segunda-feira, 8 de abril de 2013

Conheça o perfil de franceses que vivem em São Luís

Foto: Jorge Martins/Imirante
 
O Imirante.com mostra como os franceses se integram à realidade maranhense.
Jorge Martins/Imirante
SÃO LUÍS - Atraídos pela receptividade do povo, pelo charme da arquitetura colonial ou pela chance de viver uma experiência pessoal ou profissional diferente, pessoas de diversas nacionalidades abraçaram o Maranhão e decidiram fazer dele a sua casa. Segundo dados da Polícia Federal, há 2.847 estrangeiros residentes no Estado, dos quais 2.239 são permanentes. Para conhecer as peculiaridades das comunidades formadas por esses imigrantes, o Imirante preparou uma série de reportagens que começam a ser publicadas a partir de hoje.

Boa parte dos estrangeiros escolhem a capital maranhense para morar, e entre as nacionalidades mais comuns está a francesa. Um total de 89 franceses residentes no Maranhão possuem registro ativo na PF, número que pode aumentar se forem considerados os estrangeiros em situação irregular. Apesar de São Luís ter sido fundada por eles e batizada em homenagem a um de seus reis, as diferenças culturais são enormes. E foi justamente isso que levou muitos a viver essa experiência.

Um exemplo é Stéphanie Barriac Pédèches, que já mora na cidade há quatro anos e meio. Ela e o marido, proprietário de um bar e restaurante na Avenida Litorânea, resolveram se estabelecer em São Luís após o convite de um amigo francês que já morava aqui há 10 anos. “Somos de Villefranche de Rouergue, uma cidade pequena na França. Eu disse pro meu marido: se a gente for se mudar, é pra fazer uma coisa totalmente diferente. Mudar de país, de língua, tudo", conta.

Em meio a um movimentado fim de tarde no bairro da Praia Grande, onde ela conversou com o Imirante, Stéphanie diz que está trabalhando como gerente de restaurante, mas revela que sua atividade principal é o ensino da língua francesa. Ela comenta, também, que os planos de abrir um negócio na cidade não deram muito certo de início. Ela e o marido chegaram a pensar em voltar ao país de origem. Mas, em 2009, eles foram beneficiados pela Lei 11.961, que deu residência provisória a estrangeiros que estavam em situação irregular no Brasil.

Demorou um pouco para que ela se sentisse à vontade na capital maranhense, mas ela afirma: "agora eu me sinto bem aqui, como na minha cidade". Ela também conta que está com saudades da família e dos amigos na França, porque não os visita há mais de quatro anos. Quando questionada se tem vontade de voltar, ela dispara: "Quero voltar só para visitar, mas para morar, não. Só passar um mês e voltar". Stéphanie revela, ainda, que não tem dúvidas quanto ao que ela mais gosta no Brasil: o povo. A francesa diz que foi muito bem recebida e que existem pessoas muito acolhedoras aqui.

Prós e contras da experiência

Uma opinião semelhante é compartilhada por Thomas Bonierbale, professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Energia e Ambiente da UFMA. "Fui recebido aqui de braços abertos, e isso é uma coisa que você não encontra em qualquer lugar na França", comenta. Thomas, que se estabeleceu em São Luís no ano de 2010, também fala o que menos gosta na cidade: o fato de não se sentir livre e seguro no espaço público. "A falta de urbanidade, de poder passear na rua, andar sem correr o risco de um carro subir na calçada e atropelar. Isso é uma coisa que me incomoda muito em São Luís", desabafa.

O professor acredita que, depois de um certo tempo, conseguiu se integrar bem à cidade. "Tenho amigos franceses e brasileiros. Tem franceses que estão aqui há quase 20 anos, outros há 10 anos...". Quanto à integração dos conterrâneos que moram em São Luís, ele diz que depende muito da afinidade. "Claro que é sempre bom poder conversar em francês, lembrar coisas da França, alimentação, eventos, e notícias sobre o nosso país. Mas para virar amigos.. não é porque a pessoa é francesa que você vai virar amigo".

Pedaço da França em São Luís

Apesar de não haver uma associação de imigrantes franceses na capital maranhense, a comunidade acaba se reunindo durante eventos culturais promovidos pela Aliança Francesa de São Luís. Os festivais, shows e exposições organizados pela instituição são abertos ao público em geral, mas grande parte dos frequentadores é formada por franceses, segundo o atual diretor Michael Magalhães. Ele diz, também, que muitos turistas têm a curiosidade de conhecer a sede da Aliança na Praia Grande. “Todos os dias tem turistas franceses que passam aqui”, afirma.

Ainda sobre o papel da AF em São Luís, Michael Magalhães explica: “a Aliança é independente do Ministério Francês, mas representamos a França na cidade, uma vez que aqui não tem consulado”. Ele também comenta que a comunidade francófona no Maranhão ajuda bastante na integração daqueles que chegam da França. O próprio Michael revela que seus primeiros amigos em São Luís eram brasileiros que falavam francês muito bem e estavam acostumados à cultura francófona.

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