Congestionamentos são comuns no início da manhã e fim da tarde por causa do espaço insuficiente nas vias.
Thiago Bastos
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
Um dos graves problemas enfrentados pelas grandes cidades do país diz respeito ao trânsito. Em São Luís não é difícil se deparar com engarrafamentos, não somente por causa da grande quantidade de motocicletas e automóveis, mas também pelo espaço insuficiente nas vias, para atender à frota existente, que já supera 300 mil veículos. Nos horários considerados de pico, ou seja, no início da manhã e no fim da tarde, são registrados os maiores índices de congestionamentos na cidade.
Na Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco, o trânsito começa a ficar mais lento nas proximidades da ponte José Sarney até a chegada na rotatória que interliga a via com a Avenida Colares Moreira, no Renascença. O trecho, que corresponde a aproximadamente um quilômetro, é percorrido em mais de 45 minutos em dias de grande congestionamento, o que causa irritação de motoristas e de passageiros de ônibus, cujas linhas utilizam a avenida como itinerário.
O quadro é semelhante na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no Cohafuma. De segunda a sexta-feira, por volta das 18h, o trânsito se torna o maior transtorno para condutores de veículos. Para percorrer pouco mais de meio quilômetro da via, o motorista perde até 15 minutos. O excesso de conjuntos semafóricos contribui para a lentidão, já que, em dois quilômetros, existem quatro cruzamentos organizados por meio dos sinais luminosos.
Para driblar o transtorno, alguns condutores utilizam rotas alternativas. Uma delas é a avenida central do bairro Cohafuma, que vai até o trecho próximo à entrada do Centro Comercial Moraes Center. Enquanto agentes de trânsito tentam melhorar o fluxo de veículos, motoristas mais impacientes encurtam o caminho pela área do centro comercial, causando ainda mais transtornos na região.
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Criação de vias alternativas pode melhorar escoamento de veículos
Constatação é da SMTT, que adverte da necessidade de construir um Corredor de Transportes.
O Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran), em balanço divulgado recentemente pelo órgão, constatou que São Luís superou os 300 mil veículos. Ainda segundo o órgão, a capital maranhense, em quatro décadas, chegou a uma frota de 200 mil veículos e, nos últimos nove anos, a cidade recebeu mais 100 mil. O reflexo desse aumento repentino na quantidade de carros, motocicletas e caminhões é visto nos congestionamentos nas principais vias públicas da cidade. A constatação é do secretário municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), Canindé Barros.
Para ele, São Luís não foi projetada para receber a quantidade de veículos que circula diariamente na cidade e, por essa razão, aponta como soluções a construção de vias alternativas para facilitar o escoamento de veículos e melhorar a fluidez no trânsito. "A construção do Corredor de Transportes é necessária e, inclusive, esse projeto da Prefeitura de São Luís já está aprovado em Brasília. A ideia é interligar os municípios e facilitar a fluidez no trânsito", disse o titular da SMTT. Por enquanto, o usuário das principais vias da cidade terá de esperar, já que ainda não há uma data para o início das obras do Corredor de Transportes.
Alternativas - Outros corredores de veículos começam a ser abertos pela cidade. Recentemente, o Governo do Estado entregou aos ludovicenses a Via Expressa, que interliga a Avenida Carlos Cunha, no Jaracati, ao bairro Cohafuma. Apenas a primeira etapa da Via Expressa, que corresponde a 2 km de extensão, foi entregue e muitos motoristas reconhecem que houve melhorias depois da construção dela, porém alertam para a necessidade de serem criadas outras avenidas. Nos próximos meses, a cidade receberá a Avenida Quarto Centenário, com 3,8 km de extensão, sendo duas pistas com duas faixas de rolamento cada, espaço para passeio de pedestres e ciclovia.
Para amenizar o sofrimento de motoristas, a SMTT realizou nas últimas semanas intervenções nas vias de São Luís já existentes. Uma delas foi feita a Avenida Lourenço Vieira da Silva, que teve alguns retornos fechados. Na Avenida Guajajaras, os ônibus que saem da Lourenço Vieira da Silva acessam agora um retorno de quadra e não trafegam mais pela rotatória do Mix Mateus. A SMTT não descarta novas intervenções, nos próximos dias, em outros pontos da cidade.
Infrações são comuns em horários de pico
Por causa dos constantes engarrafamentos enfrentados nas principais vias da cidade e a impaciência de alguns condutores de veículos, muitas infrações são cometidas em horários de pico. As principais dizem respeito à ultrapassagens indevidas e aos veículos que seguem na contramão.
