domingo, 6 de dezembro de 2009

Reflorestamento obtém 60% de auto-suficiência no chamado Gusa Verde



A indústria de ferro-gusa sempre foi criticada por ambientalistas por ser considerada uma atividade muito agressiva ao meio ambiente. Atualmente, graças à evolução tecnológica do setor, o segmento das guserias tem conseguido se transformar em uma atividade industrial ambientalmente sustentável no país. Esse novo momento é mais notório no chamado Sistema Norte.
O presidente da Associação das Siderúrgicas do Brasil (Asibras) e do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa do Estado do Maranhão (Sifema), Cláudio Azevedo, explica que essa nova realidade é reflexo de um compromisso assumido pelas indústrias maranhenses: o de produzir o chamado “gusa verde”.
“Investimos no reflorestamento de áreas de pastagens degradadas com florestas produtivas – a base de eucaliptos –, e em tecnologias para tornar o processo mais eficiente e garantir o controle de nossas emissões de gases na atmosfera. Nossa meta é alcançar a auto-suficiência do setor em produção de carvão vegetal, e assim, garantir um gusa 100% sustentável”, explica Azevedo.

Em busca dessa meta, as indústrias maranhenses já reflorestaram 110 mil ha dos 170 mil ha que garantirão sua auto-suficiência. “Não fossem os entraves do Código Florestal Brasileiro de manter 80% de reserva legal, sobretudo na região de Açailândia, onde a maioria de nossas indústrias está instalada, já teríamos conquistado a auto-suficiência. Mas o setor tem enfrentado muitas dificuldades para obter licenciamentos ambientais, o que tem prejudicado o alcance dessa meta”, ressalta Azevedo.

Inspiração - A experiência das indústrias maranhenses tem inspirado empresas em todo o Brasil, sobretudo o pólo siderúrgico de Minas Gerais, o maior do país. Durante o 4º Simpósio Brasileiro Redução de Minério de Ferro e Tecnologia Mineral, ocorrido no fim do mês passado em Ouro Preto (MG), foi promovido o 3º Painel sobre Indústria de Gusa – Produtores Independentes, no qual foram discutidos projetos de inovação para a indústria de gusa desde a mineração até a sustentabilidade do setor de gusa nacional, e as tecnologias e inovações tecnológicas.

Para se ter uma idéia, a produção de gusa com carvão vegetal, além de seqüestrar CO2 (gás carbônico) disperso no ar, gera, em todo o processo produtivo, 206 kg de O2 (oxigênio). “Isso faz da siderurgia a carvão vegetal a única forma de transformação do minério de ferro com impacto ambiental positivo”, afirma Azevedo.
Só em 2008, as usinas integradas mineiras, por exemplo, quase chegaram a 2 milhões de toneladas de aço, utilizando gusa a carvão vegetal. Isso significou que, no mesmo período, o setor guseiro deixou de lançar 19,860 milhões de toneladas de CO2 e liberou 2.153.118 toneladas de oxigênio.

Outro impacto positivo do gusa verde é social. Produzir 1 milhão de toneladas de gusa verde pode gerar até 32 mil empregos, incluindo as atividades de silvicultura, colheita, empilhamento, transporte da lenha, carbonização, transporte de carvão vegetal, usinas de gusa, transporte externo. São cerca de 8 mil empregos diretos e 24 mil indiretos.

Esses números, segundo estimativas do setor, ainda têm muitas perspectivas de crescimento. Avaliando os números do ano passado, foi registrada uma produção de 36 milhões de toneladas de ferro-gusa, das quais 24.628.000 consumiram coque metalúrgico, praticamente todo ele importado, enquanto o consumo de carvão vegetal alimentou a produção de 10.453.000 toneladas.

“O Maranhão está à frente nesse mercado, pois nossa produção é 100% baseada em carvão vegetal. Além disso, há fortes investimentos para diminuir ainda mais o uso de carvão, como a injeção de finos e novas tecnologias na produção de carvão”, conta Cláudio Azevedo.

No cenário mundial, há 20 anos a produção de aço girava em torno de 750 milhões de toneladas. Hoje, quase sozinha, a China bate esta cifra, chegando mundialmente a 1,5 bilhão de toneladas.

Do Jornal O Estado do Maranhão

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