domingo, 2 de maio de 2010

Imperatriz está exportando medicamentos para o mundo


João Rodrigues

Da Equipe de O Estado


Imperatriz - Após a produção da pomada cicatrizante à base do fruto graviola (Anona muricata) pelo químico toxicologista, Antônio Brandão Frazão, o mundo tomou conhecimento do trabalho discreto e importante de um centro de pesquisas sobre medicina alternativa existente em Imperatriz.

Nem mesmo os poucos recursos disponíveis desanimam o pesquisador Antônio Frazão, que vem dirigindo o Centro de Difusão Tecnológica (CDT), da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), desde a fundação, há seis anos.

Ao ser convidado para eventos internacionais sobre pesquisas e medicamentos à base de plantas, o pesquisador falou sobre o CDT e sua produção. O resultado disso é que agora, além da pomada reconhecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), outros medicamentos produzidos no centro de difusão também estão chamando a atenção de pesquisadores nacionais, internacionais e gestores da própria Infraero,que têm interesse em levar o projeto inédito a outras cidades brasileiras.

“A Infraero nos cedeu o local, e praticamente ela banca tudo. Estão vindo gestores de outros pontos do Brasil para conhecer nosso projeto. É uma alegria muito grande saber que somos os pioneiros nessa área”, comemorou Antônio Frazão, acrescentando que tem como exemplo a pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Teresinha Rego.

Alegria - O motivo da alegria do pesquisador maranhense é o resultado de uma combinação de fatores que leva em conta a boa produtividade do centro, a alta qualidade da matéria-prima e a grande credibilidade no exterior, principalmente por causa da pomada cicatrizante de graviola.

“São seis anos de trabalho neste projeto e agora nós estamos começando a colher os benefícios das plantas medicinais. Nós já produzimos oito tipos de medicamentos, sendo a pomada de graviola o nosso carro-chefe”, ressaltou o pesquisador.

Desde que lançou o produto, o pesquisador não parou de viajar para participar de congressos e seminários em vários países. Antônio Frazão vem sendo presença garantida na reunião anual de trabalhos científicos de todo o mundo. Um estudo desenvolvido por ele na área de tinturas alternativas foi escolhido entre os melhores, fato que levou o pesquisador a receber um prêmio durante a Feira de Medicamentos Naturais Manipulados, realizada na Ucrânia, em 2008.

Viagens - O pesquisador já esteve na África do Sul, Bolívia, Argentina, Itália, República Dominicana, Cuba e acaba de receber um convite para ir a Lima (Peru), onde receberá uma comenda conferida pela Academia Sul-Americana de Ervas Medicinais. Após a honraria, ele passará a integrar a academia.

O sucesso da pomada é tão significativo que o medicamento está sendo exportado para atender os sobreviventes do terremoto no Haiti e das guerrilhas na Somália. No caso do Haiti, o medicamento começou sendo enviado via Embaixada do Haiti no Brasil. Agora isso ocorre por meio da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) direto para as instituições que cuidam dos feridos nos dois países.

No Brasil, o envio é menos complicado. Periodicamente, representantes de instituições de estados do Nordeste, casas que oferecem tratamento de hanseníase, lar para idosos, entre outros, vão até Imperatriz em busca do medicamento. Um dos estados que mais encomendam o remédio é o Ceará.

Gratuidade - Na linha de montagem do Centro de Difusão Tecnológica, localizado na Via Nova, estão medicamentos para o tratamento de doenças com grande incidência na região, como tuberculose, resfriados, pneumonia, hipertensão arterial, hanseaníase e diabetes em estado grave, quando há ferimentos. A pomada de graviola é enviada com freqüência ao Hospital Municipal (Socorrão) para aplicação em pacientes com queimaduras.

Para evitar correria ao CDT, Antônio Frazão, também professor da Universidade Estadual do Maranhão, explicou que esses medicamentos são produzidos mediante a prescrição médica ou até por um enfermeiro responsável. No laboratório são utilizados boldo, malva, foejo, mastruz, picão preto, favas de jucá, aroeira, monacabela e graviola.

O médico Dráuzio Varella confirmou que chegará em Imperatriz amanhã para conhecer o CDT . Ele avisou que pretende gravar reportagens para o Fantástico e Globo Rural, da Rede Globo de Televisão.

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