domingo, 30 de outubro de 2011

Sarney desmente encontro de Roseana com Hugo Chávez e critica preconceito contra o Nordeste e Norte

Por Robert Lobato

Em artigo na sua coluna dominical, do jornal o Estado do Maranhão, o presidente do congresso desmente encontro entre a governadora Roseana Sarney, o ex-ministro José Dirceu e presidente da Venezuela, Hugu Chávez, conforme foi anunciado pela imprensa nacional.

Além de desmentir tal encontro da filha com o Chávez, O senador Sarney faz ainda uma contundente crítica do preconceito que a região Sudeste tem contra o Nordeste e o Norte.
De fato, existe quase uma perseguição doentia de setores da elite brasileira concentrada no Sudeste do país contra o nortistas e nordestinos. Para essas pessoas, nós servimos apenas para bater massa de cimento, dirigir ônibus ou limpar as ruas das grandes metrópolis do país.
Nessa “divisão nacional do trabalho” imposta pelos novos “barões” do sudeste, não cabem para a nossa região grandes investimentos públicos ou privados que promovam o desenvolvimento dos estados do Norte e do Nordeste.
Dessa vez não tem como discordar do Sarney. Veja:

A refinaria do Maranhão e o preconceito


Senador José Sarney


O preconceito contra o Nordeste e o Norte são difíceis de eliminar em determinada cultura do Centro Sul. Eu vivi isso na própria carne quando presidente da República. Um exemplo, o combate à construção da Ferrovia Norte-Sul. De maneira uníssona a chamada grande imprensa se uniu para combatê-la, chamando-a de estrada que “não leva o nada a coisa nenhuma”, repetindo dissera da Belém-Brasília quando foi aberta por Juscelino e considerada “estrada das onças”.
A Norte-Sul o faziam ter medo de que nossa região desenvolvesse um grande centro industrial e agrícola. Vamos abandonar a expressão “coisa nenhuma” como uma forma pejorativa de considerar o Norte, especialmente o Maranhão, Porto de Itaqui, onde ela começava. Com isso atrasaram o Brasil 20 anos. Hoje, todo mundo é favor da Norte-Sul, que graças ao presidente Lula é uma realidade, já chegando a Araguarina e até dezembro a Brasília. Deixei-a construída de São Luís até Porto Franco, e com 80% da ponte sobre o Tocantins acabada. Paradoxalmente, quando é para criticar, de lá saem vozes a denunciar a pobreza da região, quando é para aplicar recursos e fazer obras para acabar com essa mesma pobreza, há a campanha mais feroz.
Estes dias estamos vendo um fato de deixar a gente de boca aberta. Um grande jornal do Sul, a título de noticiar um empreendimento no Maranhão, publica uma mentira, comete uma barriga, como se diz na linguagem de jornal, criando uma novela de ficção, ao inventar que a governadora Roseana Sarney, acompanhada do ex-ministro José Dirceu, viajou à Venezuela e lá conversou com o presidente Chávez para fazer uma refinaria no Maranhão, toda financiada por ele, afastando a Petrobras.Nada mais falso. A Venezuela associou-se à Petrobras para construir em Pernambuco uma refinaria de nome Abreu e Lima, e até hoje não entrou com um tostão, obrigando a Petrobras a tocar a obra,que está adiantada, por conta própria. Foi tudo retórica e marketing do presidente venezuelano.
A refinaria do Maranhão, um projeto da Petrobras, esta sim, já está em fase de construção, com a terraplanagem em grande parte concluída, dentro do cronograma. Há alguns dias, o ministro Edison Lobão visitou-a em companhia da governadora Roseana e presenciou a revolução em andamento na região de Bacabeira. Todos desmentiram a novela criada pelo jornal.
Mas o que há por trás disso tudo? O interesse é criar uma tensão com a Petrobras, como se o governo do Maranhão estivesse atrás de outras soluções e, portanto, desconfiando da obra da Petrobras. E, mais ainda, atingir-me e colocar-me em situação embaraçosa porque todo o Brasil sabe as críticas que tenho feito ao presidente da Venezuela no que se refere a direitos civis e de expressão e, agora, minha filha, por trás, negocia com Chávez uma refinaria sem que a Petrobras saiba. E ainda mais o atestado de desinformação de todos nós, de Roseana, Lobão e eu, de sabermos que, para trazer para o Maranhão uma refinaria já foi um trabalho hercúleo, no qual devemos proclamar a guerra que teve de enfrentar o ministro de Minas e Energia para essa solução, que dirá duas refinarias! Seria muita tolice.
Por trás disso está o desejo de tumultuar a construção de nossa refinaria. O Governo do Maranhão desmentiu essa viagem fantasma da governadora do Maranhão, esse assunto sem pé nem cabeça, mas o jornal não publicou nada e, ao contrário, aumentou a novela dizendo que Chávez tinha vindo ao Maranhão em 2008 para tratar da refinaria. Todos sabemos que a viagem de Chávez ao Maranhão foi uma viagem política, a convite do governador Jackson Lago, que teve a participação do MST, para me fazer picuinhas pela posição que eu tinha tomado contra algumas medidas do seu governo que eu considerara antidemocráticas. Até mesmo o Embaixador da Venezuela, ontem, desmentiu essa novela de ficção dizendo “nada tinha de verdade nessa história”.
Veja-se como é difícil trabalhar-se pelo Norte e Nordeste. Até mesmo nas obras em andamento, sob a capa de inocente notícia, está um brutal desejo de prejudicar o Maranhão e boicotar a nossa Refinaria. A vigilância tem de ser diária, porque o conservadorismo retrógrado de alguns setores nacionais tem a visão de que nossa região foi feita apenas para ser mercado colonial do Centro-Sul e exportador de mão de obra barata para eles. Enfim, uma nova espécie de escravidão.
Nossa refinaria é nossa, com a Petrobras, e nada tem com a Venezuela.

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