Empresa deve prestar esclarecimentos sobre o atraso na reforma do aeroporto de São Luís, poderá pagar multa diária e suspender as taxas de embarque.
Gisele Carvalho
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero) foi intimada a prestar esclarecimentos dentro de uma semana sobre o
atraso nas obras de reforma do Aeroporto Marechal Cunha Machado. O despacho que
convida os representantes da empresa a se manifestarem foi expedido na
quarta-feira (11) pelo juiz federal da 6ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão,
Jorge Ferraz de Oliveira Júnior. Depois que os esclarecimentos forem dados, o
ele deve decidir sobre os pedidos feitos pelo Ministério Público Federal no
Maranhão (MPF/MA) para aplicação de multa diária e suspensão integral da
cobrança das taxas de embarque.
Depois de mais um atraso na entrega das obras do
aeroporto de São Luís, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil
pública na Justiça Federal para punir os responsáveis pelo atraso na conclusão
da reforma e pelos transtornos causados à população usuária dos serviços
aeroportuários.
O pedido feito pelo MPF/MA, de autoria da procuradora
da República, Ana Karízia Távora Teixeira Nogueira, está sendo analisado pela
Justiça Federal. A petição do Ministério Público chegou à secretaria da 6ª vara
no último dia 9 para ser apreciada pelo juiz federal Jorge Ferraz de Oliveira
Júnior.
Antes de dar o parecer favorável ou negativo ao
pedido, o juiz federal solicitou que os representantes da Infraero e gestores
responsáveis pela obra compareçam à Justiça Federal para prestar esclarecimentos
sobre o descumprimento do prazo de conclusão. O processo da ação civil pública
encontra-se nas mãos do advogado da Infraero desde a tarde de quarta-feira
(11).
Na petição, foi solicitada a fixação de multa diária à
Infraero e a aplicação de multa ao Superintendente Regional do Norte da
Infraero, Paulo Roberto Pereira Costa, e ao superintendente do aeroporto,
Hildebrando Coelho Correia. A suspensão da cobrança das taxas de embarque
enquanto o prédio do terminal de passageiros estiver interditado foi solicitada
como medida de compensação aos usuários, que têm enfrentado transtornos com as
instalações provisórias do aeroporto.
A assessoria de comunicação da Infraero informou que a
empresa só irá se manifestar após a análise do processo pelo advogado e depois
da apresentação perante a Justiça Federal.
Atrasos - Há mais de um ano, o terminal de passageiros
foi interditado parcialmente em razão de problemas estruturais. Em abril do ano
passado, o MPF/MA moveu uma ação para obrigar a Infraero a concluir a reforma
das instalações do aeroporto no prazo de 90 dias. Mas a ordem judicial não foi
cumprida, e o prazo de conclusão da obra já foi adiado por problemas técnicos
três vezes.
A última alteração ocorreu em dezembro do ano passado,
quando a Infraero estendeu a finalização da reforma até o dia 31 de março deste
ano. Antes, a entrega estava prevista para 31 de janeiro.
Com o prazo esgotado, a Justiça Federal intimou a Anac
e a Infraero a prestarem esclarecimentos sobre os trabalhos. A Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária justificou os atrasos alegando que a
empresa contratada para a reforma, a empresa contratada, E.P. Engenharia
Comércio e Representações Ltda., teve problemas no projeto executivo.
Questionada pelo Ministério Público, a E.P. Engenharia
alegou que a conclusão da obra aguardava a entrega dos projetos executivos com
especificações e anotações de responsabilidade técnica pela própria
Infraero.
A Infraero pediu ainda que o prazo fosse estendido
mais uma vez até o dia 26 de junho. Mas o MPF/MA não aceitou a proposta para
prorrogar novamente os prazos e buscou a Justiça Federal para tentar garantir a
conclusão da obra o quanto antes.
Números
4 empresas foram arregimentadas para acelerar as
obras
240 trabalhadores executam a obra atualmente
12,7 milhões é o valor estipulado para a execução da
reforma
Empresários maranhenses visitarão as obras do aeroporto de São Luís
Será o primeiro ato de entidades
empresariais que buscarão soluções para problemas causados pela reforma.
Um grupo de entidades empresariais visitará a obra do
aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado para cobrar providências da Infraero em
relação à reforma que está em andamento. O ato está marcado para segunda-feira,
às 9h. A decisão foi tomada ontem, em uma reunião na Federação das Indústrias do
Estado do Maranhão (Fiema).
Além da visita, ficou decidida a formação de um grupo
de acompanhamento da obra, formado por representantes da Fiema, Associação
Comercial do Maranhão (ACM), Associação Maranhense de Distribuidores Atacadistas
(AMDA), UFMA, Associação Maranhense de Supermercadistas (Amasp) e Convention
Bureau São Luís.
"A visita ao aeroporto marcada para a manhã de
segunda-feira será o primeiro ato público de um movimento empresarial para
pressionar pela resolução do problema do aeroporto da capital", afirmou o
presidente da Fiema, Edílson Baldez das Neves.
O movimento não se encerrará com a visita. Outras
ações também foram acordadas, entre elas a distribuição de um manifesto assinado
por empresários e entidades que participarão do ato de segunda-feira. "Vamos
acompanhar o andamento da obra e distribuir também um manifesto às autoridades
políticas maranhenses que atuam no estado e em Brasília", completou o presidente
da Fiema.
O movimento empresarial é resultado de uma articulação
que inclui, além da Fiema, duas federações, oito associações de classe, dois
sindicatos patronais, dois serviços nacionais, quatro empresas e uma
universidade.
Prejuízos - Durante a reunião, os empresários dos
diversos setores da economia maranhense colocaram em questão os problemas
causados e o impacto que pode haver na geração de novas oportunidades de
negócios.
"Temos diversos eventos, de alcance nacional, marcados
para a capital até junho e o aeroporto do jeito que está não atende à
expectativa do público esperado. Também corremos o risco de perder outros
eventos por causa dos transtornos causados ao turista já na chegada a São Luís",
ressaltou a presidente da Associação Brasileira de Empresas Organizadoras de
Eventos, Marizinha Raposo.
Eduardo Matar, que representou o Sindicato das
Empresas de Turismo do Maranhão (Sinditur), afirmou que é fácil vender o
Maranhão como destino turístico. "O duro é entregar o que temos hoje. O turista
já desembarca numa estrutura improvisada e isso provoca um choque neste cliente,
que chega sem conforto algum", destacou o empresário.
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