terça-feira, 8 de março de 2011

É carnaval na ilha da alegria

Reggae, funk e axé sacodem foliões na Avenida Litorânea

 
Reggae, funk e axé sacodem foliões na Avenida Litorânea
 
Bruno Gouveia
Da equipe de O Estado
 Marchinhas, axé, reggae, música eletrônica e até funk animaram os foliões na noite de folia de Domingo Gordo no novo palco do Carnaval de São Luís, a Avenida Litorânea.
“A primeira vez que eu te encontrei minha boca riu, eu me senti um rei”. Nos versos da marchinha do bloco Bandida, os foliões abriram a noite de Carnaval, em um dos vários trios elétricos que percorreram a orla da Praia de São Marcos.
“Reunir tanta diversidade musical em um espaço aberto como a praia é estimulante para os brincantes e para os músicos que organizam os blocos”, disse o percursionista Mário Linha.
Aproximadamente oito trios animaram os foliões até o início da madrugada. O ritmo forte do Axé baiano marcou o Bloco Sem Limite, que arrastou centenas de foliões.
Um dos momentos de grande surpresa foi a presença de Kevin Isaacs, no Bloco GDAM. Ele é filho do regueiro jamaicano Gregory Isaacs. “É uma novidade a reunião de ritmos no período do Carnaval. É gratificante saber que o reggae tem seu espaço e é tão bem recebido por todos aqui em São Luís”, declarou Kevin Isaacs.
“O Carnaval é tradição e democrático. Pela primeira vez, a festa é de todos com muita alegria”, disse a foliona que seguiu o GDAM, Kátia Lima.
Animação - Os Blocos Boneco Guelo e Jegue Folia levantaram a multidão, que da concentração dos blocos até a chegada ao palco montado também na Avenida Litorânea, não deixaram ninguém parado.
“O Carnaval de bloco de São Luís é o exemplo maior da tradição de nossa festa. O público consegue abusar da criatividade”, disse o músico do Jegue Bruno Dias.
Fantasiada de Mulher Maravilha, a comerciante Silvana Chagas Dora revelou que desde criança é costume de toda família sair fantasiada no Carnaval. “Todos os anos a família se reúne para escolher a fantasia. A diversão já começa na confecção da roupa”, disse.
Vestido de Fantasma da Ópera, João Pedro, chamou atenção dos brincantes da Litorânea. “Foi de última hora que escolhi a fantasia, mas o pessoal gostou e também é confortável para brincar”, acrescentou.
O Bloco da Confraria do Copo inovou no trio elétrico e animou os brincantes no ritmo do funk carioca e da música eletrônica. “Não importa a música, o público quer dançar e se divertir. O que importa é se a música é boa para animar a noite toda”, disse um dos diretores de bloco Luís Costa.
Palco – O ponto alto da festa na Litorânea foi a chegada da turma dos Vagabundos do Jegue e do Bicho Terra. As músicas já consagradas pelo público maranhense empolgaram os foliões que entraram a madruga na folia momesca.
“O Bicho Terra não pode faltar em nenhuma festa no Maranhão. Pode ser Carnaval, São João e Ano Novo. O Bicho é a cara do Maranhão”, saudou a foliona Maria Cruz, que já estava no seu segundo dia de Carnaval na Litorânea.
Os Vagabundos do Jegue não deixou ninguém descansar na pista e nos camarotes da Avenida Litorânea. A madrugada seguiu com as bandas baianas Saripa e Bandallo. “Esse é o melhor Carnaval dos últimos anos. É festa para todos os gostos”, comemorou Maria Cruz.

Mistura de ritmos atrai multidão para o circuito de rua do Centro

Mistura de ritmos atrai multidão para o circuito de rua do Centro
 
Jock Dean
Da equipe de O Estado
 Localizado no centro de São Luís, o bairro Madre Deus concentrou milhares de foliões no Domingo de Carnaval. Eles acompanharam o desfile de atrações típicas da folia maranhense na qual a mistura de ritmos e estilos dita a festa. Diversos grupos se apresentaram.
Com 80 ritmistas, os “Caçadores de sonhos” e “Os Originais do Ritmo” foram os primeiros a descerem pela Rua do Passeio em direção à Madre Deus, seguidos pela Jardineira de Chiquinho França, que mostrou o que tradicionalmente se canta no Carnaval do Maranhão. Mostrando “A saga dos tambores do Bairro de Fátima”, os 200 integrantes do bloco afro Abibimã percorreram o circuito destacando a percussão afro, mas com tradição baiana.
Transformando a Rua do Passeio em corredor cor-de-rosa, “Os Magnatas” também fizeram parte da festa. Bruxas e fofões na Jardineira de Mestre Pinto abriram alas para os “Garotinhos Beleza”, que dançaram o afoxé baiano no passo do reggae da Jamaica Brasileira. Bloco tradicional, com batida afro, “Os Trapalhões” desfilaram os “Quilombos de São Luís e seus Zumbis”.
Atenta a tudo, a governadora Roseana Sarney acompanhou o cortejo do circuito Deodoro/Madre Deus mostrando-se animada com o som dos tambores dos blocos e com os foliões que paravam no meio do corredor da folia para demonstrar sua aprovação ao Carnaval da Tradição. “O governo investe no Carnaval, e também na segurança da festa e toda a família pode brincar com tranqüilidade", afirmou.
O presidente do Senado, José Sarney, também acompanhou a beleza da festa popular em São Luís. Segundo ele, o Carnaval do Maranhão é um dos mais animados do país. "No Maranhão, o Carnaval alia a tradição e a modernidade em uma grande festa popular", afirmou.
Tradição - No Ponto do Gavião, os “Ritmistas Unidos da Madre Deus” mostravam por que o bairro homônimo é considerado por muitos o berço do samba na capital. Brincante, folião e morador do bairro, Arnaldo Vasconcelos, 65 anos, destacou a importância da Madre Deus como ponto de cultura na cidade. “Na minha infância, aprendíamos a fazer máscaras de fofões em papel machê, instrumentos musicais com latas de leite e outros materiais. A tradição do Carnaval do Maranhão está aqui”, afirmou.
Bloco alternativo, com batida afro, o “Não Enxiriza Malandro” agitou quem se divertia na Praça da Saudade. Ponto mais africano do Carnaval de São Luís, o Beco das Minas foi dominado pelas tribos de índio e sua batida inspirada nos rituais de cura dos pajés. De lá, “Os Tupinambás de Iguaíba” arrastaram os foliões para a Vila Gracinha, onde “A majestosa África Negra” foi cantada por “Os Vigaristas”. No Ponto de Fuga, o “Verde das Matas” da “Companhia do Ritmo” dava o tom da alegria.
Manifestação presente em todas as festas populares do estado, o tambor de crioula atraiu turistas para o Ponto do Meio, como o grupo de amigos vindo de Santa Catarina pela primeira vez à capital maranhense. “Sempre ouvíamos as pessoas dizer que o Carnaval daqui é diferente, mas não tínhamos a noção do quanto”, observou Allan Olsen.
Shows - Fechando o circuito, o Ceprama recebeu diversos artistas locais em shows que foram acompanhados até por super-heróis como o Homem de Ferro, personificado pelo folião Rony Star. “O ruim é ter de andar no meio desse povo todo vestido assim, mas é Carnaval, tempo de extravasar”, disse.
Ao longo das ruas do Passeio, do Norte e São Pantaleão, muitos foliões aproveitaram para curtir a festa dos terraços e sacadas de suas casas por causa do maior conforto e segurança que os locais propiciam. Houve ainda quem transformou sua residência em um pequeno ponto de comércio de bebidas e comidas aproveitando para faturar um dinheiro extra nos dias de folia.
Com 1.346 policiais espalhados em 12 barreiras ao longo das ruas do circuito Deodoro/Madre Deus, o mais policiado deste Carnaval, nenhuma ocorrência ou apreensão de armamento e substâncias entorpecentes foi registrada durante o domingo. Na entrada de cada ponto de folia do centro de São Luís, foliões eram revistados e tendo que deixar garrafas de vidro, utensílios de metal ou outro material cortante nos postos de coleta antes de seguirem os cortejos.

Artes e bumba-boi na avenida

Artes e bumba-boi na avenida
 
Yane Botelho
Da equipe de O Estado
 Na primeira noite de desfiles das escolas na Passarela do Samba, domingo, os ânimos ficaram mais quentes com a entrada da Turma do Quinto, uma das escolas favoritas ao título deste ano. Logo no início do desfile, parte da diretoria da agremiação se desentendeu com a comissão organizadora por causa do cronômetro, que começou a contar o tempo antes do horário combinado. O presidente Alex Sandro solicitou que o relógio fosse zerado para a entrada da escola. O pedido recebeu apoio do público. O desentendimento provocou atraso de cinco minutos na continuidade dos desfiles.
Foi então o momento de a arquibancada ficar extasiada, graças ao samba apresentado pela Turma do Quinto. Com 13 títulos, a agremiação homenageou a cultura popular maranhense com o enredo “Maranhão, Praia Grande das Artes”, composto por Zé Pereira Godão e pelo secretário estadual de Cultura, Luís Bulcão. As alegorias foram desenvolvidas pelos carnavalescos Sebastião Rodrigues Júnior e Alain Moreira Lima.
Com 4 mil componentes e cinco carros alegóricos, a Turma do Quinto conquistou a platéia antes mesmo do início do desfile, ao distribuir chapéus em forma de guarda-chuva nas cores da escola, azul e branco. Os cantores Gabriel Melônio, Adão Camilo e Vovô, da Turma do Quinto, puxaram o samba acompanhado da bateria comandada por mestre Wilson John. A comissão de frente apresentou fantasia luxuosa e coreografia arrojada.
A ala que homenageou o cinema chamou a atenção do público. Segurando câmeras filmadoras, os componentes fingiam filmar a platéia. O presidente da Fundação Municipal de Cultura e cineasta, Euclides Moreira Neto, causou surpresa desfilando pela Turma do Quinto. Ex-diretor da Favela do Samba, uma das principais concorrentes da agremiação, representou o cinema local na passarela.
Mesmo após encerrar seu desfile, o Quinto provocou mais uma polêmica. Um carro alegórico foi abandonado pela escola na área da concentração, provocando um atraso de aproximadamente meia hora no desfile da agremiação seguinte.
Inovação - Com o desfile mais inovador da noite, a Favela do Samba tocou bumba-meu-boi no Carnaval. A escola chamou atenção ao incorporar ao samba o ritmo característico das festas juninas maranhenses. Instrumentos como o tambor-onça – espécie de cuíca que imita o urro do boi ou da onça – foram agrupados à bateria. Em certos momentos, o ritmo do samba dava lugar à música e dança do bumba-meu-boi. O enredo conseguiu superar o desfile de 2010.
Para contar a história do boi como elemento sagrado e figura folclórica, a Favela do Samba buscou inspiração em diversas culturas. O enredo foi contado com a ajuda de carros cheios de efeitos e alas coreografadas. Bastante teatral, a comissão de frente trouxe uma réplica da montanha onde Moisés recebeu os 10 mandamentos judaico-cristãos, durante a fuga do Egito. De dentro da estrutura, saíam os elementos surpresas: o bezerro de ouro que, adorado pelos israelitas, provocou a fúria de Moisés, levando-o a quebrar a “Tábua das Leis”.
Um dos carros alegóricos homenageou a índia, onde o boi é considerado animal sagrado. O enredo também aportou na Europa, onde durante as touradas o boi é a estrela maior, principalmente na Espanha. A ala dos toureiros apresentou uma bela coreografia. A festa do Boi Bumbá também foi representada na avenida. Por último foi apresentada a festa do bumba-meu-boi do Maranhão.

