sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Foco no pré-sal reduz produção da Petrobras





A descoberta do pré-sal jogou um holofote em cima da Petrobras para o mundo, mas atrapalhou o desenvolvimento de outros campos.
A avaliação é de especialistas no setor, que vêm percebendo um declínio acima do esperado na produção da empresa nas áreas fora da cobiçada região.
A alardeada autossuficiência atingida em 2006 já foi perdida e, pela primeira vez em 13 anos, a companhia registrou prejuízo.
Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura, neste ano a produção deverá ser menor do que a de 2011, situação que não ocorria desde 2007, quando a empresa produziu mil barris a menos do que no ano anterior.
Plataformas com capacidade para 180 mil barris diários hoje produzem apenas 70 mil b/d, e a empresa precisa de mais empregados do que as suas principais concorrentes para produzir um barril de petróleo.
Em meio à estagnação da produção, a estatal tem sido obrigada a importar derivados de petróleo para suprir o mercado interno.
A medida é reflexo da falta de refinarias, afirma o ex-diretor de Exploração e Produção da estatal, Wagner Freire.
Segundo ele, o deficit da balança comercial brasileira do setor (a diferença entre o que o país exporta e o que importa de derivados de petróleo mais o gás boliviano) ficará negativo em cerca de US$ 8 bilhões neste ano – ou seja, o Brasil vai comprar mais que vender.
Em 2011, esse deficit foi de US$ 5,5 bilhões.
A empresa tem importado principalmente diesel, cujo abastecimento chegou a ficar comprometido nas últimas semanas de agosto.
Para evitar a falta do produto, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) teve que interceder e orquestrar um acordo entre distribuidores e a estatal, para afinar a oferta com a demanda.
(Folha Online)
Ícone da Petrobras, plataforma P-50 extrai mais água que óleo
O foco da Petrobras no pré-sal nos últimos anos fez a empresa deixar de investir em áreas importantes na bacia de Campos e deve levar à primeira queda de produção desde 2007.
Segundo especialistas, os investimentos na bacia de Campos poderiam ajudar a empresa a aumentar sua produção e, com isso, reduzir as perdas com importações de derivados de petróleo.
No segundo trimestre, a empresa registrou o primeiro prejuízo em 13 anos, de R$ 1,3 bilhão.
Símbolo da autossuficiência em 2006, a plataforma P-50 hoje produz mais água do que óleo. Inaugurada com pompa e circunstância pelo então presidente Lula na bacia de Campos, tem capacidade para 180 mil barris diários, mas extrai apenas 70 mil. O resto é água.
A Folha apurou que o mesmo ocorre em campos como Marlim, que produz 210 mil b/d contra o potencial de 600 mil b/d, e Roncador, que em 2009, no auge, produzia 460 mil b/d e em três anos caiu para 269 mil.
'O declínio foi muito rápido. A produção caiu 27% desde 2009. O auge durou muito pouco, não teve o acompanhamento necessário', disse uma fonte da indústria.
De acordo com o consultor Wagner Freire, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras (década de 1980), faltaram investimentos.
'É normal um grande volume de água no campo, por isso tem que investir para produzir o máximo possível de óleo. Mas a Petrobras investiu muito mal, o pré-sal não é essa maravilha toda.'
Dados divulgados ontem pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostram que a produção do pré-sal atingiu 172,8 mil b/d de petróleo em julho, volume recorde, porém apenas 3% maior do que a melhor marca anterior, de dezembro de 2011.
O volume corresponde a menos de 10% da produção total de petróleo no Brasil, que em julho foi de 2,023 milhões b/d, 2,6% a menos do que há um ano.
Processo natural – A Petrobras confirmou que a produção da P-50 gira em torno dos 70 mil barris, mas disse que isso é parte do processo natural de produção.
'Os volumes produzidos de óleo e água variam ao longo do tempo, ficando a soma desses volumes limitada pela capacidade de projeto da plataforma.'
'Os poços da P-50, atualmente, apresentam produção líquida de óleo próxima de 70 mil barris por dia, com permanente ação visando identificação de oportunidades que levem ao aumento da fração líquida de óleo produzida', afirmou em nota.
(Folha Online)
Empresa se mobiliza para evitar desabastecimento
A Petrobras vai modificar seus contratos de venda de combustíveis com os distribuidores já em setembro para evitar falta de produtos nos postos, como aconteceu com o diesel no final de agosto.
Em reunião na segunda-feira (3) na ANP (Agência Nacional do Petróleo), Petrobras e distribuidores chegaram a um acordo para que a demanda fique mais alinhada com a oferta, informou o diretor da autarquia Allan Kardec.
'Antes, a previsibilidade ficava em aberto, agora, se o distribuidor errar no pedido, vai pagar multa', disse.
No caso da demanda do distribuidor ser maior do que o volume solicitado inicialmente, o adicional será acrescido de um prêmio. No caso de uma demanda menor, o distribuidor pagará pela diferença. 'Com isso, a Petrobras evita ter que importar ou produzir mais do que o necessário', explicou Kardec.
A Petrobras e o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) vêm se reunindo para dar maior segurança ao abastecimento de diesel no país, informou o presidente do Sindicom, Aluísio Vaz. No fim de agosto, o produto chegou a faltar em postos do Paraná e Rio, disse.
A Petrobras informou que o abastecimento está normal no país. Houve problema pontual apenas no ES, já solucionado, afirmou em nota.
(Folha Online)

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