Além de Nachtergaele, Machline já escalou outros atores. “Milhem Cortaz fará Luís, diretor do barracão e principal rival do Joãosinho, pois acha que deve ser o carnavalesco da escola. Fabricio Boliveira será Calça Larga, diretor de harmonia e chefe de almoxarifado. Ainda não fechamos o Pamplona, mas vamos bater o martelo já em janeiro”, diz Machline, que lançou O natimorto este ano. Nenhum desfile será reproduzido na tela. “Como o João dizia, o desfile é um detalhe. O carnaval dele acontecia no barracão e tinha como apoteose a véspera do desfile, quando os carros alegóricos saíam em formação para a concentração. Era um parto, como ele dizia. Naquele momento ele sabia que o trabalho de quase um ano inteiro funcionou”, diz Machline.
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