27/03/2011
São Luís pode estar sendo mal asfaltada
Da equipe de O Estado
Os motoristas de São Luís não têm como evitar cair nos buracos e ainda são obrigados a enfrentar as irregularidades da pavimentação asfáltica de ruas e avenidas. Questionado se já teve problemas no carro por causa dos buracos nas vias de São Luís, o advogado Herberth Rodrigues retrucou: "quem não teve? Já tive várias rodas empenadas, até as de liga leve. A cada seis meses, gasto em média R$ 1 mil com pneus e suspensão. Não tenho opção, ou é isso, ou terei gastos maiores no futuro", reclamou. Para o professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) Walter Canales Sant'ana, porém, o problema da capital não é o asfalto, que ele explica ser de boa qualidade.
Os motoristas de São Luís não têm como evitar cair nos buracos e ainda são obrigados a enfrentar as irregularidades da pavimentação asfáltica de ruas e avenidas. Questionado se já teve problemas no carro por causa dos buracos nas vias de São Luís, o advogado Herberth Rodrigues retrucou: "quem não teve? Já tive várias rodas empenadas, até as de liga leve. A cada seis meses, gasto em média R$ 1 mil com pneus e suspensão. Não tenho opção, ou é isso, ou terei gastos maiores no futuro", reclamou. Para o professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) Walter Canales Sant'ana, porém, o problema da capital não é o asfalto, que ele explica ser de boa qualidade.
Herberth Rodrigues não é o único. A assessora Adriana Estrela já sentiu no bolso os gastos com o carro por causa dos buracos. "Não dá para ter carro bom em São Luís. Rapidinho ele fica desbalanceado. Já tive de trocar os pneus de um carro praticamente novo. No Cohafuma, as vias estão cheias de buracos. Podem até tapá-los, mas na primeira chuva eles voltam a aparecer", criticou. A estudante Kátia Almeida também reclamou do trabalho de pavimentação. "Eles têm de fazer um serviço bem-feito, caso contrário a chuva acaba com tudo", ressaltou. Como Adriana Estrela e Kátia Almeida, muitos motoristas questionam a qualidade do asfalto da capital maranhense.
O professor da Uema Walter Canales Sant'ana é engenheiro civil pela Universidade Mackenzie (SP), mestre em Infraestrutura Viária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), e afirmou que o asfalto utilizado na maioria das vias de São Luís é de boa qualidade, diferentemente do que acreditam os motoristas.
"Digo aos meus alunos que o asfalto usado em São Luís, e na maioria das obras do Maranhão, é de boa qualidade. Provém da refinaria Lubnor, da Petrobras, em Fortaleza, cuja planta é propícia para obtenção da fração pesada do petróleo, ou seja, o asfalto. A grande maioria das refinarias do Brasil tem como objetivo a obtenção dos derivados leves do petróleo, ou seja, gasolina, diesel, querosene, e, para tal, requerem petróleos mais leves, que não são os melhores quando se busca um asfalto de qualidade. Definitivamente, o asfalto não deve ser mais "crucificado" no Maranhão. Outros estados gostariam de receber o asfalto que vem para cá, porém, a distância do transporte inviabiliza esta aquisição", ressaltou.
Erro - Walter Canales Sant'ana explicou que o pavimento é uma estrutura de camadas geralmente composta de sub-base, base e revestimento. O que é visto nas ruas é apenas a última camada, chamada, de modo errado, de "asfalto".
O mais correto, afirmou o professor, seria chamar de revestimento asfáltico. Em São Luís, as irregularidades e buracos na infra-estrutura viária podem estar relacionados a vários fatores. "O aparecimento de irregularidades e buracos está associado a um ou mais dos seguintes fatores: dimensionamento errado do pavimento ou, muitas vezes, falta de dimensionamento; materiais usados em uma ou mais camadas sem as condições técnicas adequadas (definidas por normas específicas); obras executadas de modo errado ou sem cumprir as especificações técnicas também definidas em normas, seja no que diz respeito aos equipamentos ou aos procedimentos; e, por fim, falta de manutenção adequada aos pavimentos em operação", pontuou.
Segundo o engenheiro, para que a pavimentação tenha uma vida útil mais duradoura, é necessário que seja executada uma drenagem superficial e/ou subterrânea, que possibilite que o contato da água com o revestimento, ou demais camadas do pavimento, seja nulo ou mínimo. "A existência de um sistema de drenagem eficiente garante pavimentos com mais vida útil, desde que bem dimensionados e executados", destacou.
Uma alternativa para o revestimento asfáltico seria o de concreto de cimento Portland, que necessita de menos manutenção. "O revestimento de concreto de cimento Portland tem um custo inicial maior do que pode ser recuperado a médio ou longo prazo, se considerarmos que requer menos intervenções de manutenção que o pavimento flexível, ou seja, aquele que contempla uma mistura asfáltica como revestimento. Agora, caso não tenhamos conformidades no dimensionamento, nos materiais, na execução ou na manutenção, também ocorrerão irregularidades nesse tipo de pavimento", explicou.
Mais
3.000 a.c. Foi quando surgiu o asfalto. Inicialmente, ele era usado para conter vazamentos de águas em reservatórios, passando, pouco tempo depois, a pavimentar estradas no Oriente. Nesta época, ele não era extraído do petróleo, mas sim feito com piche retirado de lagos pastosos.
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