sábado, 7 de maio de 2011

Em nome do Mestre Vieira

Em nome do Mestre Vieira


Carla Melo

Do Alternativo

Antônio Vieira, do alto de sua sabedoria, dizia sempre: “Comigo, não tem mosquito”. Com isso queria dizer que, a depender dele, tudo estava bem, não tinha problema. Dono de um estilo único, autor de letras simples e leves, Antônio Vieira deixou mais de 400 músicas compostas, a maioria, ainda inéditas. O mestre, como carinhosamente fora chamado ainda em vida, faria aniversário no dia 9 de maio, amanhã. A data foi instituída, pela Lei Municipal nº 5.328, como “Dia do Tributo à Vida e Obra do Mestre Antônio Vieira”.

Seu modo “sem mosquito” de ser se refletiu em sua obra, cheia de imagens musicais da Ilha que amava. Cantou como ninguém o tambor de crioula, o samba, a mina e o folclore maranhense.

A aparência franzina do velho mestre escondia o poeta, versejador das coisas que mais gostava. Passou boa parte da vida no anonimato até ser (re) descoberto por Rita Ribeiro que gravou, em 1998, músicas como “Tem quem queira” e “Cocada”. Com essa última, ela foi indicada ao prêmio de melhor canção no prêmio Sharp de Música daquele ano.

A partir daí, a obra do mestre se disseminou no cancioneiro brasileiro, que valorizou um dos maiores nomes da música local. A consagração nacional veio em 2004 com a novela “Da cor do pecado”, exibida pela Rede Globo e que tinha o Maranhão como pano de fundo. As músicas “Tem quem queira” e “Banho Cheiroso” fizeram parte da trilha sonora do folhetim.

É para homenagear essa figura, que morreu em abril de 2009, aos 88 anos, que amigos e admiradores da obra de Vieira farão amanhã dois eventos: o primeiro reunirá, a partir das 20h, no Clube do Jipe (Calhau), grandes nomes da música maranhense em um show comandado pelos músicos e amigos de Vieira, Adelino Valente e Arlindo Carvalho. O segundo será o “Sermão Antôniológico do Velho Moleque”, que acontecerá, às 18h, no Centro Matroá (Praia Grande) e terá, na programação, música, exposição de obras de arte, exibição de DVD e roda de samba (ver correlata).


Em lembrança - Os amigos e parceiros musicais Adelino Valente e Arlindo Carvalho trazem na memória a imagem do artista que conheceram, a princípio, não como compositor, mas como percussionista. Ao lado de Vieira no extinto Regional Tira Teima, fundado no fim da década de 1970 e que durou até meados da década seguinte, os parceiros só conheciam os talentos do músico Antônio Vieira. “Só vim ter conhecimento das composições dele algum tempo depois e logo as achei muito bonitas. Disse para ele que faria um CD com aquelas composições e o projeto saiu em 1986, foi o CD ‘Antôniologia’, do qual participaram 16 intérpretes”, relembra Adelino Valente.

Para prestar a homenagem, os artistas dividiram o show em três partes: a primeira será a participação de intérpretes como Célia Maria, Léo Espirro, Lena Machado, Luís Mochel, Léo Capiba, Cláudio Lima, Rogéryo du Maranhão, Ana Cláudia, Zé Carlos, Zeca do Cavaco, Josias Sobrinho, Chico Saldanha, entre outros que cantaram músicas de Vieira no “Antôniologia”. Eles serão acompanhados por uma banda formada por Adelino Valente (piano e direção musical do show), Antônio Paiva (baixo), Arlindo Carvalho (percussão) e Rogério Leitão e Flaming (bateria).

A seguir, será a vez do grupo formado por Celson Mendes e Arlindo Carvalho, que tocaram com mestre Vieira, apresentarem composições do mestre interpretadas por artistas presentes. Para fechar a noite, o Grupo Urubu Malandro, ultimo do qual o mestre participou e no qual permaneceu até sua morte, dará aos presentes mais da obra de Antônio Vieira.

“Todos éramos amigos do Vieira, parceiros musicais”, diz. “A principal característica deste evento é a amizade”, frisa Arlindo Carvalho. A primeira edição desse show ocorreu ano passado, no Teatro Arthur Azevedo, e foi um grande sucesso.


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