Ribamar Cunha
Subeditor de Economia
Nos próximos cinco anos, a movimentação de grãos pelo Porto do Itaqui com destino ao mercado exterior deverá saltar do atual volume de 1,7 milhão de toneladas para 8,9 milhões de toneladas. Este crescimento se dará em função da conclusão do trecho de 720 km da Ferrovia Norte-Sul, entre o Maranhão e Tocantins, que será explorado pela Vale por meio de subconcessão.
O dado sobre a elevação do fluxo de carga foi apresentado pelo gerente-geral comercial Norte da Vale, Eduardo Calleia, durante painel sobre “A Ferrovia Norte Sul e o avanço das cargas transportadas: grãos, álcool e demais”, durante o XVII Encontro sobre o Corredor Centro Norte e Hidrovia do Parnaíba, quinta-feira passada, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana.
Esse grande volume de cargas que convergirá para o porto em São Luís corresponde a toda a área de influência da Ferrovia Norte-Sul, abrangendo os estados do Maranhão, Tocantins, Pará, Piauí e nordeste do Mato Grosso.
Toda essa região reúne potencial de 17 milhões de hectares de área que pode ser explorada para produção agrícola. Para se ter uma idéia do desenvolvimento desse corredor de grãos, no Maranhão a área plantada registra crescimento superior a 12% ao ano. Aumento que chega a 26% no Tocantins e 27% no Piauí.
Do volume de 8,9 milhões de toneladas de grãos a ser transportado via Norte-Sul, pelo menos 6 milhões de toneladas representarão a carga de soja. Além disso, há os 200 milhões de litros/ano de etanol, que serão movimentados pela ferrovia, desde o Tocantins até o Porto do Itaqui.
O etanol produzido pela Bunge na usina de Pedro Afonso, no Tocantins, seguirá do terminal de Tupirama até Guaraí, onde será transportado pelo trem da Vale na Norte-Sul e pela Estrada de Ferro Carajás até São Luís.
Além da soja e do etanol, o avanço da Norte-Sul até Palmas, no Tocantins, viabilizará o escoamento e transporte de arroz, milho, celulose, combustíveis e fertilizantes.
Investimentos - Para atender a toda essa demanda por transporte de grãos e outras cargas via Norte-Sul, a Vale, que adquiriu a subconcessão da ferrovia em setembro de 2007, pelo valor de R$ 1,478 bilhão, está fazendo uma série de investimentos desde o início do trecho de 720 km, que começa em Açailândia (MA).
Investimentos que incluem construção e ampliação de pátios dos trens, construção de armazéns de estocagem de grãos, entre outras infraestruturas necessárias.
Quando a Vale recebeu a subconcessão em 2007, a Valec, empresa responsável pelas obras da Norte-Sul, lhe entregou 225 km de ferrovia em operação. Logo depois, se avançou mais 362 km até a cidade de Guaraí, Tocantins, restando 140 km para chegar a Palmas.
Produção é crescente no Corredor
A coordenadora de Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Maria Auxiliadora Domingues Souza confirma o avanço da produção agrícola no Corredor Centro Norte do país, sobretudo de grãos, principalmente soja e milho.
De acordo com dados apresentados por Maria Auxiliadora em painel no XVIII Encontro sobre o Corredor Centro Norte e Hidrovia do Parnaíba, a tendência para a safra 2009/2010 é de que a produção de milho na região do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia atinja 3,2 milhões de toneladas, enquanto a soja tenha uma colheita de 6 milhões de toneladas.
Para atender a todo esse crescimento da produção de grãos, a diretora do Mapa adverte ser fundamental a elevação da capacidade operacional do porto do Itaqui, inclusive a construção do Terminal de Grãos (Tegram).
Ela disse que, do volume de 10,6 milhões de toneladas de soja produzidas pelo estado de Mato Grosso, apenas 95 mil toneladas saiu para o mercado exterior pelo porto do Itaqui. Enquanto, bem mais distante, o Porto de Santos (SP) embarcou 6,1 milhões de toneladas e o de Paranaguá (PR), quase 1 milhão de tonelada. “Quanto ao milho, não sai nada pelo Itaqui”, revelou.
Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Corredor Centro Norte, Alberto Polo, se em vez de percorrer cerca de 2 mil km até o Porto de Paranaguá, a soja do leste do Mato Grosso fosse toda exportada pelo Itaqui, haveria uma redução de 15% a 20% no valor do frete. “É uma economia que agregaria mais renda ao produtor”, avaliou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário