sexta-feira, 27 de abril de 2012

Assassinato de Décio é destaque no mundo


André Sales
Da equipe de O Estado

O assassinato do jornalista maranhense Décio Sá, repórter de O Estado, ocorrido segunda-feira (23), foi noticiado por jornais, agências e sites em todo o mundo. Matutinos respeitados em todo o planeta, como New York Times (USA), El País (ESP), Le Monde (FRA), Diário de Notícias e Correio da Manhã (POR) e Clarín (ARG) registraram o brutal homicídio do blogueiro no bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea.
Na Argentina, o Clarín teve como principal notícia, quarta-feira, a reportagem com o título “Matan a otro periodista en Brasil” (Matam outro jornalista no Brasil, em tradução livre). O jornal, o maior da América Latina, noticiou o fato chamando atenção por ser o quarto assassinato de jornalista no Brasil apenas neste ano, motivado por assuntos profissionais.“O assassinato de Sá ocorreu no mesmo dia da divulgação, na cidade espanhola de Cádiz, do relatório semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que destacou que, nos últimos seis meses, o Brasil registrou cinco crimes contra jornalistas, dos quais três foram motivados pela tarefa profissional das vítimas”, escreveu o diário argentino. Na reportagem, foram narrados todo o caso da morte de Décio e as primeiras ações da Secretaria de Estado de Segurança, desde as primeiras horas do crime, para tentar prender o assassino de Décio Sá.
O jornal lisboeta Correio da Manhã retratou o assassinato de Décio Sá em seu site e na edição impressa. Em território nacional, a repercussão se deu nos principais diários nos últimos três dias. Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo, Zero Hora e outros levaram o caso às suas páginas.
Zero Hora - Em um dos textos incisivos e fortes, o jornal Zero Hora posicionou-se duramente contra o ataque à democracia, como pode ser vista a execução de Décio Sá, em seu editorial publicado ontem (ver texto completo abaixo). “A vida de jornalistas não é mais valiosa do que a de nenhum cidadão, mas, quando um desses profissionais é vítima de intimidação, violência e assassinato, como tem se tornado frequente no Brasil, o efeito da agressão ultrapassa de forma particular a figura do agredido”, foram as palavras que representaram a opinião da direção do jornal.

Em carta, irmã do jornalista quer a elucidação do crime

Em resposta à dor e ao desconsolo que tem tirado seu sono, a professora Vilenir Sá redigiu uma carta aberta posicionando-se em tom de revolta ao assassinato de seu irmão, o jornalista Décio Sá, executado com seis tiros na segunda-feira ( 23) no Bar Estrela do Mar (Av. Litorânea). O texto foi lido durante o programa Ponto Final, com locução do radialista Roberto Fernandes, na emissora Mirante AM, na manhã de ontem.
Com um forte apelo social, a missiva intitulada Liberdade traz um relato sofrido de uma professora consciente que perdeu recentemente um ente querido em um ato bárbaro. Ela cobrou firmemente um posicionamento empenhado do Poder Público não apenas para a solução do crime que envolveu seu irmão, mas para toda a situação de violência na sociedade brasileira.
Em sua carta, Vilenir Sá defende o irmão como um homem que atuava na manutenção de um estado democrático. “Décio Sá, homem de coragem, que aprendeu na sua infância o respeito, a igualdade, a fé e o amor, educação fundamentada nos ideais de Jesus Cristo e da democracia, está morto, porque relatou tudo o que precisava ser banido de uma sociedade”, escreveu ela, que contou ter encontrado na escrita do texto um consolo para as últimas noites que tem passado em branco.
A professora Vilenir Sá descreveu o jornalista como um lutador, que buscou estudar, dedicou-se à família, sempre estudando, no colégio e na universidade. “Não desejo que ele seja lembrado como mais um que deu a vida por um ideal, mas como alguém que como muitos construiu e faz a história ser de todos”, declarou a irmã de Décio Sá, esboçando uma visão mais ampla, que conclamou jornalistas, educadores, governantes a buscar garantir o direto da vida, em uma sociedade democrática e livre: “Precisamos dar as mãos e defender o nosso povo maranhense, que mais parece viver no exílio, na escravidão, amedrontado como uma criança abandonada”, leu durante o programa.
Oração - Ao finalizar sua entrevista a Roberto Fernandes, Vilenir Sá pediu à população religiosa de São Luís - espírita, católica e evangélica – que rezasse pela paz da alma de Décio Sá e que todos fizessem uma corrente de fé para dar alívio ao sofrimento de sua família. A professora ainda convidou a todos a comparecem à missa de sétimo dia do jornalista, que será realizada domingo, às 9h, na Igreja da Sé, no centro de São Luís.
Em visita à Mirante AM, onde Décio Sá trabalhava integrando o corpo editorial do jornal O Estado, a professora Vilenir Sá foi recebida pela presidente do Sistema Mirante, Teresa Sarney; pelo diretor de Redação, Ribamar Corrêa, e pelo diretor de Mídias Eletrônicas, Rômulo Barbosa.

Caminhada homenageará Décio Sá

Amigos e admiradores do jornalista Décio Sá realizarão uma caminhada na terça-feira (1º) na Avenida Litorânea, em ato que clamará por justiça e paz. Indignados com o brutal assassinato do blogueiro, um grupo de admiradores e leitores resolveu levar às ruas uma ação contra a impunidade e banalização da vida.
Em carta publicada ontem na internet, eles afirmaram que a democracia, a cidadania e a paz foram alvejadas da mesma forma que Décio Sá, vítima de seis tiros de pistola .40. “O corpo da nossa sociedade foi igualmente ferido de morte”, foi escrito na nota. A sociedade ludovicense foi convidada para participar da manifestação, que vai se concentrar em frente ao Parque da Avenida Litorânea, no Calhau.
Em Caxias, foi proposta pelo vereador Ricardo Marques (PSB) uma manifestação silenciosa em memória ao jornalista Décio Sá. A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Caxias decretou, durante a sessão de quarta-feira, um minuto de silêncio em pesar pela morte do blogueiro.
Depois de completado o minuto de silêncio, o presidente da Casa, o vereador Ironaldo Alencar (PMN), declarou que o brutal assassinato de Décio Sá indignou e deixou perplexo todo o Maranhão.

Nenhum comentário: