No início da colonização brasileira, as terras do Maranhão não foram ocupadas pelos portugueses (apesar de duas expedições feitas nesse sentido terem terminado tragicamente), e por isso os franceses começaram a se interessar por elas. O primeiro deles que chegou foi o pirata Jacques Riffault, que por aqui esteve com uma armada de três navios (1594), retornou ao seu país e voltou mais tarde com alguns colonos.
Em 1612 foi à vez do navegador Daniel de La Touche, o Senhor de La Ravardiére (1570-1631), que com o título de vice-almirante do Brasil aportou em uma ilha do litoral centro-norte daquele estado e ali construiu um forte ao qual deu o nome de São Luís, em homenagem ao rei infante da França, Luís XIII.
Mas três anos depois, em 1615, o capitão-mor do Pará, Jerônimo Fragoso de Albuquerque (?-1619), comandou a expedição que partiu de Pernambuco com a missão de expulsar os invasores franceses, derrotando-os após alguns combates sangrentos.
Conta à lenda que num deles, travado em 19 de novembro de 1615, diante do forte de Santa Maria de Guaxenduba, a situação dos portugueses era crítica, não só em virtude de sua inferioridade numérica, mas principalmente porque lhes faltavam as armas e munições com que poderiam sustentar suas posições e depois arremeter sobre os inimigos. Em determinado instante, quando o ânimo dos soldados lusitanos havia atingido o seu ponto mais baixo, surgiu entre eles uma formosa mulher irradiando luz brilhante, e ela, com suas mãos, passou a transformar a areia em pólvora e o cascalho em balas. Diante disso, os combatentes de Jerônimo de Albuquerque se reanimaram e acabaram infligindo aos franceses uma severa derrota, e a estes só restou, então, o recurso da rendição.
Este feito militar foi comemorado com o entusiasmo que merecia, e mais tarde, para que sua lembrança não se apagasse e caísse então no esquecimento popular, a Virgem foi aclamada como padroeira da cidade de São Luiz do Maranhão, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória.
O relato histórico desse acontecimento está presente no livro “Histórias da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará”, de 1759, escrito pelo padre José de Moraes, no qual, em determinado trecho, ele diz que “Foi fama constante, e ainda hoje se conserva por tradição, que a virgem Senhora foi vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo o tempo do combate”.
O escritor maranhense Humberto de Campos (1886-1934) celebrou esta lenda no soneto intitulado “O Milagre de Guaxenduba”, cujos versos são os seguintes:
O relato histórico desse acontecimento está presente no livro “Histórias da Companhia de Jesus na Extinta Província do Maranhão e Pará”, de 1759, escrito pelo padre José de Moraes, no qual, em determinado trecho, ele diz que “Foi fama constante, e ainda hoje se conserva por tradição, que a virgem Senhora foi vista entre os nossos batalhões, animando os soldados em todo o tempo do combate”.
O escritor maranhense Humberto de Campos (1886-1934) celebrou esta lenda no soneto intitulado “O Milagre de Guaxenduba”, cujos versos são os seguintes:
Na trincheira, em que o luso ainda trabalha,
A artilharia, que ao francês derruba,
Por três bocas letais pragueja e ralha.
O leão de França, arregaçando a juba,
Saltou. E o luso, como um tigre, o atalha.
Troveja a boca do arcabuz, e a tuba
Do índio corta o clamor e o medo espalha.
Foi então que se viu, sagrando a guerra,
Nossa Senhora, com o Menino ao colo,
Surgir lutando pela minha terra.
Foi-lhe vista na mão a espada em brilho...
Pátria, se a Virgem quis assim teu solo,
Que por ti não fará quem for teu filho?
A catedral de São Luís foi construída pelos padres jesuítas no ano de 1762, em homenagem a Nossa Senhora da Vitória.
do blog Dom Severino
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