Na Avenida Edson Brandão, no Anil, motociclistas usam indevidamente as calçadas como atalho para driblar o trânsito. O perigo torna-se maior, pois além de passar pelo congestionamento, o motociclista tem de evitar colisões com os pedestres que utilizam a calçada como travessia.
Essa não é a única infração cometida pelos condutores de veículos nos horários de pico. Na Avenida Jerônimo de Albuquerque, no Cohafuma, motociclistas realizam ultrapassagens de forma irregular, ou seja, pela direita de carros e ônibus. Qualquer movimento mais brusco dos motoristas pode acarretar grave acidente. As irregularidades não estão restritas apenas aos motociclistas. É comum flagrar motoristas de carros e ônibus realizarem cruzamentos indevidos de faixa, pois não sinalizam corretamente ao realizar a manobra.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), nos artigos 34 e 35, afirma que o condutor, seja de motocicleta ou carro, antes de fazer a manobra de mudança de faixa, deverá se certificar de que será feita sem perigo para os demais usuários da via. A legislação diz ainda que antes de iniciar qualquer manobra que implique em um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar o propósito de forma clara e com a devida antecedência, por meio da luz indicadora de direção do veículo.
Trânsito da cidade tem solução, afirma especialista
Segundo o arquiteto Diogo Ferreira, gestores públicos têm de aplicar um conjunto de ações
Quem pensa que o trânsito de São Luís não tem solução, está enganado. A afirmação é do arquiteto e especialista em design urbano, Diogo Pires Ferreira, ao se basear na tese de que antes de pensar nas possíveis soluções, é preciso entender o causador do problema. Para ele, a raiz da questão do trânsito, na capital maranhense é a dispersão sem controle das aglomerações urbanas. "Além disso, é preciso que cada indivíduo se reconheça como elemento integrante do problema, ou seja, você nunca está no trânsito, você é o trânsito", afirmou.
Perguntado se a construção de novas vias poderá melhorar o trânsito da cidade, o arquiteto foi enfático. "Não existe uma fórmula mágica, como um viaduto que, de repente, fará tudo funcionar. É necessário que os gestores públicos apliquem na prática um conjunto de ações", disse.
Entre as medidas, ainda segundo o arquiteto, está o incentivo para que as pessoas vivam próximas dos locais de trabalho. Soma-se a isso adoção de políticas públicas que evitem a construção de um grande número de habitações em zonas isoladas, sem serviços ou comércios, o que evitaria o deslocamento do cidadão para outras áreas da cidade.
Quanto ao transporte público, o arquiteto ressaltou a necessidade de maior eficácia do serviço, para estimular o uso do meio de transporte, em troca dos automóveis. Ele destacou ainda que deve haver avanços no passeio de pedestres e o estímulo do uso das bicicletas, criando vias exclusivas em determinados locais.
Caos no trânsito
A situação é grave na Avenida Edson Brandão, no Anil. À noite e em dias úteis, o congestionamento começa nas proximidades da Universidade Ceuma, campus III, e segue até o cruzamento semafórico da Avenida Casemiro Júnior. Em média, os motoristas perdem de 12 a 15 minutos para percorrer apenas 500 m. Em alguns pontos da cidade, por falta de vias de escoamento, o trânsito é ainda pior. Na Avenida dos Portugueses, sentido bairro/Centro, o fluxo de carros, ônibus e caminhões começa a ser comprometido a partir das 17h. Em sua maioria, os veículos transportam funcionários das empresas situadas na área Itaqui/Bacanga e estudantes da Universidade Federal do Maranhão, cujo campus fica localizado em frente ao comando-geral do Corpo de Bombeiros (CBM). Por volta das 18h, o engarrafamento fica ainda maior, pois os motoristas, em vez de utilizarem a rotatória localizada em frente ao largo de São Pedro, efetuam o retorno na Avenida Senador Vitorino Freire, na Areinha. Quando necessário, as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), cuja sede está situada ao lado da Unidade Mista Itaqui-Bacanga, no bairro Vila Isabel, percorrem na contramão, no trecho da barragem do Bacanga, para fugir do trânsito, em horários de pico.
Um comentário:
Com a construção do primeiro trecho do VLT que Castelo prometeu para o final deste ano, os engarrafamentos serão reduzidos.
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