Joãosinho Trinta elogia as escolas


O carnavalesco Joãosinho Trinta acompanhou o primeiro dia de desfiles das escolas de samba de São Luís ao lado da governadora Roseana Sarney e do prefeito João Castelo. O maranhense que fez carreira no Carnaval carioca elogiou as escolas locais pelo esforço, beleza e criatividade.
Trinta afirmou que estava muito feliz em assistir ao desfile das escolas locais. “A animação das escolas é um esplendor. Muitas alegorias chamam atenção, há fantasias muito luxuosas, porém, sobretudo, há a criatividade”, analisou.
Já Roseana Sarney aproveitou a festa para se divertir. Apesar de torcer pela escola Flor do Samba, afirmou que pretendia ver todas as escolas executarem um belo desfile. “A população está orgulhosa de sua festa, está tudo muito bonito. Todos estão podendo brincar com segurança. Muitos ritmos, muitas cores, essa é a marca do Carnaval da Tradição”, disse.
João Castelo também elogiou as escolas de samba e agradeceu a São Pedro por ter dado uma trégua na chuva. “As apresentações estão excelentes. O Carnaval está bem tranqüilo. São Pedro não fez chover na passarela e isso deixou a festa mais bonita”, destacou.

Favela e Quinto agitam a Passarela

Favela e Quinto agitam a Passarela
 
Yane Botelho
Da equipe de O Estado
 Grandes carros alegóricos, fantasias luxuosas e criatividade encantaram o público na primeira noite de apresentação das escolas de samba do Carnaval de São Luís. Cinco agremiações mostraram seus enredos no Anel Viário. A Favela do Samba e a Turma do Quinto foram destaque na disputa. O carnavalesco Joãosinho Trinta compareceu ao sambódromo e acompanhou o desfile no camarote oficial ao lado da governadora Roseana Sarney e do prefeito João Castelo.
Cerca de 9 mil pessoas lotaram as arquibancadas durante a passagem das cinco agremiações escaladas para abrir a festa. As escolas contaram história de povos e culturas e renderam homenagens a músicos e poetas. Houve também queda de energia, confusão, atraso e bate-boca. Um problema nos refletores fez a Turma do Quinto desfilar por 15 minutos na escuridão da passarela. Um carro alegórico quebrado da mesma escola foi abandonado, impedindo a passagem e provocando atraso do desfile seguinte. Melhor para a Favela do Samba, que distribuiu bandeiras e levantou o público com uma mistura de samba e bumba-meu-boi.
A Túnel do Sacavém, da Vila Palmeira, abriu o desfile, às 21h45. Com o samba-enredo “A Madre Deus e seus poetas: entre festejos e festanças”, a escola homenageou a cultura de um dos bairros mais tradicionais de São Luís. As alegorias deram destaque às manifestações culturais que acontecem no local, como Festa de São Pedro e o tambor de crioula. Já a bateria fez uma homenagem ao “Fuzileiros da Fuzarca”, o mais antigo bloco de rua de São Luís, com 75 anos de existência.
“De trem” - Segunda escola a desfilar, a Unidos de Ribamar fez um grande desfile com cerca de 2 mil componentes. A agremiação encantou o público com o samba-enredo “Piuí! Piuí! São Luís a Carajás, no vai e vem do leva e trás”, que tinha boa melodia e o apoio de versos de fácil memorização. O desfile deu destaque às riquezas transportadas diariamente nos trilhos da ferrovia Carajás. O carro abre-alas trouxe uma locomotiva que soltava fumaça na avenida. As alegorias mostraram diversos elementos das principais cidades por onde o trem passa, entre eles um carro em formato de melancia, em referência ao município de Arari, uma das principais paragens existentes ao longo de 892 quilômetros de ferrovia. A grande atração foi o intérprete Vovô, Luís Carlos Pinheiro, que, após 27 anos na Favela do Samba, estreou na escola ribamarense.
Exaltando sua própria história, a Turma de Mangueira, a mais antiga escola de samba do Norte e Nordeste brasileiro, mostrou na passarela seus 82 anos de fundação. Com 3 mil componentes, 15 alas e dois carros alegóricos, a terceira escola da noite revisitou seus antigos enredos e seus principais personagens por meio do samba-enredo “Mangueira: berço do samba na melhor idade”, composto por Paulo Felipe e Kléber Costa. A comissão de frente levou escudos cobertos por cortinas que, quando descobertas, formavam o nome da escola.

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